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Carne muitas vezes deixada de lado pelos brasileiros é mais nutritiva que qualquer bife, mas sofre com preconceito, mesmo sendo mais barata

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 10/09/2025 às 13:42
Língua de boi é barata e rica em proteínas, ferro e vitaminas do complexo B. Descubra por que supera cortes tradicionais em valor nutricional.
Língua de boi é barata e rica em proteínas, ferro e vitaminas do complexo B. Descubra por que supera cortes tradicionais em valor nutricional.
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Apesar do preço mais baixo, a língua de boi ainda enfrenta barreiras culturais no consumo, mesmo sendo rica em proteínas, vitaminas e minerais que podem superar cortes tradicionais de carne bovina em valor nutricional.

Em meio à variedade de cortes disponíveis no país, a língua de boi segue pouco aproveitada, embora especialistas apontem que ela possa superar a densidade nutricional de bifes tradicionais.

Rica em proteínas e gorduras de boa qualidade, concentra vitaminas e minerais relevantes para o funcionamento do organismo, tem 70% de água em sua composição e, ainda assim, permanece subestimada pelo consumo e pela imagem.

Mesmo com preço geralmente mais baixo que cortes nobres, esbarra em barreiras culturais e no desconhecimento sobre seu valor nutricional.

Valor nutricional da língua de boi

Relatos técnicos descrevem a língua bovina como fonte de proteínas completas, com todos os aminoácidos essenciais, o que a enquadra entre as proteínas de alto valor biológico.

Esse perfil favorece processos como manutenção de massa muscular e reparo de tecidos.

Além das proteínas, o alimento entrega gorduras em proporções consideradas equilibradas entre frações saturada e monoinsaturada, combinação presente em cortes valorizados da carne bovina.

Em relação ao colesterol, a avaliação de nutricionistas situa a língua em um patamar intermediário.

Não chega aos níveis mais altos observados em alguns cortes bovinos gordurosos, porém tende a superar os valores médios do frango. Essa variação depende do tamanho da porção e, sobretudo, do modo de preparo.

Língua de boi é barata e rica em proteínas, ferro e vitaminas do complexo B. Descubra por que supera cortes tradicionais em valor nutricional.
Língua de boi é barata e rica em proteínas, ferro e vitaminas do complexo B. Descubra por que supera cortes tradicionais em valor nutricional.

Vitaminas e minerais presentes

Outro diferencial está na densidade de micronutrientes.

A língua bovina reúne ferro, zinco, fósforo, magnésio, potássio e selênio, minerais ligados ao transporte de oxigênio, à imunidade e ao equilíbrio enzimático.

No campo das vitaminas, sobressaem as do complexo B, com presença de vitamina B12, B1 (tiamina), B2 (riboflavina), B3 (niacina) e B6 (piridoxina).

Há ainda pequenas quantidades de ácido fólico, vitamina E e traços de A e D.

A vitamina C aparece em proporção modesta e perde parte do potencial durante o cozimento, processo sensível ao calor.

Apesar disso, o conjunto de vitaminas do complexo B permanece robusto após preparações culinárias usuais.

Motivo pelo qual a língua figura como alternativa eficiente para diversificar a ingestão desses nutrientes.

Composição: água, proteína e energia

A base hídrica responde por cerca de 70% do peso do alimento, dado que nem sempre aparece de forma clara em tabelas resumidas.

Esse dado ajuda a explicar textura e suculência. A energia fornecida vem quase exclusivamente de proteínas e gorduras.

A língua bovina não contém carboidratos em sua composição natural.

Esse perfil interessa a estratégias alimentares centradas em saciedade e controle de ingestão calórica, desde que a porção e a receita sejam adequadas.

O que dizem os estudos científicos

Uma publicação do Journal of Food Composition and Analysis descreveu que “a língua de boi tem potencial para se tornar um produto de alta qualidade e melhorar o consumo de proteínas, gorduras e nutrientes”.

Os autores ponderaram, contudo, que “apesar de seu potencial como carne nutritiva e acessível, poucas pesquisas foram realizadas para avaliar a composição físico-química da língua bovina”.

A indicação é clara: há espaço para consolidar dados comparativos e padronizados. Mas a evidência atual já aponta valor nutricional consistente.

Preparo influencia no valor nutricional

A técnica culinária influencia diretamente gordura final, calorias e estabilidade de vitaminas.

Métodos úmidos, como cozinhar ou ferver a peça com vegetais e ervas, preservam melhor o equilíbrio energético do prato e limitam adição de gorduras.

Já a fritura em óleo eleva o teor calórico do resultado. Além disso, pode aumentar a fração de gordura total absorvida.

Na prática, a escolha do preparo pode aproximar a língua de um perfil mais leve, sem perda de sabor.

Desde que a receita evite excesso de molhos gordurosos e acompanhamentos ricos em gordura saturada.

Proteínas de qualidade e perfil de gordura

A oferta de aminoácidos essenciais, ausentes na síntese endógena do corpo, posiciona a língua como opção eficiente para quem busca variar fontes proteicas.

Essa presença combinada de ácidos graxos saturados e monoinsaturados contribui para textura e palatabilidade.

A fração monoinsaturada é associada, em linhas gerais, a perfis lipídicos mais favoráveis quando inserida em um contexto alimentar equilibrado.

Mesmo assim, recomenda-se atenção a quantidades e frequência de consumo. Exatamente como ocorre com quaisquer cortes bovinos.

Língua de boi é barata e rica em proteínas, ferro e vitaminas do complexo B. Descubra por que supera cortes tradicionais em valor nutricional. (Foto: sabordesejado)
Língua de boi é barata e rica em proteínas, ferro e vitaminas do complexo B. Descubra por que supera cortes tradicionais em valor nutricional. (Foto: sabordesejado)

Preço baixo e consumo restrito

A despeito do custo competitivo frente a cortes nobres, o consumo permanece restrito por fatores culturais. A percepção de “carne de segunda” ainda pesa.

Esse preconceito não encontra respaldo no conteúdo nutricional descrito por especialistas.

Em regiões onde a língua integra tradições culinárias, observa-se maior aceitação e uso em receitas cozidas, ensopados e cortes frios.

Em outras áreas, o desconhecimento sobre preparo e limpeza ainda afasta consumidores. O que reforça a necessidade de informação prática e clara.

Como incluir na dieta com equilíbrio

Nutricionistas recomendam moderar porções quando a preparação eleva a presença de gorduras saturadas e colesterol. Esse é o caso de frituras e molhos pesados.

Em contrapartida, cozimentos longos em caldo aromático, com legumes e ervas, tendem a preservar proteínas e reduzir adição de gordura.

Vale lembrar que a língua, por si só, entrega proteínas de qualidade e micronutrientes estratégicos.

O impacto final no prato dependerá do conjunto de ingredientes e do tamanho da porção.

Pontos a considerar no consumo

Ao optar pela língua bovina, entram em jogo três elementos: perfil nutricional, técnica de preparo e frequência no cardápio.

O alimento reúne proteínas completas, vitaminas do complexo B em boas doses e minerais-chave. Oferece ainda perfil de gorduras equilibrado entre saturadas e monoinsaturadas.

A ausência de carboidratos simplifica o cálculo energético para dietas específicas. Desde que não se incorporem acompanhamentos hipercalóricos.

Por fim, o manejo culinário pode potencializar as qualidades ou, ao contrário, adicionar calorias desnecessárias.

Se a língua de boi reúne densidade nutricional, preço acessível e possibilidades de preparo mais leves, o que ainda falta para que ela deixe de ser vista com desconfiança e ganhe espaço na mesa dos brasileiros?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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