Sistema de pagamento instantâneo do Brics avança em testes finais, promete reduzir custos internacionais e criar alternativa ao dólar, com previsão de lançamento ainda em 2025. O modelo é inspirado no Pix e aposta em interoperabilidade digital.
O Brics Pay, apelidado de “Pix do Brics”, entrou na reta final antes do lançamento. Segundo a Revista Exame, em matéria publicada nesta quinta-feira (15), o serviço está em fase avançada de testes com parceiros e a estreia ao público está prevista para o fim de setembro de 2025.
A proposta é permitir transferências instantâneas entre países do bloco, com menor custo e risco, substituindo a mensageria tradicional por um modelo descentralizado.
Lançamento e testes do Brics Pay
De acordo com a Exame, os pilotos ocorrem em ambiente controlado para aferir estabilidade, segurança e experiência do usuário antes da expansão em larga escala.
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O desenho contempla desde pagamentos de viagem até operações entre empresas exportadoras, o que pode reduzir fricções em transações internacionais de pequeno e médio porte.
“O feedback dessas fases iniciais tem sido muito encorajador, e continuamos dentro do cronograma anunciado”, afirmou o executivo Andrey Mikhailishin.
Ainda há ajustes de infraestrutura em curso, mas a expectativa é estrear um núcleo funcional e, a partir dele, ampliar a cobertura geográfica e os casos de uso.
O serviço nasce com foco em complementar, e não substituir, os arranjos existentes nos países do Brics.
Como funciona a tecnologia do Brics Pay
O Brics Pay foi concebido para operar com um Decentralized Cross-border Messaging System (DCMS), sistema de mensageria de base distribuída inspirado em blockchain.
Em vez de uma entidade central como o SWIFT, a validação das mensagens ocorre em nós da rede.
A proposta prioriza a liquidação em moedas locais e a integração com sistemas nacionais e comerciais já em operação.
O acesso será feito por carteiras digitais em aplicativos móveis, com pagamentos via QR Code.
Nesse desenho, participantes ajustam rotas e parâmetros de conversão de forma transparente, reduzindo infraestruturas paralelas e custos de reconciliação.
Embora inspirado em tecnologias distribuídas, o objetivo é interoperar com o que já existe.
IOF, câmbio e custos de transação
Especialistas avaliam que a conversão direta entre moedas locais tende a encurtar etapas e despesas.
Para o professor Maurício Godoi (Saint Paul Escola de Negócios), uma vantagem do arranjo é evitar a incidência de “dois IOFs” em operações de pagamento internacional, por não passar pelo dólar como intermediário.
“Na transação por esse meio de pagamento instantâneo se faz a conversão direta entre duas moedas locais, como real em yuan”, disse.
Segundo ele, isso reduz a exposição cambial e agiliza as transações comerciais. O impacto tributário dependerá do desenho regulatório e de como cada país enquadrará a operação.
Ainda assim, a eliminação de etapas de intermediação tende a diminuir prazos e tarifas em operações internacionais de pequeno valor.
Dependência do dólar e investigações dos EUA
O Brics Pay também é visto como tentativa de reduzir a dependência do dólar nas transações do bloco. A Casa Branca acompanha o tema.
O governo dos EUA, por meio do USTR, abriu em julho de 2025 uma investigação comercial que cita o Pix entre elementos do ecossistema digital brasileiro que poderiam afetar empresas americanas.
Mesmo assim, o professor João Ricardo Costa Filho (FGV) avalia que a hegemonia do dólar se sustenta em três pilares: sistemas de pagamento, profundidade do sistema financeiro e função de reserva de valor.
Segundo ele, o Brics Pay se relaciona apenas ao primeiro. “Sozinho, ainda não é suficiente para criar um ativo que rivalize com a moeda americana”, disse.
Conforme a Exame, os efeitos imediatos podem aparecer em inclusão financeira e digital, especialmente em regiões mal atendidas por meios tradicionais. Nesse contexto, empresas globais de cartões podem sentir mais pressão competitiva do que o próprio dólar.
Linha do tempo do Brics Pay
A ideia do Brics Pay foi apresentada em 2018, com foco em facilitar despesas de viajantes e expatriados.
Em 2021, foi criada uma força-tarefa para o desenvolvimento do serviço comum. Em 2022, começaram os testes em diferentes formatos.
Em 2024, foram acordados princípios fundamentais e iniciados os testes de varejo. O avanço aparece nos relatórios do Conselho Empresarial dos BRICS, que reúne capítulos nacionais e aprova recomendações de trabalho.
No varejo, o BRICS Pay QR é descrito como ponte entre sistemas internacionais, nacionais e comerciais.
O acesso será por carteiras digitais em smartphones, com pagamentos nas moedas nacionais. A arquitetura busca interoperabilidade e escalabilidade para cobrir transações cotidianas transfronteiriças.
Integração com o Pix prevista para 2025
O planejamento do grupo inclui interoperabilidade com o Pix. Segundo Mikhailishin, há um “otimismo cauteloso” de que, até o fim de 2025, seja possível anunciar um gateway Brics Pay–Pix.
Na prática, brasileiros poderiam usar o Pix no exterior via QR Code.
Visitantes estrangeiros, por sua vez, poderiam pagar no Brasil utilizando instrumentos de seus países, com conversão feita pela plataforma Brics Pay.
Esse desenho pode reduzir atritos em turismo e comércio de baixo tíquete. As regras locais e o papel de bancos e fintechs serão determinantes para a adoção inicial.
Expectativas para setembro de 2025
A versão pública prevista para setembro de 2025 deve priorizar casos de uso com maior prontidão técnica e regulatória.
A expansão será gradual, em ondas, conforme a infraestrutura amadureça. O ganho virá de conectar sistemas nacionais já existentes, padronizar mensagens e reduzir intermediários.
O verdadeiro teste será garantir baixa latência, segurança e conformidade em múltiplas jurisdições.
Considerando o prazo anunciado, qual desses setores deve ser o primeiro a apresentar impactos práticos com o Brics Pay: turismo, comércio de varejo ou operações entre empresas exportadoras?
Chora Adolf trump