Ucrânia planeja instalar pequenos reatores nucleares em Chernobyl quase 40 anos após o desastre, como parte de sua estratégia de reconstrução energética.
A Ucrânia pode em breve voltar a gerar energia nuclear justamente no local onde aconteceu um dos maiores acidentes da história. O governo ucraniano estuda instalar pequenos reatores modulares (SMRs) na zona de exclusão de Chernobyl, onde o reator número 4 explodiu em 1986.
Quase quatro décadas depois do desastre, as autoridades querem transformar a área em uma nova fonte de energia.
Plano para reatores na zona de exclusão
Hryhorii Ishchenko, chefe da Agência Estatal da Ucrânia para Gestão da Zona de Exclusão, confirmou que sua equipe está pronta para ceder terras à estatal Energoatom para instalar os reatores.
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Segundo ele, o acordo para iniciar o projeto deve ser assinado em breve. A iniciativa faz parte de um plano mais amplo.
A Energoatom, responsável pela energia nuclear na Ucrânia, e a empresa nacional de energia Ukrenergo já identificaram 12 locais para instalar os SMRs em todo o território ucraniano.
A proposta prevê que os novos reatores forneçam eletricidade para reconstrução do país e para as futuras demandas energéticas, especialmente quando a guerra com a Rússia terminar.
Reatores modulares e parceria com a Holtec
A estratégia da Ucrânia não se limita aos SMRs. O país também pretende construir grandes reatores do modelo Westinghouse AP1000, além dos pequenos modulares. O projeto dos SMRs, no entanto, parece ser prioridade para os próximos anos.
Um acordo com a empresa Holtec, assinado em 2023, prevê a construção de cerca de 20 unidades desses pequenos reatores nucleares. Outros fabricantes de SMRs também estão em negociação com o governo ucraniano.
Mesmo em meio à guerra, o país continuou com seus planos de modernização do sistema elétrico. A implantação de SMRs é vista como uma forma de acelerar a retomada da produção de energia com menos custos e maior eficiência.
Chernobyl e o impacto do acidente de 1986
O desastre de Chernobyl ocorreu em abril de 1986, quando um dos reatores da usina nuclear explodiu durante um teste de segurança. A tragédia expôs cerca de 8,4 milhões de pessoas à radiação nuclear, segundo estimativas.
Mais de 250 mil pessoas teriam desenvolvido câncer em decorrência do acidente, com aproximadamente 100 mil mortes relacionadas. Além disso, a radiação comprometeu plantações, florestas e boa parte da infraestrutura local.
O local do acidente fica a cerca de 130 quilômetros de Kiev, capital da Ucrânia. Uma área de 30 quilômetros ao redor do reator foi isolada e transformada na chamada “zona de exclusão”.
Ela foi criada para conter os efeitos da contaminação e depois ampliada para outras áreas com alto índice de radiação.
Condições atuais da zona de exclusão
Atualmente, a região é praticamente desabitada. Apenas cientistas e pesquisadores têm autorização para permanecer na área.
A ausência de presença humana, no entanto, permitiu que a vida selvagem se restabelecesse, tornando a zona um refúgio para diversas espécies.
Estudos anteriores mostram que algumas partes da zona poderiam ser usadas novamente para atividades agrícolas. A principal preocupação no passado foi com o isótopo iodo-131, que tem meia-vida de oito dias e já desapareceu quase por completo.
Outros elementos radioativos como césio-137 e estrôncio-90 ainda estão presentes, mas com níveis reduzidos em mais da metade em relação aos anos anteriores. Mesmo assim, as pesquisas sobre radiação continuam sendo realizadas com frequência na região.
Nova etapa energética pode começar em breve
Apesar do histórico traumático, a Ucrânia vê potencial em transformar a área afetada por um dos maiores desastres nucleares da história em uma base para o futuro energético do país.
A data de início da instalação dos novos reatores na zona de exclusão de Chernobyl ainda não foi anunciada oficialmente. Mas o plano está em andamento. Caso seja concretizado, marcará um retorno simbólico à energia nuclear justamente onde ela deixou cicatrizes profundas.