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Cadê os bilhões vindos da China? Era dos megainvestimentos do gigante asiático no Brasil acabou? País tem mostrado novo foco e Brasil não é mais o centro dos investimentos

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 18/09/2024 às 08:40
O Brasil caiu de líder para quarto em investimentos chineses na América Latina. O que está por trás dessa mudança e quais são as oportunidades futuras?
O Brasil caiu de líder para quarto em investimentos chineses na América Latina. O que está por trás dessa mudança e quais são as oportunidades futuras?

Brasil perde sua posição como principal destino de investimentos chineses na América Latina, agora caindo para a quarta posição. Com a diminuição dos grandes aportes, o foco mudou para projetos menores e energias renováveis.

A era de ouro dos investimentos chineses no Brasil pode estar chegando ao fim. Por quase uma década, o Brasil foi o destino preferido dos aportes chineses na América Latina. No entanto, o cenário atual sugere uma mudança significativa.

O país que outrora liderou o ranking de investimentos caiu para a quarta posição nos últimos cinco anos, atrás de Chile, Peru e México.

O que está por trás dessa mudança drástica e quais são os impactos futuros para o Brasil? Continue lendo para descobrir a nova realidade dos investimentos chineses na região.

A Queda no Ranking

Segundo o relatório “Investimentos Chineses no Brasil 2023 — Novas Tendências em Energias Verdes e Parcerias Sustentáveis”, elaborado pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), o Brasil, que já foi o principal destino dos investimentos chineses na América Latina, caiu para a quarta posição.

No ano passado, o país recebeu US$ 1,73 bilhão (aproximadamente R$ 10 bilhões), um crescimento de 33% em relação a 2022, mas ainda assim, o segundo menor valor registrado desde 2009.

O Peru liderou em 2023, atraindo impressionantes US$ 3 bilhões. A queda do Brasil reflete uma tendência mais ampla: os investimentos da China na América Latina estão em declínio.

Um relatório do think tank americano Inter-American Dialogue revela que os aportes chineses na região despencaram de uma média de US$ 14,2 bilhões entre 2010 e 2019 para apenas US$ 6,4 bilhões em 2022.

Mudanças Estruturais no Foco dos Investimentos

Apesar dessa queda, especialistas acreditam que não se trata de um desinteresse da China, mas sim de “mudanças estruturais”.

A BBC News Brasil ouviu especialistas que explicam que as empresas chinesas estão direcionando seus investimentos para projetos menores, como energias renováveis e veículos elétricos, alinhados com os planos de desenvolvimento de Pequim.

O foco em projetos de menor escala financeira não significa o fim dos grandes investimentos chineses na região.

Em alguns países, ainda estão surgindo empreendimentos significativos nas áreas de energia, mineração e infraestrutura tradicional, afirma Tulio Cariello, autor do relatório do CEBC e diretor de conteúdo e pesquisa da entidade.

Cariello também destaca que, embora o número de projetos chineses no Brasil tenha diminuído, o percentual de projetos realizados aumentou de 27% para 88% entre 2022 e 2023.

O Brasil ainda é o terceiro maior destino de projetos chineses desde o início da série histórica em 2007.

A Nova Fase dos Investimentos

Jorge Heine, ex-ministro de Ativos Nacionais do Chile e ex-embaixador chileno em Pequim, atualmente professor na Universidade de Boston, destaca que os investimentos chineses na América Latina passaram por três fases principais. Inicialmente, concentraram-se em commodities como mineração e petróleo.

Em seguida, houve uma onda de investimentos em infraestrutura, especialmente no Chile e na Argentina. Atualmente, a ênfase está em energias renováveis, com destaque para o lítio.

Heine ressalta que projetos significativos incluem a aquisição de fábricas de veículos elétricos no Brasil e investimentos em energia pela State Grid. Esses investimentos não apenas atendem às necessidades de desenvolvimento da região, mas também representam uma colaboração positiva com a China.

A Competição Regional

Embora o Brasil continue sendo o principal destino para investimentos chineses na América Latina, representando 39% do total desde 2003, sua liderança tem sido desafiada por outros países.

O Chile, por exemplo, emergiu como o principal destino para investimentos chineses na região após 2016, com grandes aportes na exploração de lítio.

O Peru também tem atraído investimentos substanciais no setor de mineração, e o México tem se destacado em Tecnologia da Informação e manufatura de alto padrão.

Peru e Chile se uniram à Iniciativa Cinturão e Rota em 2015 e 2018, respectivamente, enquanto Brasil e México não participam desse projeto desenvolvimentista chinês.

Oportunidades Futuras

Especialistas acreditam que o crescimento dos investimentos chineses em “novas infraestruturas” representa uma grande oportunidade para o Brasil, especialmente nos setores vinculados à transição energética.

A presença de empresas como BYD e Great Wall, que estão assumindo fábricas de veículos elétricos no Brasil, é um sinal positivo para o futuro.

Com uma taxa de poupança de cerca de 40% do PIB, a China possui um volume significativo de capital em busca de boas oportunidades de retorno.

Com a diminuição das taxas de retorno dentro da China e restrições impostas pelos Estados Unidos e Europa, esse capital está se deslocando para o Sul Global, beneficiando países da região.

O Brasil, com sua matriz energética limpa, reservas de minerais críticos e outras vantagens comparativas, pode se destacar como um parceiro importante da China.

Se conseguir colaborar com a China na transição para a energia verde, isso poderá ser extremamente positivo para o país.

E agora, o que você acha dessa mudança no cenário de investimentos? A era dos megainvestimentos da China no Brasil realmente chegou ao fim, ou o país ainda pode recuperar sua posição de destaque? Compartilhe sua opinião nos comentários!

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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