Em uma forte declaração, o governo chinês condenou a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, classificando a medida como uma ferramenta de intimidação e interferência.
De acordo com uma matéria publicada pelo portal G1, o governo da China criticou duramente a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros. A manifestação, ocorrida nesta sexta-feira (11), eleva a tensão na crise diplomática entre Brasília e Washington e posiciona a China como uma aliada do Brasil no cenário geopolítico.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou que tarifas não deveriam ser usadas como “ferramenta de coerção, intimidação ou interferência”, e que a igualdade de soberania é um princípio fundamental das relações internacionais. A declaração foi a primeira de Pequim desde o anúncio do “tarifaço” por Trump.
A primeira manifestação de Pequim
A crítica da China foi direta e contundente. “A igualdade de soberania e a não-intervenção em assuntos domésticos são princípios importantes da Carta da ONU e normas básicas nas relações internacionais”, disse a porta-voz Mao Ning ao ser questionada sobre a medida de Trump.
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O chanceler chinês, Wang Yi, também se manifestou, afirmando que “as tarifas dos Estados Unidos minam a ordem do comércio internacional”. A crítica chinesa ocorre logo após a cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro, onde Trump já havia ameaçado os países do bloco com uma sobretaxa de 10% por, segundo ele, tentarem enfraquecer o dólar como moeda global.
O “tarifaço” de Trump e a justificativa ligada a Bolsonaro
Na quarta-feira (9), em um anúncio que surpreendeu o cenário internacional, Donald Trump publicou uma carta aberta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anunciando a tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
Para justificar a medida, Trump citou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), classificando o julgamento dele no Supremo Tribunal Federal (STF) como “uma vergonha internacional”. O republicano também afirmou, sem apresentar provas, que a decisão foi tomada “devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos”.
A resposta do Brasil e a realidade da balança comercial
O governo brasileiro reagiu firmemente. O presidente Lula afirmou que o Brasil “não aceitará ser tutelado por ninguém” e que o processo judicial contra os envolvidos na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 é de competência exclusiva da Justiça brasileira. O governo informou ainda que devolveria a carta de Trump à embaixada dos EUA.
Trump também argumentou que a relação comercial com o Brasil é “injusta” e gera “déficits comerciais insustentáveis” para os EUA. No entanto, dados do Ministério do Desenvolvimento mostram o contrário. O Brasil tem registrado déficits comerciais seguidos com os EUA desde 2009. Nos últimos 16 anos, as vendas americanas ao Brasil superaram as importações em US$ 90,28 bilhões.
O histórico da batalha comercial entre China e EUA
A China também travou uma recente batalha tarifária com os Estados Unidos. No início do ano, quando Trump anunciou um aumento de tarifas para diversos países, os produtos chineses receberam uma das taxas mais altas, de 34%.
Diferente da maioria dos governos, que buscaram acordos, Pequim retaliou, aumentando impostos sobre produtos dos EUA. A disputa escalou com aumentos mútuos que chegaram a 145% para produtos chineses e 125% para os americanos. Após negociações, os dois países chegaram a um acordo, reduzindo as tarifas para 30% e 10%, respectivamente.
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