Crescimento do mercado de usados e alta nos preços de veículos novos levam os brasileiros a prolongar a vida útil dos carros
Os carros no Brasil estão envelhecendo, e a média de idade segundo da frota já ultrapassa uma década, dados recentes do Sindipeças . O cenário atual revela uma realidade preocupante: veículos mais antigos e, muitas vezes, em condições precárias, circulando pelas estradas e ruas do país. Esse impacto é impulsionado por fatores econômicos, incluindo o preço elevado dos carros novos e as dificuldades de crédito, que afastam cada vez mais os brasileiros do sonho de um veículo zero milhão.
A idade média dos carros de passeio no Brasil chegou a 11,1 anos , com alguns segmentos, como caminhões, alcançando 12,2 anos . Além disso, o número de veículos com mais de 16 anos já soma 7,3 milhões — e, impressionantemente, 220 mil veículos têm mais de 25 anos. Esses números refletem as dificuldades enfrentadas pelos consumidores para manter seus carros em boas condições, uma tarefa cada vez mais desafiadora e cara.
Custos altos afastados manutenção completa
Não é segredo que manter um carro em dia no Brasil custa caro. Em média, um proprietário de um veículo popular gasta cerca de R$ 30 mil ao ano para manter o carro em boas condições. Esses custos incluem não apenas a manutenção, mas também despesas com combustível, IPVA e seguro. Para veículos mais antigos, que naturalmente exigem mais reparos, o valor pode ser ainda maior.
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E é aqui que o “jeitinho brasileiro” entra em ação. Muitos proprietários, para economizar, optam por alternativas de baixo custo, como pneus remoldados ou peças recondicionadas, que não oferecem a mesma durabilidade ou segurança. “Em tempos de crise, é comum o motorista buscar soluções mais baratas para evitar uma despesa pesada com o carro”, comenta o especialista Luiz Guerrero. “Porém, isso coloca em risco a segurança de todos.”
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Frota envelhecida: impactos na segurança e no meio ambiente
O envelhecimento dos carros no Brasil não é apenas uma questão econômica; ele também traz sérias consequências para a segurança e o meio ambiente. Os veículos mais antigos estão mais propensos a apresentar falhas mecânicas, como freios desgastados, pneus lisos e problemas na suspensão — fatores que contribuem significativamente para os acidentes de trânsito. Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal , veículos em mau estado de conservação são responsáveis por até 30% dos acidentes registrados nas rodovias.
Além dos riscos para a segurança, veículos mais velhos emitem mais poluentes. Modelos antigos não contam com tecnologias modernas de controle de emissões, o que agrava ainda mais a poluição nas cidades. Num momento em que as questões ambientais ganham cada vez mais relevância, essa situação torna-se ainda mais preocupante.
Explosão nas vendas de veículos usados
Sem condições de adquirir um carro novo, o brasileiro recorre aos usados. Dados da Fenauto indicam que o mercado de veículos usados deve bater recorde em 2024, com mais de 15 milhões de unidades vendidas , superando em seis vezes a previsão de vendas de carros novos para o ano. Modelos como Fiat Uno, Palio e VW Gol continuam entre os mais procurados, mesmo que já tenham sido descontinuados pelas montadas.
O aumento na procura por usados também elevou os preços desses veículos, tornando o mercado de segunda mão mais competitivo. Enquanto os carros novos estão fora do alcance de muitos consumidores, há uma demanda por disparos, criando um efeito de valorização desses modelos mais antigos.
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O que esperar para o futuro da frota brasileira?
Os especialistas acreditam que o envelhecimento da frota continuará nos próximos anos se nada for feito para renovação dos veículos. A implantação de programas de financiamento facilitados e incentivos para a troca de veículos antigos por modelos mais novos e menos poluentes poderia aliviar essa situação. No entanto, ainda não há melhorias de políticas públicas com esse objetivo.
“Para reduzir a idade média da frota, é fundamental que o governo e o setor automotivo trabalhem juntos para oferecer alternativas aos consumidores. Isso não apenas ajudaria a melhorar a segurança nas estradas, mas também teria um impacto positivo no meio ambiente”, explica Guerrero.
Enquanto isso, a realidade é que o brasileiro terá que conviver com uma frota cada vez mais antiga. A preferência por veículos usados e as altas taxas de juros tornam o cenário difícil para o consumidor. E você, acha que o Brasil deveria adotar um programa de renovação da frota?