Arábia Saudita diz não ao BRICS: rivalidade com o Irã e laços com os EUA pesaram na decisão. Saiba mais sobre as tensões e implicações globais!
A decisão da Arábia Saudita de não aderir ao BRICS, grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, causou surpresa no cenário geopolítico global. Apesar do interesse inicial, Riad optou por manter distância do bloco, levantando dúvidas sobre a coesão interna e os rumos do grupo. Entenda os principais motivos por trás dessa recusa e as suas possíveis implicações.
O que é o BRICS e qual é seu propósito?
O BRICS surgiu como um conceito em 2001, cunhado pelo economista Jim O’Neill, para descrever as economias emergentes com alto potencial de crescimento: Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2009, o grupo foi formalizado com o objetivo de promover uma ordem global multipolar, fortalecer a influência das potências emergentes e reduzir a dependência das instituições ocidentais, como o G7.
Desde então, o BRICS tem trabalhado para aumentar a cooperação econômica, sendo um marco a criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) em 2015, voltado para financiar projetos em países em desenvolvimento. Mais recentemente, a estratégia do BRICS+ começou a incluir novos países convidados, como Argentina, Irã, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e a própria Arábia Saudita.
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Por que a Arábia Saudita recusou entrar no BRICS?
A decisão de Riad foi baseada em fatores econômicos, políticos e estratégicos. A seguir, exploramos os principais motivos:
1. Rivalidade com o Irã
Um dos fatores centrais é a tensão histórica entre Arábia Saudita e Irã, dois rivais regionais que disputam influência no Oriente Médio. A entrada recente do Irã no BRICS agravou as preocupações sauditas, já que dividir o mesmo espaço político com Teerã poderia enfraquecer os interesses estratégicos de Riad.
A disputa entre os dois países, que se reflete em guerras por procuração, como o conflito no Iêmen, tornou a convivência no bloco impraticável. A participação de ambos no BRICS poderia aprofundar as divisões internas do grupo.
2. Falta de estrutura institucional no BRICS
Outro ponto crítico para a Arábia Saudita é a ausência de uma estrutura institucional robusta no BRICS. Diferentemente de blocos como a União Europeia, o BRICS não possui um secretariado permanente, um parlamento ou mecanismos claros de tomada de decisão. Essa falta de organização limita a capacidade do grupo de implementar uma agenda comum de forma eficiente.
O próprio presidente russo, Vladimir Putin, já reconheceu a necessidade de aprimorar a estrutura do BRICS para que ele se torne mais efetivo em suas ações.
3. Relações estratégicas com os Estados Unidos
A Arábia Saudita mantém uma aliança histórica e estratégica com os Estados Unidos, especialmente em áreas como defesa e cooperação econômica. Embora Riad tenha buscado diversificar suas parcerias com China e Rússia, a adesão ao BRICS poderia ser interpretada como um alinhamento antiamericano, algo que seria contraproducente para seus interesses nacionais.
Desde a invasão russa da Ucrânia, o BRICS tem sido cada vez mais visto como uma plataforma de confronto com os EUA, especialmente sob a influência de Moscou e Pequim. Para os sauditas, esse alinhamento poderia prejudicar seus acordos estratégicos e econômicos com Washington.
4. O pragmatismo da política externa saudita
Sob a liderança do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, a Arábia Saudita tem adotado uma política externa pragmática e de equilíbrio. O país busca fortalecer suas relações com diversas potências globais, sem comprometer sua autonomia. Essa postura reflete o desejo de Riad de manter um equilíbrio estratégico em um cenário internacional multipolar.
Para os sauditas, aderir ao BRICS poderia limitar sua capacidade de se posicionar como um ator independente, sobretudo em um bloco onde Rússia e China têm forte influência.
O BRICS está se tornando antiocidental?
A percepção de que o BRICS está se transformando em uma ferramenta geopolítica para Rússia e China contestarem os interesses ocidentais levanta preocupações tanto para países de fora quanto para os próprios membros do grupo. Iniciativas como o uso de moedas locais e a criação de sistemas alternativos de pagamento visam reduzir a dependência do dólar, mas também refletem a agenda de confronto de Moscou e Pequim.
Essa postura pode gerar resistência interna, especialmente em países como o Brasil, que mantêm relações pragmáticas com os Estados Unidos e buscam evitar alinhamentos excessivamente polarizados.
O pragmatismo saudita prevalece
A recusa da Arábia Saudita em aderir ao BRICS reflete as complexidades geopolíticas de um mundo multipolar. Embora o grupo tenha potencial para remodelar a ordem global, suas divisões internas, a falta de institucionalização e a agenda de confronto com o Ocidente dificultam sua consolidação.
Para Riad, manter uma posição equilibrada entre as grandes potências é mais vantajoso do que comprometer suas alianças estratégicas com os Estados Unidos. A decisão saudita também expõe os desafios do BRICS em construir uma agenda unificada que atenda aos interesses de seus membros, sem aprofundar as tensões regionais ou ideológicas.