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China vê visita de Hegseth às Filipinas como escalada de tensões — exercícios, armas e novas bases aumentam a pressão no Indo-Pacífico

Publicado em 20/04/2025 às 13:43
Filipinas, Tensões, EUA, China, Indo-pacífico
Créditos: Xinhua/Deng Hua
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China reage com firmeza à crescente presença militar dos EUA nas Filipinas e alerta para riscos à estabilidade no Mar do Sul da China e no Estreito de Taiwan

O aprofundamento da aliança militar entre Filipinas e Estados Unidos vem gerando forte reação por parte da China. Pequim enxerga as ações recentes como uma ameaça direta à sua segurança, especialmente no Mar da China Meridional e no Estreito de Taiwan. A visita do Secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, a Manila no fim de março de 2025, provocou respostas firmes do governo chinês.

Oposição firme à visita de Hegseth

Pete Hegseth fez sua primeira visita oficial às Filipinas desde que assumiu o cargo. Durante sua passagem por países da Ásia-Pacífico, como Guam e Japão, Hegseth destacou que os Estados Unidos não buscam a guerra, mas a paz.

Ele reforçou que o objetivo é construir alianças em torno de um Indo-Pacífico livre e aberto. Apesar disso, a China não ficou convencida.

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O Ministério da Defesa Nacional da China afirmou que a aproximação entre Manila e Washington agrava as tensões regionais. Já o Ministério das Relações Exteriores alertou que esse tipo de parceria mina a estabilidade no Mar da China Meridional.

Preocupações de Pequim com as ações militares conjuntas

As principais preocupações da China envolvem os exercícios militares conjuntos entre Filipinas e Estados Unidos. Esses treinamentos vêm se tornando mais intensos e práticos, com foco em cenários de combate real, como a tomada de ilhas e operações antianfíbias.

A China também está atenta ao aumento das vendas de armas americanas para Manila e aos posicionamentos estratégicos das forças dos EUA na região. Pequim considera essas movimentações como tentativas de minar sua influência e controlar áreas estratégicas.

Mudança na percepção sobre o governo Trump

No início do segundo mandato de Donald Trump, havia a expectativa de que sua postura fosse mais negociadora. No entanto, a percepção da China mudou.

O governo chinês agora vê a estratégia americana como confrontadora. Isso levou Pequim a prever relações diplomáticas mais tensas com Washington e a intensificar os preparativos militares.

Exercícios Balikatan e avanço dos EUA nas Filipinas

Os exercícios Balikatan, realizados anualmente entre Filipinas e EUA, se intensificaram em 2024 e 2025. Os cenários passaram a simular conflitos de alta intensidade.

Em 2025, os EUA enviaram o avançado sistema NMESIS e embarcações não tripuladas para o território filipino. Isso aumentou as capacidades de ataque costeiro da aliança.

Essas ações vão de encontro à estratégia chinesa de antiacesso e negam o domínio da China na região. Também estão alinhadas com doutrinas militares americanas como as Operações de Base Avançada Expedicionária.

Participação inédita do Japão preocupa a China

Pela primeira vez, o Japão participará como força ativa no exercício Balikatan de 2025. O evento reunirá cerca de 15.000 militares dos EUA, Filipinas e Austrália. Pequim considera essa participação japonesa como um sinal claro da formação de uma coalizão de segurança para conter sua influência na Ásia.

Essa aliança trilateral marca um novo patamar na cooperação militar, deixando a China em alerta. A presença conjunta dos três países amplia a percepção de que o cerco à China está se consolidando.

Venda de caças e drones reforça Manila

Outro ponto de tensão é o recente pacote de armas aprovado pelos Estados Unidos. Em abril de 2025, os EUA autorizaram a venda de 20 caças F-16 Block 70/72 às Filipinas, num acordo de US$ 5,58 bilhões. As aeronaves ampliam a capacidade de vigilância marítima e ataques de precisão de Manila.

Além disso, os EUA transferiram sistemas não tripulados e anunciaram o envio de drones MQ-9B Reaper. Isso amplia a inteligência e a vigilância filipina. Para Pequim, esses movimentos são parte de uma estratégia de dissuasão contra sua presença marítima.

Estreito de Taiwan entra nos exercícios

Em 2025, o Chefe das Forças Armadas das Filipinas declarou que o país seria “inevitavelmente atraído” caso houvesse conflito no Estreito de Taiwan. Os exercícios Balikatan passaram a incluir simulações específicas sobre esse cenário. Isso confirma, segundo a China, que Manila se alinhou diretamente com as tensões envolvendo Taiwan.

Bases avançadas próximas a Taiwan

Os Estados Unidos estabeleceram quatro novas bases militares nas Filipinas. Três ficam próximas a Taiwan e uma em Palawan, perto das Ilhas Spratly. A China vê essas posições como um risco estratégico.

As operações em áreas como Batanes, além do envio de sistemas de mísseis, reforçam a visão chinesa de que há um esforço para controlar o acesso marítimo da China.

Aumento da presença dos EUA no Mar do Sul da China

A presença militar americana na região também cresceu. Em 2024, grandes aeronaves de reconhecimento fizeram cerca de mil missões perto do território chinês. Navios de vigilância operaram por 706 dias. Houve também patrulhas de três porta-aviões e ações regulares de submarinos nucleares.

As missões com bombardeiros estratégicos também cresceram. Foram 56 surtidas com aeronaves B-52H, B-1B e B-2A. Esse ritmo acelerado reforça, para a China, que os EUA estão mantendo uma postura quase permanente nas fronteiras marítimas chinesas.

Pressão da China pode se voltar aos EUA

Com o fortalecimento da parceria entre Filipinas e Estados Unidos, a China avalia mudar sua resposta. Em vez de focar em Manila, pode concentrar a pressão diplomática e estratégica diretamente em Washington.

No passado, a China foi cautelosa para evitar confrontos diretos com os EUA. Porém, a recente postura chinesa na guerra comercial indica uma mudança. Pequim pode adotar medidas de reciprocidade, respondendo às ações americanas com contramedidas equivalentes.

Pequim evita isolar Manila

Apesar das tensões, a China parece estar adotando uma abordagem diplomática mais cuidadosa com as Filipinas. Em uma reunião recente de alto nível, os líderes chineses reafirmaram a importância das relações com os países vizinhos.

Pequim declarou que as relações regionais estão “em seu melhor momento nos tempos modernos”. Por isso, punir Manila diretamente poderia afastar outros países do Sudeste Asiático. A China quer evitar esse risco e preservar sua influência diplomática na região.

Diplomacia regional como prioridade

A diplomacia de vizinhança agora é vista por Pequim como uma prioridade. A presença dos principais líderes do Partido Comunista na reunião sobre o tema mostra o peso político da estratégia.

A China pretende manter boas relações com seus vizinhos, mesmo em um cenário de crescente rivalidade com os Estados Unidos.

A postura chinesa indica que, mesmo diante de alianças militares mais robustas, Pequim tentará equilibrar pressões estratégicas com esforços diplomáticos para não perder espaço no cenário asiático.

Com informações de The Diplomat.

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Romário Pereira de Carvalho

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