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Brasil surpreende com novas descobertas de Terras Raras: reveladas concentrações até 6 vezes maiores que na China e 12 vezes superiores às de Cuba

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 14/08/2025 às 10:16
Brasil surpreende com novas descobertas de Terras Raras: reveladas concentrações até 6 vezes maiores que na China e 12 vezes superiores às de Cuba
Brasil surpreende com novas descobertas de Terras Raras: reveladas concentrações até 6 vezes maiores que na China e 12 vezes superiores às de Cuba
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Nova descoberta em Caçapava do Sul revela concentração de terras raras até 6 vezes superior à da China. Brasil pode se tornar protagonista global na mineração estratégica.

Uma nova pesquisa científica liderada por universidades brasileiras revelou a existência de solos e rochas com altíssima concentração de elementos de terras raras (ETRs) em Caçapava do Sul, na região central do Rio Grande do Sul. A descoberta pode colocar o Brasil entre os principais protagonistas mundiais da mineração desses elementos essenciais para a indústria de alta tecnologia.

Uma descoberta promissora no interior do RS

A expedição científica que resultou nessa identificação foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e segue em andamento até dezembro de 2026. A frente de pesquisa é composta por cientistas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade do Pampa (Unipampa).

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O foco principal está nas rochas de carbonatito, especialmente na formação conhecida como Picada dos Tocos, rica em minerais estratégicos como apatita, pirocloro, monazita-(Ce) e aeschynita-(Ce). Também foram identificadas concentrações importantes de nióbio e tântalo, outros elementos de alto valor industrial.

Segundo o professor Marcelo Barcellos da Rosa, do Departamento de Química da UFSM e coordenador do projeto, o solo local apresenta níveis de terras raras até 12 vezes superiores aos encontrados em Cuba e seis vezes maiores que os da China, país que lidera atualmente a produção global.

Por que “terras raras” são tão valiosas?

Apesar do nome, os elementos de terras raras não são escassos na natureza — o termo se refere à dificuldade de extração e separação dos elementos, geralmente encontrados em concentrações muito diluídas ou em locais de difícil acesso.

Esses elementos são indispensáveis para a fabricação de uma vasta gama de produtos tecnológicos e sustentáveis, como:

  • Imãs permanentes de alto desempenho usados em motores elétricos e turbinas eólicas;
  • Sensores de movimento e velocidade;
  • Dispositivos eletrônicos como notebooks, smartphones, câmeras e discos rígidos;
  • Catalisadores automotivos e baterias de veículos elétricos;
  • E até mesmo tecnologias militares e aeroespaciais.

Ou seja, dominar a cadeia produtiva das terras raras é sinônimo de soberania tecnológica.

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Brasil: segundo maior em reservas, mas ainda dependente de importações

Com essa nova descoberta, o Brasil reforça seu papel como potência mineral ainda adormecida. Segundo dados da UFSM e do Serviço Geológico do Brasil, o país possui cerca de 23% das reservas conhecidas de terras raras no mundo, atrás apenas da China. No entanto, produz e exporta muito pouco — a maior parte da atividade mineradora nacional na área ainda depende de investimentos estrangeiros.

As principais jazidas brasileiras de terras raras estão localizadas em:

  • Araxá, Poços de Caldas e Tapira (MG);
  • Catalão e Minaçu (GO);
  • Jacupiranga e Itapirapuã (SP);
  • Pitinga (AM).

Com a identificação do potencial em Caçapava do Sul, o Rio Grande do Sul pode se tornar o novo epicentro da mineração estratégica no Brasil.

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Sustentabilidade e pesquisa ambiental também fazem parte da missão

Além de medir a concentração de terras raras, o projeto também estuda a relação dos minerais com o ecossistema local. A UFSM está coordenando a coleta de amostras de solo, água e vegetação, enquanto a Unipampa realiza estudos sobre impactos ambientais e biodiversidade. A UFRGS, por sua vez, é responsável pela caracterização mineralógica das rochas.

De acordo com o pesquisador Lucas Mironuk Frescura, uma das plantas nativas analisadas foi a carqueja, que absorveu as terras raras do solo, o que pode representar um bioindicador natural de presença desses elementos — uma ferramenta poderosa para futuras prospecções com menor impacto ambiental.

Um avanço em meio a uma crescente corrida internacional por minerais críticos

A identificação de novas descobertas de terras raras em solo brasileiro é um avanço estratégico em meio a uma crescente corrida internacional por minerais críticos. Com a transição energética global e o avanço da eletrificação, o domínio sobre esses elementos será crucial.

Se o Brasil conseguir explorar suas reservas de forma sustentável, ética e com participação nacional significativa, pode se tornar um dos protagonistas da nova economia verde global. A descoberta em Caçapava do Sul é apenas o começo de uma mudança profunda que pode gerar empregos, atrair indústrias e colocar o país como fornecedor estratégico de tecnologia limpa.

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Débora Araújo

Débora Araújo é redatora no Click Petróleo e Gás, com mais de dois anos de experiência em produção de conteúdo e mais de mil matérias publicadas sobre tecnologia, mercado de trabalho, geopolítica, indústria, construção, curiosidades e outros temas. Seu foco é produzir conteúdos acessíveis, bem apurados e de interesse coletivo. Para sugestões de pauta, correções ou contato direto: deborasthefanecruz@gmail.com

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