1. Início
  2. / Automotivo
  3. / Carros elétricos: Visando nova fonte de renda aliada a sustentabilidade, empresas se unem para criar baterias usando componente extraído de árvores
Tempo de leitura 3 min de leitura

Carros elétricos: Visando nova fonte de renda aliada a sustentabilidade, empresas se unem para criar baterias usando componente extraído de árvores

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 20/01/2023 às 11:49
Atraindo novos olhares em todo o mundo, os carros elétricos estão fazendo com que empresas se juntem para elaborar novo projeto sustentável, que visa o uso de árvores para desenvolver novas baterias, mirando em nova fonte de renda.
Fonte: Pixabay

Atraindo novos olhares em todo o mundo, os carros elétricos estão fazendo com que empresas se juntem para elaborar novo projeto sustentável, que visa o uso de árvores para desenvolver novas baterias, mirando em nova fonte de renda.

A Stora Enso, empresa localizada na Finlândia, conhecida por fabricar pastas e papéis, está se aventurando em novos ares. Com a digitalização, a necessidade de produção e consumo do papel tem caído. Dessa forma, a empresa tem buscado novas fontes de renda. Com um olhar na sustentabilidade, a resposta para sanar essa busca resultou em uma bateria para carros elétricos feita a partir de árvores. A bateria tem sido desenvolvida por uma rede de empresas na Europa e nos Estados Unidos, sendo a Stora Enso uma delas.

Lignina, carbono e ânodo! Entenda mais sobre como essas baterias para carros elétricos funcionam

Definindo a si mesma como “um dos maiores proprietários de florestas particulares do mundo”, decidiu aproveitar sua posse de matéria prima para atender uma necessidade cada vez mais popularizada no mundo contemporâneo: a fabricação de baterias para carros elétricos.

Composto presente em cerca de 30% das árvores, a lignina é um polímero que mantém as fibras da celulose bem ligadas entre si, promovendo rigidez a toda a estrutura.

Além disso, o carbono é um dos compostos da lignina, que no que lhe concerne, é a matéria prima de um componente extremamente necessário das baterias, o ânodo, o qual é eletrodo negativo do equipamento.

O positivo se chama cátodo, e através do tráfego de íons de lítio ou de sódio, gera a energia que alimentará os carros elétricos.

Nas baterias convencionais, os ânodos presentes são, geralmente, de grafite. Contudo, a produção do grafite sintético não é nada sustentável.

Por exemplo, um dos passos da produção é o aquecimento do carbono por semanas, a mais de 3.000 °C. A energia necessária para esse aquecimento são geralmente produzidas em usinas elétricas movidas a carvão, resultando em uma rede de danos ao meio ambiente.

De olho na sustentabilidade, mas sem perder o foco na monetização

A Stora Enso, vendo essa oportunidade, uniu a busca por uma nova fonte de renda com a produção de energia limpa.

Os profissionais de engenharia da empresa descobriram que poderiam extrair a lignina da polpa residual gerada nas fábricas da companhia, sem a necessidade de derrubadas de árvores adicionais.

Após o processamento, a lignina será utilizada para a fabricação do material de carbono para os ânodos das baterias.

A fabricação de ânodos a base de lignina também necessita de aquecimento, mas a temperaturas muito inferiores.

A Northvolt, companhia sueca de produção de baterias, já demonstrou interesse no projeto e já firmou a parceria. A previsão de início da fabricação das baterias é em 2025.

Um dos especialistas da Stora Enso afirma que devido à estrutura do carbono extraído das árvores é irregular, permitindo mais mobilidade de entrada e saída dos íons.

Devido a essa propriedade, as novas baterias para carros elétricos poderão ser carregadas em até 8 minutos. Caso isso seja realmente efetivado através das pesquisas em torno do projeto, será um avanço na velocidade de abastecimento dos carros elétricos.

Magda Titirici, pesquisadora do Imperial College de Londres, confirma essa possibilidade. Enquanto isso, Wyatt Tenhaeff, pesquisador da Universidade de Rochester, Nova York (EUA), alerta que para a produção de ânodos.

A substituição do grafite pela lignina precisará de muitas adaptações, para que assim, as novas baterias para carros elétricos feitas com árvores sejam comercialmente viáveis e possibilitem uma fonte de renda extra.

Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

Compartilhar em aplicativos