Segundo estudos do BRG, a geração de energia a gás natural no Brasil pode crescer 20 GW até 2040, passando de 9% para 15% na matriz energética
O Brasil deve ser o centro da nova atividade de demanda de gás natural liquefeito (GNL) na América Latina, pelo menos na próxima década, de acordo com especialistas que falaram em um webinar na semana passada organizado pelo Instituto das Américas.
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“O gás continua sendo o combustível de transição no Brasil porque permite a maior penetração possível da energia eólica e solar”, disse Roberto Ferreira da Cunha, diretor da consultoria BRG Energy e Climate para a América do Sul. Ele acrescentou que o Brasil tem 10 novas fábricas de importação de GNL em diferentes fases de estudos.
De acordo com pesquisas do BRG, a geração de energia a gás natural no Brasil pode crescer 20 GW até 2040, passando de 9% para 15% na matriz energética.
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A energia a gás natural é usada principalmente como reserva de energia hidrelétrica no Brasil, e a vantagem do GNL está na flexibilidade em relação a outras opções de abastecimento, segundo Ferreira. “Às vezes o GNL é apenas o cais”, disse Ferreira, mesmo com a unidade flutuante de regaseificação sendo alugada.
Argentina e Chile, que desenvolveram quatro terminais de regaseificação na primeira década do século, verão uma necessidade decrescente de importações de GNL e uma otimização da infraestrutura existente, na ausência de uma “grande reversão das tendências globais”. O Chile adiou indefinidamente seu terceiro projeto de importação de GNL definido para Concepción.
O México também está vendo uma queda nas importações de GNL de seus dois terminais em Altamira e Manzanillo, com o foco agora em potenciais instalações de exportação emergentes na costa do Pacífico usando gás dos EUA e focado nos mercados asiáticos.
Fora do Brasil, a Colômbia também pode exigir GNL adicional como uma opção de backup durante os períodos de baixa hidrologia. Como o Brasil, a rede elétrica da Colômbia é altamente dependente da energia hidrelétrica.
Preços competitivos
Christopher Goncalves, Presidente e Diretor Executivo da BRG, disse que vê apenas aumentos moderados de preços em Henry Hub até 2025, levando a preços estáveis de GNL para a América do Sul de cerca de US$ 5-7/MMBtu.
Ele disse que há “uma boa chance de que um imposto sobre o carbono seja instituído nos Estados Unidos” a partir de 2022, levando a uma redução inicial do GNL dos Estados Unidos para os mercados internacionais.
Mas, dadas as condições do mercado, os preços não devem ser muito impactados, o que é uma prova de “diversidade de oferta, flexibilidade de oferta e liquidez do comércio”.
O Brasil está passando por uma transformação que abre oportunidades de mercado para players de gás natural e GNL
No início deste mês, a Câmara dos Deputados do Brasil aprovou uma estrutura regulatória para o setor de gás natural, abrindo caminho para uma abertura semelhante à observada no mercado de gás do México nos últimos seis anos.
O projeto de lei inclui restrições aos participantes do mercado que operam em diferentes segmentos do mercado de gás, o que efetivamente quebraria o monopólio da Petrobras. O projeto também garante o livre acesso aos dutos, um esquema tarifário baseado no mercado e uma política de armazenamento.
“É um momento muito emocionante para o Brasil”, disse Ferreira, que indicou que o projeto exigia anos de debate. Agora vai para o Senado e exige sanção presidencial, mas essas duas etapas são “menos desafiadoras”.
O Brasil também abriga um dos maiores desenvolvimentos offshore de petróleo do mundo, o que significa quantidades crescentes de gás associado. Também importa gás natural da Bolívia por gasoduto, e também houve novas conversas sobre um gasoduto da formação de xisto de Vaca Muerta, no oeste da Argentina, até a cidade de Porto Alegre, no sul do Brasil.
Fonte: NGI – Natural Gas Intelligence