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Capivaras já são a 4ª maior ameaça à segurança da aviação brasileira, superando aves comuns e registrando colisões em diversos estados, segundo estudo

Escrito por Felipe Alves da Silva
Publicado em 04/09/2025 às 15:31
Capivaras em área próxima a pista de aeroporto, com aeronave ao fundo.
Capivaras representam risco crescente para operações aéreas em aeroportos brasileiros. Imagem: Reproduzida por IA
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Guia de risco de fauna desenvolvido pela UFSC em parceria com a Secretaria Nacional de Aviação Civil aponta que capivaras, maiores roedores do mundo, estão entre as espécies que mais representam perigo para operações aéreas no Brasil, com registros recentes em aeroportos de diferentes regiões.

As capivaras, consideradas o maior roedor do planeta, ganharam destaque inesperado no setor aéreo. Um estudo publicado no Guia de Espécies para Gerenciamento do Risco de Fauna revelou que esses animais já ocupam a quarta posição entre as espécies mais perigosas para a segurança da aviação no Brasil. A informação foi levantada pelo Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria com a Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC/MPor).

O levantamento teve como base dados de 2011 a 2024 da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e análises de DNA de espécies envolvidas em colisões. O urubu-de-cabeça-preta lidera o ranking, com mais de 600 ocorrências em 120 aeródromos, seguido por outras aves de grande porte.

O guia, criado para auxiliar equipes de fauna em aeroportos, lista 68 espécies com risco de colisão e classifica 30 delas como as de maior relevância para a segurança operacional.

Colisões envolvendo capivaras

De acordo com o relatório, 33 colisões com capivaras foram registradas a partir de 2019, quando esses casos começaram a ser oficialmente reportados. Em cinco ocasiões houve danos ou prejuízos às aeronaves. A fase de pouso foi a mais crítica, com 19 registros, e a arremetida foi o efeito mais comum nos voos, contabilizando quatro episódios.

As ocorrências foram confirmadas em 11 aeródromos, incluindo estados como Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Acre e Pernambuco. O porte físico do animal aumenta o risco: uma capivara pode pesar entre 27 kg e 91 kg, valor muito superior ao de aves como o urubu-de-cabeça-preta (1,18 a 3 kg) ou a seriema (1,40 a 2,20 kg).

Para mitigar o risco, especialistas recomendam medidas como cercamento de áreas operacionais, monitoramento de valas de drenagem e barreiras nas cabeceiras de pista.

Outras espécies e comparativos

Além das capivaras, o guia registra presença constante de urubus, garças, corujas, andorinhas, pombos e até morcegos. Só o urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus) esteve envolvido em 617 colisões, sendo 280 com danos.

Um dado relevante é que volume de ocorrências não significa severidade. O quero-quero, por exemplo, soma 5.939 colisões registradas, mas aparece apenas na 37ª posição do ranking, já que seu peso médio de 277 a 426 gramas torna o impacto menos danoso.

Essa diferença ajuda a explicar por que espécies de maior massa corporal, como a capivara, assumem posição de destaque, mesmo com menor número absoluto de registros.

Projeto de lei e contexto paralelo

Enquanto o setor aéreo reforça barreiras contra riscos da fauna, outro debate paralelo ocorre em Goiás, com a aprovação do projeto que autoriza a caça de javalis. O animal, considerado espécie invasora, também representa riscos tanto ambientais quanto operacionais em algumas regiões. A discussão sobre controle da fauna evidencia a complexidade de equilibrar segurança, preservação ambiental e atividades humanas em áreas estratégicas como aeroportos.

Detalhes do guia e metodologia

O guia traz descrições morfológicas, hábitos de comportamento gregário, alimentação e principais atrativos das espécies. A ideia é oferecer uma ferramenta prática e confiável para gestores aeroportuários e profissionais da aviação, ajudando na tomada de decisão em casos de risco.

Os critérios de avaliação consideraram colisões que resultaram em danos leves, graves e até impacto no voo, com base em dados sistematizados da ANAC.

Além disso, as análises de DNA permitiram confirmar a presença de espécies em episódios nos quais não havia identificação visual.

LabTrans e atuação

O LabTrans/UFSC é responsável pela pesquisa e desenvolvimento do material. O laboratório atua em projetos de engenharia de tráfego, logística, transportes aéreo, ferroviário, aquaviário, rodoviário e urbano.

Segundo os pesquisadores, a presença de fauna em áreas de aeródromos é um risco iminente e exige monitoramento constante. O fenômeno é conhecido internacionalmente como wildlife strike ou bird strike.

O guia ainda destaca que a proximidade de áreas verdes, rios e ambientes urbanos influencia a atração de animais para aeroportos. No caso das capivaras, a presença de valas de drenagem e corpos d’água próximos às pistas aumenta o risco de invasão.

Medidas preventivas

Entre as ações recomendadas, além do cercamento físico, estão campanhas educativas nas comunidades próximas aos aeroportos, uso de barreiras vegetais planejadas e reforço na análise de impacto operacional.

A combinação de estratégias busca reduzir tanto o número de colisões quanto a gravidade dos episódios.

A informação foi divulgada em detalhes pelo portal Aeroin, que ressaltou que os dados de 2011 a 2024 oferecem uma visão inédita sobre as ameaças à aviação nacional.

Na sua opinião, quais medidas deveriam ser priorizadas para reduzir o risco de colisões com animais nos aeroportos brasileiros: mais cercas, monitoramento tecnológico ou até ações junto às comunidades do entorno?

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Felipe Alves da Silva

Profissional com formação militar pelo Exército Brasileiro e experiência em gestão administrativa e logística no setor industrial. Escreve sobre defesa, segurança, geopolítica, indústria automotiva, ciência e tecnologia. Sugestões de pauta: fa06279@gmail.com

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