Brasil pode se tornar a “Arábia Saudita do SAF”: CEO da Airbus destaca o potencial do país para liderar a produção e exportação mundial de combustível sustentável, consolidando sua posição no mercado global.
O cenário do combustível sustentável de aviação (SAF) ainda está em fase inicial, mas as projeções para o futuro são impressionantes. De acordo com o CEO da Airbus no Brasil, Gilberto Peralta, o país tem potencial para se tornar líder global na produção de SAF, podendo alcançar a marca de 50 bilhões de toneladas nos próximos anos. Essa estimativa coloca o Brasil como a futura “Arábia Saudita do SAF”, destacando sua capacidade de dominar o mercado global de combustível sustentável e atraindo grandes investimentos.
Brasil será a “Arábia Saudita do SAF”, segundo CEO da Airbus
A previsão foi realizada durante participação no Agriculture Investment Conference, promovido pelo banco UBS no dia 23 de setembro, em São Paulo. Em breve, o CEO da Airbus espera ter mais dados para fundamentar seu otimismo. Isso porque a empresa europeia, maior fabricante de aviões do mundo, está produzindo um estudo em conjunto com o Massachusetts Institute of Technology (MIT) que, segundo adiantou, mostrará que o país tem potencial para ser o maior produtor do combustível sustentável de aviação do mundo.
Em cerca de dez anos, tanto o Brasil quanto os Estados Unidos produzirão algo em torno de 50 bilhões de litros anuais cada. A diferença, conforme o CEO da Airbus, é que os Estados Unidos consomem, por ano, 120 bilhões de litros de combustível, já o Brasil, 8 bilhões.
- CCR lança o maior plano de infraestrutura da história: R$ 33 bilhões para redesenhar o transporte no Brasil com duplicação de rodovias importantes, modernização de 15 aeroportos, metrôs e muito mais!
- Lula e Elon Musk decolando juntos? Acordo para uso da base de Alcântara (uma das mais estratégicas do mundo) pode mudar o futuro espacial do Brasil
- Airbus H160: Conheça o helicóptero mais moderno do mundo com tecnologia de ponta e versatilidade
- Estados Unidos está prestes a conseguir um novo combustível para aviões feito a partir de águas residuais: uma revolução que pode reduzir 70% das emissões aéreas e que pode ser vendido a apenas 1,23 dólares por litro
Segundo Peralta, os EUA terão que importar e o Brasil pode se aproveitar disso para se transformar na “Arábia Saudita do SAF”. Essa visão otimista para o combustível sustentável passa, necessariamente, pela ponta produtiva. E o Brasil assiste hoje a movimentos distintos dos diferentes players do setor de biocombustíveis.
O que pode impedir o Brasil de se tornar a “Arábia Saudita do SAF”?
Nas diversas frentes da cadeia do combustível sustentável, há, entretanto, um consenso entre uma possível barreira a impedir o avanço do país: para que o mercado decole e o Brasil assuma o protagonismo projetado, é necessário, além de investimento, um marco regulatório funcional.
Segundo o CEO da Be8, Erasmo Batistella, durante o evento do UBS, a percepção do setor produtivo é que o mercado de SAF demanda a formulação de políticas públicas adequadas, para ser gerado um ambiente de investimentos no Brasil. A Be8 é uma das maiores produtoras nacionais de biodiesel.
O CEO da Airbus e Be8 participaram do mesmo painel do evento do banco suíço, e juntos, comemoraram a aprovação do PL do Combustível do Futuro pelo Congresso no começo do mês. Segundo o executivo da Airbus, o presidente Lula deve sancionar o projeto na próxima semana.
O executivo da Be8 pontua que o projeto deveria ter sido aprovado há pelo menos dois anos, visto que a obrigatoriedade do uso de combustível sustentável dentro dos tanques das aeronaves está prevista para 2027.
Entenda o potencial do Brasil para produzir combustível sustentável
O CEO da Airbus acredita que não há nenhum país com melhores qualidades para liderar o mercado de SAF como o Brasil. Peralta afirma que nenhum outro país fez mudança de combustível e nós já fizemos duas.
Primeiro com o proálcool e depois com a aviação agrícola, que hoje é quase toda rodada a etanol. Nós no Brasil já possuímos a experiência, enquanto EUA e Europa foram para o carro elétrico.
Além disso, ele afirmou que apenas o Brasil possui todas as oito rotas de produção para o combustível sustentável. Dentre as matérias-primas possíveis estão o etanol de cana ou milho, resíduos agrícolas e florestais, óleos vegetais, óleo de cozinha e sebo bovino.