A Cemig, que possui o maior programa de investimento da história, deixou de investir em negócios fora do território de Minas Gerais
Após dar início a um movimento de expansão para além das fronteiras de Minas Gerais na década de 1990, a Cemig voltou para dentro do estado. A empresa, que foi fundada no ano de 1952, está parando de investir em negócios fora do Estado e apostando no território mineiro. Atualmente, a estatal de energia elétrica possui o maior programa de investimento da história, de R$ 22,5 bilhões até 2025. “Desejamos voltar a ser uma indutora do crescimento de Minas Gerais”, declara o presidente da empresa, Reynaldo Passanezi.
Administrando a Cemig desde 2020, Reynaldo realizou um amplo ajuste nas contas e estruturas da empresa para retomar o processo de investimentos em Minas Gerais. O ponto inicial foi definir três pilares, são eles: ser eficiente, cumprir a política de dividendos e se desfazer de ativos fora da estratégia da empresa. O executivo diz que, entre 2009 e 2018, a Cemig gastou R$ 8 bilhões em despesas de operações acima do valor do limite regulatório, reconhecido pela agência na tarifa. Em 2021, esse montante ficou R$ 448 milhões abaixo do limite.
Outra iniciativa para retomar os investimentos da empresa em Minas Gerais foi juntar algumas unidades da Cemig em um único prédio, o que diminuiu as despesas em R$ 40 milhões. A empresa, que atua na geração, distribuição, transmissão e gás natural, também possuía dois aviões com três pilotos para utilização exclusiva da diretoria e um hangar na Pampulha que custava R$ 1 milhão por ano.
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As aeronaves foram repassadas e os profissionais, desligados. “Tínhamos 100 pessoas disponíveis para a diretoria, como garçons e motoristas. Atualmente estamos com apenas 10. Quando vamos somando essas coisas, o resultado é impressionante”, diz Reynaldo.
O presidente calcula ainda que os ajustes para retomar os investimentos totalizam uma economia de aproximadamente R$ 1 bilhão por ano, o que permitiu, pela primeira vez na história, o equilíbrio de operações da Cemig. A receita líquida da empresa no primeiro semestre de 2022 foi de 11%, indo para R$ 16 bilhões. O lucro, porém, diminuiu para R$ 1,5 bilhão por conta da decisão de fazer provisões referente à devolução de créditos tributários.
Novas estratégias da Cemig
Agora a Cemig pretende focar nas oportunidades dentro de Minas Gerais. A estratégia agora é se desfazer dos negócios minoritários fora de Minas Gerais que não deram certo. A empresa repassou, por exemplo, as empresas Renova e Light. Mas, ainda existem outras empresas na lista de Passanezi, como as participações nas hidrelétricas Belo Monte (PA) e Santo Antônio (RO), além da Taesa (RJ).
De acordo com Passanezi, entre os anos de 2009 e 2018, as participações minoritárias nesses empreendimentos totalizaram R$ 19 bilhões. Na média geral, esse valor diz respeito a uma perda de R$ 11 bilhões, uma vez que atualmente a parte da Cemig nesses negócios vale R$ 8 bilhões.
Nos investimentos, uma das principais iniciativas é a construção de 200 novas subestações no estado de Minas Gerais, aumentando o número de estruturas de 415 para 615 unidades. Ao reforçar a rede, a finalidade é trazer novas indústrias para Minas Gerais.
Em geração de energia, os investimentos deverão somar aproximadamente R$ 5 bilhões em 1,5 GW de potência em fontes renováveis, como energia solar e eólica. Em geração distribuída, por meio de painéis solares nas residências, será aplicado R$ 1,5 bilhão em investimentos.
Os investimentos da Cemig deverão ser feitos com caixa ou valor adquirido com a venda de ativos. Só com a Light e a Renova, a estatal arrecadou R$ 2,5 bilhões. Com exceção das energias renováveis, que vão poder ser instituídas no Nordeste por conta do grande potencial da região, os demais projetos da Cemig devem ocorrer em Minas Gerais.