1. Início
  2. / Economia
  3. / Câmara aprova PL que proíbe uso de animais em carroças — penas de até 8 anos e risco de atingir milhares de trabalhadores que dependem deste meio
Tempo de leitura 3 min de leitura Comentários 0 comentários

Câmara aprova PL que proíbe uso de animais em carroças — penas de até 8 anos e risco de atingir milhares de trabalhadores que dependem deste meio

Publicado em 12/09/2025 às 12:16
Tração animal, Carroças, Cavalos, Projeto de lei
Imagem ilustrativa: IA
  • Reação
  • Reação
2 pessoas reagiram a isso.
Reagir ao artigo

Projeto de Lei 176/2023, aprovado pela Comissão de Viação e Transportes, endurece punições por maus-tratos, mas divide opiniões entre proteção animal e riscos de exclusão social para trabalhadores vulneráveis

A Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 176/2023, apresentado pelos deputados Delegado Matheus Laiola (União-PR) e Delegado Bruno Lima (PP-SP). O texto prevê a criminalização do uso de veículos de tração animal e amplia a punição para casos de maus-tratos.

A proposta altera a Lei de Crimes Ambientais e estabelece penas de 1 a 4 anos de prisão, além de multa. Em situações de lesão grave ou morte do animal, a punição pode alcançar até 8 anos de reclusão.

O que muda com o projeto

Se aprovado em todas as instâncias, o projeto valerá em todo o território nacional. Ainda precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e pelo Plenário da Câmara, antes de seguir ao Senado.

O texto proíbe o uso de equinos, asininos, muares, caprinos e bovinos para puxar carroças ou carregar mercadorias.

Também veta animais em circos, apresentações e atividades de entretenimento. Para essas situações, a pena varia de 2 a 5 anos, dobrando em caso de morte.

Apesar da rigidez, foram incluídas exceções. Entre elas, estão o uso de cavalos em esportes e lazer, como turfe e hipismo, além da equoterapia.

Também estão liberadas as montarias por forças de segurança e a agricultura familiar de subsistência, desde que sejam respeitadas boas práticas de manejo.

Argumentos contrários ao projeto

Embora a proposta tenha o objetivo de proteger animais, gerou forte reação de entidades sociais e setores ligados ao meio rural. O principal ponto levantado é a ausência de um plano de transição.

Milhares de trabalhadores dependem da tração animal para sobreviver. Catadores de recicláveis e famílias de baixa renda podem ser diretamente prejudicados.

Sem alternativas viáveis de transporte e geração de renda, a exclusão social tende a aumentar.

Em regiões rurais, o uso de animais ainda é indispensável para levar suprimentos e mercadorias em locais de difícil acesso.

Críticos alertam que, sem políticas públicas específicas, a criminalização pode aprofundar desigualdades.

Questões de constitucionalidade

Outro argumento levantado diz respeito à possível inconstitucionalidade da proposta. Para opositores, o projeto não garante condições mínimas de dignidade para trabalhadores que exercem atividades lícitas de sobrevivência.

Esse impasse coloca em pauta um dilema complexo: como equilibrar justiça social e proteção animal.

Enquanto defensores destacam a necessidade de punir maus-tratos, críticos lembram que direitos fundamentais de cidadãos em situação vulnerável também precisam ser respeitados.

Divergências no Congresso

O relator, deputado Bruno Ganem (Pode-SP), defendeu o projeto. Para ele, a tração animal já não tem peso relevante no transporte brasileiro.

O parlamentar destacou a importância de avançar no combate à crueldade contra animais.

Entidades como a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e representantes de catadores argumentam, no entanto, que qualquer mudança deve vir acompanhada de alternativas concretas.

Sem programas de apoio financeiro e geração de renda, afirmam, a proposta pode agravar a pobreza urbana e rural.

Entre avanços e desafios

Mesmo entre críticos, há reconhecimento de que o texto representa um passo importante para ampliar a proteção animal.

Porém, a falta de medidas de transição social é considerada um risco significativo.

Enquanto defensores comemoram a criminalização, setores sociais pedem responsabilidade e planejamento. Para eles, justiça ambiental não pode significar injustiça social.

O PL 176/2023 expõe a dificuldade de conciliar interesses distintos. De um lado, a urgência em combater maus-tratos.

Do outro, a necessidade de preservar a subsistência de trabalhadores em situação de vulnerabilidade. O desfecho dependerá do equilíbrio que o Congresso decidir adotar.

Com informações de Compre Rural.

Aplicativo CPG Click Petroleo e Gas
Menos Anúncios, interação com usuários, Noticias/Vagas Personalizadas, Sorteios e muitos mais!
Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Romário Pereira de Carvalho

Já publiquei milhares de matérias em portais reconhecidos, sempre com foco em conteúdo informativo, direto e com valor para o leitor. Fique à vontade para enviar sugestões ou perguntas

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x