Governo chinês pretende injetar 6 trilhões de yuans na economia. Apesar do anúncio, investidores continuam preocupados com a falta de informações claras.
A China, maior economia emergente do mundo, parece pronta para tomar medidas drásticas em uma tentativa de reverter a desaceleração econômica que tem preocupado os mercados globais.
No entanto, enquanto a notícia de um pacote fiscal trilionário circula, muitos detalhes permanecem obscuros, deixando investidores cautelosos e levantando dúvidas sobre a real eficácia dessas ações.
O que Pequim está realmente planejando para evitar um colapso econômico?
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Segundo informações recentes da mídia local, a China pode emitir quase 6 trilhões de yuans, equivalentes a cerca de US$ 850 bilhões, cerca de R$ 4,7 bilhões, em títulos especiais do Tesouro ao longo dos próximos três anos.
Essa medida visa injetar capital na economia, que vem sofrendo com um crescimento abaixo das expectativas.
Apesar da magnitude dessa proposta, o anúncio não foi suficiente para animar os mercados de ações do país, que esperavam mais detalhes sobre a implementação e os efeitos a curto prazo.
Fontes ligadas ao governo afirmaram que o valor seria direcionado, em parte, para ajudar governos locais a lidar com suas dívidas não contabilizadas.
Ainda assim, a ausência de um cronograma claro frustrou os investidores.
O ministro das Finanças da China, Lan Foan, havia prometido um aumento significativo na dívida, mas não forneceu informações específicas sobre quando e como essas medidas serão executadas.
Especulação nos mercados e desconfiança
A expectativa em torno do pacote fiscal chinês tem gerado intensa especulação nos mercados financeiros.
As ações chinesas chegaram a atingir um pico de dois anos após os rumores sobre o estímulo, mas rapidamente recuaram devido à falta de detalhes oficiais.
Para analistas, como Xing Zhaopeng, do ANZ, a economia chinesa ainda pode alcançar uma taxa de crescimento de cerca de 5%, desde que o governo execute de forma eficiente o novo estímulo.
“Para uma taxa de crescimento de 5%, isso deve ser suficiente”, afirma Zhaopeng.
Os desafios para o crescimento da China
Apesar da projeção otimista, os dados econômicos recentes são preocupantes.
Relatórios sobre a balança comercial e novos empréstimos, especialmente os números de setembro, ficaram abaixo das expectativas, levantando dúvidas sobre a capacidade da China de atingir a meta de crescimento de 5% em 2024.
O terceiro trimestre deve registrar um crescimento de apenas 4,5%, uma queda em comparação aos 4,7% do segundo trimestre.
Uma recuperação, no entanto, é esperada para o final do ano, com o estímulo impulsionando a economia para um crescimento de 4,8% ao longo de 2024, segundo uma pesquisa da Reuters.
Além disso, a China enfrenta pressões deflacionárias, o que pode dificultar ainda mais o cenário de recuperação.
As autoridades, cientes desses riscos, anunciaram medidas de apoio ao setor imobiliário e políticas monetárias no final de setembro, numa tentativa de fortalecer a economia.
Em uma reunião do Politburo, os líderes do Partido Comunista reafirmaram seu compromisso com os “gastos necessários” para retomar o crescimento.
Dívida crescente e pressão sobre os governos locais
De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a dívida pública total da China, incluindo governos locais, alcançou 16 trilhões de dólares, o que representa 116% do PIB do país.
O governo central tem resistido a aumentar significativamente sua alavancagem, mas a pressão para estimular a economia pode forçar Pequim a rever essa postura.
Segundo Xia Haojie, analista da Guosen Futures, sem uma ação decisiva do governo central, o investimento privado pode continuar fraco, à medida que os governos locais estão sobrecarregados por dívidas massivas e as empresas enfrentam dificuldades em meio a uma economia em desaceleração.
A incerteza sobre o futuro da China
Com uma possível emissão de 6 trilhões de yuans em títulos e a expectativa de crescimento ainda em 5% para os próximos anos, a China está em uma encruzilhada econômica.
Embora o estímulo fiscal seja uma estratégia essencial para evitar a desaceleração, os mercados continuam céticos quanto à eficácia dessas medidas sem um plano detalhado de execução.
Os investidores esperam que Pequim revele, em breve, mais informações sobre como pretende utilizar esse montante gigantesco e quando os resultados começarão a aparecer.
A grande pergunta agora é: será que o governo chinês conseguirá estimular a economia de forma eficaz ou o peso da dívida pública vai afundar as expectativas de crescimento?