Carros elétricos no Brasil terão autonomia reduzida após nova regulamentação do Inmetro.
Todos os carros elétricos comercializados oficialmente no Brasil passarão por uma redução na ordem de 30% nos números de autonomia estimada pelas montadoras. Esta mudança foi divulgada recentemente pelo presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Adalberto Maluf. Por exemplo, a autonomia por carga do Kwid E-Tech, carro elétrico mais barato do Brasil, cairá de 298 km na cidade para 208 km.
Entenda a autonomia reduzida dos carros elétricos no Brasil
O objetivo da iniciativa é entregar ao consumidor dados que estão dentro da realidade dos hábitos do motorista brasileiro, que ainda não está acostumado a guiar os carros elétricos com foco em economizar bateria.
Segundo Maluf em entrevista, diversos motoristas ainda não possuem a exata noção de qual o melhor modo de frear um carro elétrico, desta forma acabam por usar o veículo da mesma maneira que um modelo a combustão e se frustram por obter uma autonomia muito distante daquela informada pelo fabricante.
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A autonomia por carga é um tema complicado, principalmente para aqueles que não estão por dentro do assunto e estão interessados em comprar o seu primeiro carro elétrico no Brasil. Os testes de aferição, por exemplo, mudam em outros países.
O resultado é um carro elétrico que pode entregar menos autonomia nos EUA e um número muito maior na Europa, por exemplo. Normalmente, as montadoras escolhem os resultados mais positivos na divulgação de novos automóveis, adicionando mais um pouco de dificuldade na escolha do consumidor.
Autonomia reduzida nos carros elétricos visa combater confusão de dados
Os responsáveis pela padronização no Brasil é o Inmetro, que utilizava, até então, os melhores cenários possíveis de condução de carros elétricos no Brasil. Agora, será justamente o oposto. Algumas montadoras ainda usam os números de alcance padrão americano, chamado de EPA ou, o Europeu, chamado de WLTP.
Um dos carros elétricos mais afetados por esta mudança de autonomia é o Volvo XC40 Recharge Plus. Enquanto sua autonomia é de 420 km no padrão europeu, o número corrigido no Brasil caiu para 231 km.
Esta iniciativa também tem como foco combater esta confusão de dados futuramente, fazendo com que mais marcas sigam este padrão nacional. O presidente ABVE conclui que será comum nos próximos anos que o motorista ultrapasse a autonomia prevista pela montadora.
Venda de carros elétricos no Brasil sobe mais de 40%
O mercado de carros elétricos no país registrou uma expansão de 41% nas vendas neste ano, de acordo com um novo levantamento da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Embora haja potencial, o setor ainda enfrenta uma grande dificuldade: a falta de infraestrutura de carregamento para carros convencionais, caminhões ou ônibus.
O último ano fechou com 49.245 veículos vendidos e uma frota circulante de 126.504 veículos. De acordo com um estudo feito pela Boston Consulting Group, a demanda de investimentos no mercado de infraestrutura brasileira de carregamento para mobilidade elétrica será de R$ 14 bilhões até a metade da próxima década. Enquanto o setor precisa de infraestrutura de carregamento para evoluir, o mercado consumidor resiste a aderir aos carros elétricos devido à falta de postos de carregamento.
Para resolver este problema, especialistas ressaltam que é necessário aderir a um plano nacional de desenvolvimento sustentável. Maluf explica que esta infraestrutura é um desafio para alguns nichos da eletromobilidade. Grande parte das recargas é realizada por pessoas no período noturno, mas houve um aumento de veículos comerciais leves, que por vezes exigem uma recarga rápida na rua.