Em uma reviravolta surpreendente, a Bravo Motor abandona Minas Gerais e aposta R$ 25 bilhões na Bahia para construir uma fábrica de baterias para carros elétricos. A mudança, repleta de tensões políticas e econômicas, promete agitar o setor automotivo no Brasil. Será que a Bahia será o novo polo de veículos elétricos do país?
Minas Gerais perde uma chance de ouro? Uma verdadeira batalha de bastidores e negociações frustradas culminou na saída da Bravo Motor Company do estado.
O projeto grandioso de R$ 25 bilhões para a construção de uma fábrica de baterias de lítio em Nova Lima foi oficialmente transferido para São Sebastião do Passé, na Bahia.
Essa mudança marca uma virada dramática na história das negociações, levantando questões sobre o futuro do setor automotivo elétrico no Brasil e os impactos econômicos e políticos dessa decisão.
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Segundo o jornal O Fator, a desistência de Minas Gerais se deu após uma série de desentendimentos entre a empresa e o governo mineiro, além da Prefeitura de Nova Lima.
A Bravo Motor Company, responsável pelo projeto, e as autoridades locais não chegaram a um acordo satisfatório, resultando na migração do projeto para o estado da Bahia.
O protocolo de intenções assinado em março de 2021, que previa um investimento de R$ 25 bilhões ao longo de dez anos, se desfez devido à falta de garantias financeiras e ao alto risco envolvido na empreitada.
As discordâncias começaram quando a Bravo solicitou aportes públicos para viabilizar o projeto. Conforme divulgou o Fator, tanto o Palácio Tiradentes quanto a Prefeitura de Nova Lima se mostraram resistentes em liberar recursos, principalmente pela ausência de investidores privados e a falta de garantias apresentadas pela empresa para assegurar o retorno financeiro.
A Prefeitura chegou a oferecer um terreno para a construção da planta, mas exigiu que a Bravo comprovasse a viabilidade financeira do projeto antes de qualquer avanço.
De acordo com Eduardo Javier Muñoz, CEO da Bravo Motor no Brasil, o estado de Minas Gerais não deu o suporte necessário para a execução do projeto, apesar dos acordos com empresas renomadas do setor de automação como Rockwell Automation, SMC e ABB.
“Essas empresas acreditaram no potencial da nossa proposta, firmando acordos conosco e anunciando essas parcerias em seus websites em diversos idiomas”, afirmou Muñoz ao jornal.
Em contraste, o governo mineiro, representado por João Paulo Braga, presidente da InvestMinas, afirmou que o estado ofereceu todo o apoio possível, mas que a empresa não conseguiu cumprir as exigências necessárias para o avanço do projeto, como a obtenção de uma linha de crédito junto ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).
Braga confirmou que, na visão do governo, a Bravo não apresentou um plano financeiro sólido, o que inviabilizou a continuidade das negociações.
De acordo com o jornal, uma fonte anônima da Prefeitura de Nova Lima revelou que a Bravo Motor fez pedidos que não constavam no protocolo de intenções inicial, incluindo um financiamento de R$ 30 milhões para pesquisa e desenvolvimento, a ser depositado em um banco estadual.
Com a transferência para a Bahia, a Bravo Motor espera encontrar um ambiente mais favorável para seu empreendimento. Segundo Muñoz, o estado baiano oferece incentivos claros e uma infraestrutura adequada para o desenvolvimento de um polo de veículos elétricos, já contando com a presença de outras empresas como a BYD. A localização estratégica próxima a portos também foi um fator decisivo para a mudança.
O futuro da Bravo Motor no Brasil agora depende do sucesso da nova empreitada na Bahia. A mudança é vista pela empresa como um “até logo” para Minas Gerais, e não um adeus definitivo, conforme declarou Muñoz. “Esperamos que haja uma nova oportunidade para voltarmos a considerar Minas Gerais no futuro”, disse ele.