Decisão do governo brasileiro sobre impostos pode alterar cenário da indústria automotiva no país, após pedido da BYD para facilitar importação de kits de veículos chineses. Medida é debatida em meio à expansão do setor elétrico nacional.
O governo brasileiro avalia medidas que podem beneficiar a indústria automobilística da China no Brasil após um pedido formal da montadora BYD, empresa chinesa que ampliou sua atuação no país nos últimos meses.
Nesta segunda-feira (28), o portal Brasil 360 revelou que o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex) — órgão que reúne representantes de 11 ministérios da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — realizará uma reunião extraordinária para decidir sobre solicitações que, caso aprovadas, podem reduzir impostos para veículos importados em regime de kits.
A reunião ocorre dois dias antes do início das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, anunciadas pelo governo dos Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump.
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Segundo interlocutores ouvidos por jornais nacionais, não há relação direta entre a data da reunião e a implementação das novas tarifas norte-americanas.
Redução de impostos para veículos eletrificados
O principal pleito em análise é da BYD, que solicitou ao governo federal a redução da alíquota de importação dos chamados kits SKD (Semi Knocked Down, veículos semimontados) e CKD (Completely Knocked Down, veículos totalmente desmontados).
Atualmente, a taxação sobre kits SKD para carros elétricos é de 18% e para kits CKD é de 20%.
A proposta da BYD é reduzir esses percentuais para 5% nos elétricos e 10% nos híbridos, buscando equiparar o regime brasileiro ao de outros mercados estratégicos onde a empresa atua.
Presença e expansão da BYD no Brasil
A presença da BYD no Brasil vem crescendo de forma expressiva desde junho de 2025, quando a empresa iniciou suas operações em Camaçari, na Bahia.
O complexo industrial instalado no local deve ser oficialmente inaugurado em agosto, com a presença já confirmada do presidente Lula.
Segundo declarações recentes do chefe do Executivo, a BYD é responsável por promover “uma revolução na indústria automobilística brasileira”, principalmente ao investir em veículos movidos a eletricidade e sistemas híbridos.
A estratégia da empresa no país consiste na importação de veículos praticamente prontos da China, que são finalizados em solo brasileiro a partir dos kits CKD e SKD.
Tal modelo permite acelerar a oferta de novos modelos eletrificados no mercado nacional e otimizar a estrutura fabril local. Contudo, o movimento não é isento de críticas.
Reação da indústria nacional
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) manifestou-se contrária à flexibilização das alíquotas para kits importados.
Em comunicados enviados ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e ao ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, a entidade alertou para os possíveis impactos negativos da medida sobre a produção local.
Para a Anfavea, a redução das taxas pode comprometer a competitividade das fábricas já instaladas no Brasil, especialmente diante da política de incentivos à reindustrialização defendida pelo governo.
Avanço do setor de veículos eletrificados
Atualmente, a indústria automobilística nacional passa por um momento de transformação, com o aumento da participação de veículos elétricos e híbridos.
Dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostram que, até julho de 2025, as vendas de carros eletrificados superaram 60 mil unidades, um aumento de 30% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A chegada de novas montadoras e o avanço tecnológico do setor tendem a intensificar a concorrência no mercado brasileiro, que hoje abriga fábricas de grandes grupos como Volkswagen, General Motors, Stellantis, Honda e Toyota.
Impacto econômico na Bahia
A Bahia, escolhida pela BYD para sediar seu novo polo industrial, passa por uma reestruturação econômica desde o encerramento das atividades da Ford em Camaçari, em 2021.
O investimento chinês é visto como fundamental para gerar empregos e retomar o dinamismo do setor automotivo local.
O governo estadual, liderado por Jerônimo Rodrigues, tem reiterado apoio ao projeto, destacando o potencial de inovação e sustentabilidade da fábrica da BYD.
Debate sobre políticas de incentivo e abertura comercial
A política de incentivos e tarifas do setor automotivo, contudo, permanece tema de debate entre diferentes atores econômicos e políticos.
O Brasil historicamente adota políticas protecionistas para fomentar a indústria local, mas, diante da crescente pressão por eletrificação e abertura comercial, a discussão sobre a redução de impostos para montadoras estrangeiras ganhou força.
Segundo especialistas, medidas desse tipo podem atrair investimentos internacionais e acelerar a modernização da frota nacional, mas também trazem desafios para o equilíbrio produtivo interno.
Influência global da indústria automobilística da China no Brasil
O avanço de montadoras chinesas no Brasil, como a BYD, reflete o movimento global do setor automobilístico, em que empresas asiáticas têm ampliado sua presença nos principais mercados ocidentais.
A China lidera a produção mundial de veículos elétricos e exporta tecnologias de ponta para diferentes continentes.
No cenário brasileiro, esse fenômeno pressiona fabricantes tradicionais a investir em inovação e eficiência energética.
Você acredita que a redução de impostos para a BYD pode impulsionar a inovação e os empregos no Brasil ou vai intensificar a concorrência desleal com a indústria nacional?
Na minha opinião, o governo federal tem que atuar com responsabilidade no que diz respeito a redução de impostos às empresas A ou B, porque isto pode impactar na **** produtiva nacional.
SIM. Acredito que reduzir impostos, vamos atrair mas investimentos de empresas estrangeiras, aumentando a concorrência interna, resulta em oferta de veículos mais tecnológicos e qualidade superior e melhores preços.
A empresa está se estabelecendo no Brasil, e no meu ponto de vista deve ter um certa flexibilidade em poder trazer materiais que ainda não podem ser produzidos na planta, bem como aqueles dos quais o Brasil ainda não pode fabricar. Implantar uma fábrica ainda mais automobilística demanda tempo e se esta tem a possibilidade de poder se firmar importando os materias necessários para que possa se estabelecer com segurança e poder já começar amortizar seus investimentos deve ser encorajada, claro que deve haver um cronograma de desenvolvimento para que o máximo do que seja necessário seja produzido no Brasil ou seja adquirido de fabricantes nacionais.