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BRICS, ouro e yuan: como a desdolarização ameaçaria o império financeiro dos EUA

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 25/07/2025 às 12:00
E se o mundo parar de financiar os EUA? Entenda o risco global da dívida americana
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Com a dívida dos EUA ultrapassando US$ 36 trilhões, países como China e Japão já reduzem sua exposição aos títulos americanos. Mas o que ocorre se o mundo todo parar de financiá-la?

A dívida dos EUA é hoje um dos pilares do sistema financeiro global. Mais de cem países mantêm parte de suas reservas internacionais em títulos do Tesouro americano, confiando na segurança da moeda e na previsibilidade de sua economia. Mas essa confiança vem sendo abalada por ações unilaterais, disputas comerciais e um endividamento crescente.

Desde o colapso do sistema de Bretton Woods em 1971 até as tensões mais recentes com China, México e União Europeia, a dívida dos EUA se tornou um tema geopolítico. A pergunta que se impõe agora é: e se os credores decidirem parar de financiar essa máquina trilionária?

O colapso da confiança e o início do risco sistêmico

BRICS, ouro e yuan: como a desdolarização ameaça o império financeiro dos EUA

A dívida pública americana atingiu US$ 36 trilhões em 2024, equivalente a cerca de 120% do PIB do país, segundo o Tesouro dos EUA. Essa escalada começou a ganhar força nos anos 70, após o fim da conversão do dólar em ouro. Desde então, o governo dos EUA financia déficits recorrentes com a emissão de títulos como os T-Bonds e T-Bills, vendidos a investidores e bancos centrais ao redor do mundo.

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Por décadas, isso funcionou bem. O dólar era a principal moeda de comércio internacional, e os EUA, um porto seguro para investimentos. Mas, com o aumento da imprevisibilidade política e fiscal — como os pacotes agressivos de tarifas de Donald Trump ou o “One Big Beautiful Bill Act” — a percepção de risco aumentou. Investidores passaram a exigir juros maiores, e países como China, Japão e Rússia começaram a reduzir sua exposição à dívida americana.

Se o mundo parar de comprar a dívida dos EUA: os impactos diretos

BRICS, ouro e yuan: como a desdolarização ameaça o império financeiro dos EUA
Gráfico @ecodescomplica

Se a demanda global por títulos americanos continuar caindo, os efeitos seriam imediatos. O Tesouro dos EUA teria que elevar os juros para atrair compradores, tornando mais caro o financiamento da própria dívida. Isso aumentaria o custo de empréstimos, afetando consumidores, empresas e até o orçamento militar — que sozinho responde por cerca de 40% dos gastos militares do mundo.

Além disso, a inflação poderia disparar se o dólar enfraquecer frente a outras moedas, reduzindo seu poder de compra. Isso forçaria o Federal Reserve a subir ainda mais os juros, agravando o problema. Em um cenário extremo, se os EUA não conseguirem rolar a dívida, o país enfrentaria risco de calote, abalo sem precedentes para os mercados globais.

A crescente desdolarização e os riscos de um mundo multipolar

A queda na confiança já se reflete nas reservas internacionais. A China, segundo maior credor da dívida dos EUA, reduziu sua participação de 79% em 2005 para 58% em 2015. Em 2024, o país manteve cerca de US$ 759 bilhões em títulos americanos, menor nível desde 2009, conforme dados do Tesouro norte-americano. Ao mesmo tempo, Pequim vem aumentando suas reservas em ouro e moedas alternativas, sinalizando um movimento de desdolarização.

O grupo dos BRICS e países asiáticos como Vietnã e Coreia do Sul também vêm ampliando acordos em moedas locais, o que reduz a dependência do dólar. Isso pressiona ainda mais os EUA, que historicamente contavam com o fato de que seu déficit poderia ser financiado por países interessados em manter reservas em dólares.

Efeitos globais de um eventual colapso da dívida americana

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Caso os EUA cheguem ao ponto de não conseguir mais financiamento externo suficiente, o país teria que cortar gastos públicos ou imprimir mais moeda, o que levaria à desvalorização do dólar e fuga de capitais. Isso abalaria a posição do dólar como moeda de reserva global, abrindo espaço para o euro, yuan ou moedas de blocos econômicos regionais.

Num cenário extremo, o mundo migraria para um sistema financeiro multipolar, com novas moedas ganhando relevância no comércio global. Isso também traria instabilidade: grande parte dos contratos internacionais, reservas cambiais e transações de commodities ainda são lastreadas em dólar. Uma crise da dívida dos EUA geraria efeito dominó em bancos, fundos de pensão e governos ao redor do mundo.

Você acha que a dívida dos EUA já passou do limite? O dólar continuará sendo a moeda dominante nos próximos anos? Comente abaixo e compartilhe sua visão!

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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