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China aposta pesado: US$ 6,7 bilhões para transformar carvão em petróleo e gás, reduzir importações e dobrar capacidade energética com projetos gigantes até 2030

Publicado em 10/09/2025 às 19:46
China, Carvão, Petróleo e Gás
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China acelera a conversão de carvão em gás e químicos, investindo bilhões para reduzir importações energéticas e fortalecer sua segurança nacional estratégica

Em um complexo industrial no noroeste da China, a Ningxia Baofeng Energy realiza um processo que ganha cada vez mais espaço no país. A empresa converte milhões de toneladas de carvão por ano em produtos químicos utilizados na fabricação de plásticos.

O projeto recebeu um investimento de 48 bilhões de iuans, cerca de US$ 6,7 bilhões, consolidando-se como um dos maiores do setor.

Esse movimento atende a uma estratégia clara de Pequim. O objetivo é reduzir a dependência de importações de energia que podem ser interrompidas em caso de conflito.

O carvão barato e o forte apoio do Estado impulsionam a expansão.

Crescimento acelerado

No último ano, o setor transformou 276 milhões de toneladas de carvão em petróleo, gás e produtos químicos, segundo o China National Petroleum and Chemical Planning Institute. Esse volume equivale a quase todo o uso anual de carvão na Europa.

Se todos os projetos em andamento avançarem, a capacidade instalada dobrará em cinco anos. A Sinolink Securities estima que a maioria das novas plantas terá foco na produção de gás natural sintético e combustíveis líquidos.

Motivações estratégicas

Segundo Lauri Myllyvirta, cofundador do Centre for Research on Energy and Clean Air, a iniciativa cumpre duas funções principais.

Protege a China de possíveis bloqueios marítimos e leva investimentos para regiões menos desenvolvidas do país.

Além disso, empresas estatais contam com uma missão politicamente definida, o que reduz os obstáculos ligados ao custo de capital.

Para Myllyvirta, esse diferencial garante a viabilidade de projetos que em outros países não prosperariam.

Carvão: queda e retomada

A existência e expansão desse setor refletem a importância que a segurança energética tem para Pequim.

Fora da China, apenas países ricos em carvão e relativamente isolados, como Alemanha e África do Sul, aplicaram a tecnologia em larga escala.

Na Índia e na Indonésia, apesar das grandes reservas de carvão, o modelo não decolou. Segundo Jianjun Tu, diretor da consultoria Agora Energy China, a dificuldade está em tornar o processo economicamente sustentável.

Na própria China, o crescimento foi irregular. A lucratividade dependeu por muito tempo dos altos preços do petróleo.

A expansão da década de 2010, por exemplo, perdeu força após a queda brusca das cotações em 2014.

Nos últimos anos, no entanto, os preços acima de US$ 70 por barril e o carvão barato ajudaram a criar um cenário favorável.

Ambiente geopolítico

As tensões com os Estados Unidos também influenciaram o setor. Desde o governo Donald Trump, Pequim aumentou a preocupação com a dependência de importações energéticas. Isso fortaleceu ainda mais os investimentos em projetos locais.

De acordo com analistas, a área de crescimento mais acelerado é a conversão de carvão em gás.

Capacidade em expansão

A construção atual é quatro vezes maior do que a registrada na última década, segundo análise da Reuters com base em dados de várias instituições chinesas.

Com isso, a capacidade anual saltará para 19,5 bilhões de metros cúbicos, valor equivalente a cerca de um quinto das importações de GNL da China em 2023.

A maior parte das novas usinas está concentrada no noroeste do país, região abundante em carvão. Apenas ali, 12 bilhões de metros cúbicos anuais de capacidade já estão em construção, com outros 10 bilhões previstos.

Vantagens econômicas

O gás produzido a partir do carvão custa quase um terço menos que o GNL importado. O preço médio é inferior a 2 iuans por metro cúbico, contra 2,87 iuans do produto importado, sem incluir transporte e regaseificação.

Para o analista Sun Yang, da Oilchem, a expectativa é que o gás sintético substitua parte significativa das importações no futuro.

A queda recente no preço do carvão, que atingiu o menor patamar em quatro anos, também favoreceu a produção de produtos químicos derivados.

Margens positivas

No fim de julho, olefinas à base de carvão garantiram margens de 800 a 900 iuans por tonelada.

Enquanto isso, olefinas obtidas de petróleo, nafta ou propano registraram perdas de 200 iuans por tonelada, segundo a Oilchem.

Esse cenário reforça a competitividade da conversão de carvão em químicos no país.

Carvão em gás: processo industrial

Na instalação da Baofeng em Ordos, na Mongólia Interior, o carvão é aquecido a cerca de 1.300 graus Celsius.

O processo gera gás sintético, transformado depois em metanol e, por fim, em olefinas.

Essas olefinas são fundamentais na produção de plásticos. A empresa, no entanto, preferiu não comentar sobre seus resultados atuais.

Com informações de Invest News.

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Romário Pereira de Carvalho

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