Complexo em Camaçari marca o início da produção nacional da BYD e simboliza nova fase da indústria automotiva brasileira
A BYD Brasil inaugurou oficialmente, nesta quinta-feira (9 de outubro de 2025), sua primeira fábrica de veículos elétricos e híbridos no Brasil. A unidade fica em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (Bahia). O investimento, que ultrapassa R$ 5,5 bilhões, impulsiona o avanço da mobilidade elétrica no país e marca uma nova etapa para a indústria automotiva nacional.
A cerimônia aconteceu às 11h30 e contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também estiveram o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Participaram ainda o presidente global da BYD, Wang Chuanfu, e o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues. Segundo a Secretaria de Comunicação da Presidência, o evento simboliza um novo marco na reindustrialização brasileira e reforça o compromisso do governo com o crescimento sustentável.
Nova era da mobilidade elétrica no Brasil
Com a inauguração, o país finalmente entra para o grupo de nações com produção própria de veículos elétricos e híbridos, o que fortalece o parque industrial brasileiro e impulsiona a inovação tecnológica. Além disso, o complexo de Camaçari demonstra o compromisso da empresa em gerar empregos qualificados, promover o desenvolvimento sustentável e fortalecer a economia local.
-
Chevrolet Bolt 2027: autonomia de 410 km, recarga ultrarrápida e preço mais barato
-
Remover o tapete de borracha, puxar o cabo de liberação mecânica e empurrar a porta: Jovens morrem carbonizados em Tesla Cybertruck por não conseguirem abrir a porta após acidente
-
Novo Porsche Cayenne Electric revela interior futurista com telas gigantes luxo extremo e personalização sem limites
-
Funcionário aciona Tesla na Justiça e pede R$ 270 milhões após ser nocauteado por robô em fábrica
A produção inicial traz o BYD Dolphin Mini, hoje o carro elétrico mais vendido no Brasil. Também inclui os híbridos BYD Song Pro (GL/GS) e BYD King (GL/GS). Conforme informações da empresa, a fábrica alcançará capacidade total de produção até 2026, enquanto amplia gradualmente suas linhas de montagem. Dessa forma, o Brasil se consolida na rota global da mobilidade elétrica, atraindo investimentos, gerando empregos e fortalecendo sua competitividade no setor automotivo.
Investimento e impacto econômico na Bahia
O investimento de R$ 5,5 bilhões, anunciado em julho de 2023, viabilizou a modernização do antigo polo industrial da Ford, fechado em 2021. Essa decisão devolve à Bahia o protagonismo na indústria automobilística e estimula a economia local com novas vagas diretas e indiretas. Além disso, impulsiona a cadeia produtiva e contribui para o desenvolvimento regional.
De acordo com o governo baiano, cerca de 1,5 mil trabalhadores compõem o quadro atual da BYD em Camaçari. Entretanto, apenas 300 funcionários participaram da inauguração. Após críticas do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, a empresa decidiu liberar a presença dos demais colaboradores, que acompanharam o evento do lado externo.
O sindicalista Júlio Bonfim declarou que “negar ao trabalhador o direito de comemorar é um ato de exclusão”. Ele reforçou que a valorização dos profissionais é essencial para o sucesso da empresa e para o fortalecimento do setor. Apesar da polêmica, a BYD não divulgou nota oficial sobre o caso. O episódio, contudo, reacendeu discussões sobre o papel social das montadoras estrangeiras e sobre a importância do diálogo transparente com os trabalhadores, além de ressaltar a necessidade de uma gestão mais participativa.
Relações trabalhistas e desafios enfrentados
A trajetória da BYD na Bahia apresenta avanços e desafios desde o início do projeto. Durante a fase de obras, em março de 2024, o Ministério Público do Trabalho (MPT) iniciou investigação sobre condições análogas à escravidão em contratos terceirizados. Além disso, surgiram reclamações sobre discriminação etária, com alegações de que profissionais experientes foram preteridos por candidatos mais jovens.
Nos últimos meses, entretanto, a relação entre a empresa e o sindicato evoluiu significativamente. Em setembro de 2025, ambos aprovaram um acordo coletivo que elevou o piso salarial de R$ 1.950 para R$ 2.067, com retroativos a julho e agosto. Após três meses, o valor chegará a R$ 2.273 mensais, conforme registro no MPT. Essa conquista reforça o compromisso da montadora com o diálogo, fortalece as relações de trabalho e demonstra a importância da negociação coletiva para o avanço do setor.
Dessa maneira, a superação das divergências trabalhistas evidencia uma nova fase de diálogo, estabilidade e amadurecimento nas relações entre empresa e colaboradores.
Expectativas e projeções para o futuro
Com a operação em andamento, a BYD pretende expandir suas atividades no Brasil e ampliar a produção de componentes elétricos. Além disso, a empresa planeja, até 2027, criar centros de pesquisa e capacitação tecnológica em parceria com universidades baianas, incentivando a inovação, o desenvolvimento e a formação de mão de obra qualificada.
Segundo o presidente Lula, a inauguração representa “um novo ciclo de reindustrialização verde no Brasil”. Ele afirmou que “a Bahia volta a produzir e a gerar empregos de qualidade”, destacando o impacto positivo da BYD na economia nacional.
Assim, o evento de 9 de outubro de 2025 simboliza não apenas o avanço da BYD no mercado latino-americano, mas também o reposicionamento da indústria brasileira em direção à transição energética global. Esse avanço reforça o compromisso do país com o crescimento sustentável, com a inovação e com a consolidação de uma economia mais limpa e competitiva.