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China bloqueia terras raras para EUA e Europa, mas libera para Rússia e redesenha equilíbrio militar global

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 05/08/2025 às 14:02
Pequim diz que não apoia guerra, mas acelera envio de minerais estratégicos para indústria bélica de Putin
Pequim diz que não apoia guerra, mas acelera envio de minerais estratégicos para indústria bélica de Putin
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Decisão estratégica reforça aliança silenciosa com Moscou e ameaça cadeias militares dos EUA e aliados

A crescente tensão geopolítica se reflete diretamente na indústria de defesa mundial. A restrição imposta pela China à exportação de terras raras para países ocidentais tem gerado uma crise silenciosa, mas grave, na produção de tecnologias militares dos Estados Unidos e da Europa.

Segundo especialistas, ao mesmo tempo em que endurece as exigências sobre países da OTAN, a China facilita o acesso da Rússia a esses materiais estratégicos, escancarando sua preferência geopolítica no conflito da Ucrânia e desequilibrando o jogo global de fornecimento de recursos críticos.

O domínio chinês sobre as terras raras

A China é responsável por cerca de 90% da produção global de terras raras, um grupo de 17 elementos químicos essenciais para tecnologias como radares, mísseis, motores de caças, sensores térmicos e drones militares. Apesar de não serem raros geologicamente, esses minerais exigem processos de extração e refino altamente complexos — uma área que Pequim domina com folga.

Recentemente, Pequim impôs regras mais rígidas para exportações destinadas ao Ocidente, exigindo documentação técnica detalhada, imagens dos produtos e até inspeções de fábricas — alegando preocupação com o uso militar desses recursos. O resultado: atrasos de até dois meses na entrega de peças para drones, motores e sistemas ópticos nos EUA.

Preços disparando e produção travada

Com a restrição chinesa, o preço de materiais como o Samário subiu até 60 vezes, impactando diretamente os custos de produção militar. Empresas como a italiana Leonardo alertam que suas reservas de Germânio estão no limite, comprometendo sensores infravermelhos e cabeças de mísseis guiados.

Sem esses insumos, a superioridade tecnológica das Forças Armadas ocidentais corre risco real. Os impactos não são apenas financeiros, mas operacionais: radares, satélites, visão noturna e até turbinas de aviões dependem desses metais para manter desempenho e resistência.

Enquanto isso, para a Rússia, tudo é facilitado

Apesar de negar apoio militar direto à Rússia, o governo chinês libera com facilidade os mesmos minerais para empresas ligadas ao setor bélico russo. Segundo o canal, as barreiras burocráticas desaparecem quando o destino dos materiais é Moscou — mesmo com evidências claras de uso militar em drones e bombas contra a Ucrânia.

Essa conduta reforça o papel da China como parceira estratégica indireta de Putin, sustentando o esforço de guerra russo ao mesmo tempo em que impõe um estrangulamento às capacidades militares do Ocidente.

O dilema das alternativas

Diante da dependência crítica, os EUA têm buscado alternativas. Investimentos como os US$ 400 milhões destinados à MP Materials, única mina relevante de terras raras no país, visam criar independência. Japão e Taiwan também estão entre os fornecedores em potencial, mas a cadeia ainda depende fortemente da matéria-prima chinesa.

Fabricantes como Lockheed Martin já tentam nacionalizar partes do processo produtivo, mas os esforços esbarram em prazos longos e altos custos. A janela de vulnerabilidade estratégica permanece aberta — e o risco geopolítico cresce.

O equilíbrio global em jogo

A decisão da China de limitar terras raras ao Ocidente é mais que econômica: é uma alavanca de poder geopolítico. Ao controlar o fluxo desses recursos, Pequim pressiona os EUA sem disparar um único tiro, enquanto fortalece a Rússia no conflito mais sensível da atualidade.

A medida reacende o alerta sobre autonomia industrial, segurança de cadeias produtivas e dependência estratégica de regimes autoritários. Em plena disputa pelo controle do Indo-Pacífico e da Eurásia, as terras raras se tornam o novo campo de batalha invisível — e decisivo.

Você acredita que o Ocidente deveria acelerar a busca por autonomia em minerais estratégicos? A dependência da China pode comprometer a segurança global? Compartilhe sua opinião nos comentários — o debate é urgente.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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