China faz alerta a empresas estrangeiras sobre estoques de terras-raras. Pequim reforça controle sobre exportações e pressiona compradores internacionais a evitar reservas estratégicas
A notícia de que a China faz alerta a empresas estrangeiras para não acumularem estoques de terras-raras movimentou o mercado global nesta semana. Segundo apuração do O Globo com agências internacionais, autoridades chinesas têm restringido volumes aprovados para exportação, numa tentativa de evitar que companhias de fora do país formem grandes reservas desses metais.
Esse alerta surge em um momento delicado da disputa comercial entre Pequim e Washington. A China domina cerca de 90% da produção mundial de terras-raras e 94% da fabricação de ímãs permanentes, insumos vitais para tecnologias como carros elétricos, turbinas eólicas, chips e equipamentos militares. Ao controlar o ritmo das exportações, o governo chinês amplia sua influência sobre preços e cadeias de fornecimento globais.
O que está por trás do alerta da China
De acordo com o Financial Times, autoridades de Pequim avisaram diretamente empresas internacionais de que qualquer tentativa de acumular estoques pode resultar em escassez controlada no curto prazo. A mensagem é clara: o fornecimento será monitorado caso compradores tentem criar reservas estratégicas.
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Esse movimento ocorre após a inclusão, em abril, de sete categorias de terras-raras médias e pesadas na lista de controle de exportação, junto a ímãs permanentes. A medida já provocou impacto direto em setores automotivo e eletrônico, com atrasos em contratos e dificuldades para garantir insumos críticos.
Como a China usa as terras-raras na disputa comercial
O uso de terras-raras como ferramenta geopolítica não é novidade. Em 2022, a China reduziu exportações em meio à escalada da guerra comercial com os Estados Unidos. Agora, o alerta volta a ganhar força, especialmente porque as cotas de mineração e processamento estão concentradas em apenas duas estatais, que controlam quase toda a cadeia produtiva.
O relatório do Conselho Empresarial EUA-China (USCBC) mostrou que metade das empresas estrangeiras consultadas enfrenta pedidos rejeitados ou pendentes de aprovação. Isso aumenta a pressão sobre fabricantes globais de tecnologia e energia limpa, que dependem desses insumos para manter seus cronogramas de produção.
Impacto para o Brasil e para outros países emergentes
Especialistas afirmam que o endurecimento chinês pode abrir espaço para países como o Brasil ampliarem sua relevância no setor. O país tem reservas significativas de terras-raras, ainda pouco exploradas, e aparece como alternativa para diversificar a cadeia de fornecimento diante da dependência quase absoluta da China.
Por outro lado, desenvolver essa produção exige investimentos bilionários em mineração, processamento e logística — algo que pode demorar anos para atingir escala competitiva. Enquanto isso, o mercado segue vulnerável às decisões de Pequim, que mantém o poder de regular preços e disponibilidade.
Exportações em queda e sinais de escassez
Os dados oficiais mostram que em junho a China exportou 3.188 toneladas de ímãs permanentes, volume mais que o dobro do mês anterior, mas ainda 38% abaixo do mesmo período de 2024. No acumulado do trimestre, as exportações ficaram em torno da metade do registrado no ano anterior.
Esse comportamento irregular reforça a percepção de que Pequim está dosando os envios para controlar preços e evitar estoques estratégicos fora de suas fronteiras. Empresas americanas e europeias têm recorrido ao Ministério do Comércio da China para acelerar liberações, mas muitas seguem com pedidos em espera.
O alerta de Pequim mostra que a China faz alerta não apenas como medida de mercado, mas como instrumento político de pressão nas negociações comerciais globais. O controle sobre terras-raras segue sendo uma das principais armas estratégicas do país na disputa com os Estados Unidos e seus aliados.
E você, acredita que o Brasil deveria acelerar investimentos em terras-raras para reduzir a dependência da China? Ou considera inevitável que o país continue central no fornecimento mundial? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem acompanha de perto esse tema.