Volkswagen afirma que será impossível abandonar os carros à combustão na data estimada pela União Europeia, e que em alguns mercados, como o brasileiro, o motor à combustão emite bem menos que os elétricos, com o uso do etanol
Volkswagen, a fabricante de carros à combustão e elétricos, tenta se reerguer investindo no mercado de eletrificação. A linha ID estreou uma nova plataforma modular voltada para elétricos e diversos híbridos plug-in estão sendo produzidos. Apesar de estar investindo fortemente nos carros elétricos à bateria, o CEO da Volkswagen, Hebert Diess, afirmou em uma entrevista exclusivo ao The Verge que será impossível aposentar o motor à combustão da maneira que a União Europeia planeja.
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Volkswagen afirma que, até 2030, metade da suas vendas ainda será composta por carros à combustão
O CEO relata que o principal componente de um modelo elétrico são suas baterias, que atualmente são grandes, pesadas e caras. Herbert Diess afirma que, para ter elétricos representando metade das vendas do grupo até 2030, como a UE exige, seria necessário cerca de seis giga-fábricas de baterias prontas e em funcionamento até 2028.
Será necessário comprar todas as máquinas, construir as fábricas, encontrar as localizações, treinar os profissionais, garantir o fornecimento e qualidade das matérias-primas. Segundo o executivo, é um enorme desafio, e também lembra que isso seria apenas para atender a Europa, continente onde a Volkswagen representa cerca de 20% do mercado. Sendo assim, abandonar os carros à combustão e trocá-los pelos elétricos é basicamente impossível.
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De acordo com o executivo, também há outro impasse para o fim do motor à combustão e começo dos elétricos. “Os carros elétricos só fazem total sentido se a energia elétrica que os recarregue vier de fontes limpas. Enquanto um país possuir uma matriz energética poluidora, não faz sentido comercializar modelos elétricos por lá”, disse ele.
Volkswagen também está presente em mercados que apoiam os carros à combustão
O executivo lembrou na entrevista que o grupo não atua apenas em regiões que incentivam os modelos elétricos como os EUA e a Europa. O fabricante está entre os três maiores na América Latina e o segundo maior no Brasil, onde o motor à combustão deve demorar para se aposentar.
De acordo com Diess, o etanol do Brasil é praticamente livre de emissões. Sendo assim, ainda não faz sentido deixar de lado o motor à combustão no país. No último ano, foram anunciados investimentos do Grupo no país para a criação de híbridos com motor flex e à célula de combustível a etanol.
Entenda o que foi o Dieselgate
Dieselgate foi o nome dado pela imprensa internacional ao escândalo de falsificação de testes de emissões de CO2 envolvendo várias montadoras, sendo a Volkswagen uma delas, primeiramente nos EUA, mas sem demorar muito para as autoridades encontrarem outros países, incluindo o Brasil.
Em 12 de novembro de 2015, a Volkswagen do Brasil é notificada sobre o pagamento ao Ibama de R$ 50 milhões. Essa foi a primeira punição em relação ao caso Dieselgate que a montadora recebeu em território nacional.
O caso Dieselgate também envolve o Grupo FCA na França. Os procuradores abriram uma investigação para verificar se o grupo também burlou os testes de emissões de diesel em seus carros a combustão.