O Itamaraty detalha respostas à investigação dos EUA sobre supostas práticas comerciais do Brasil, abordando pix, tarifas, entre outros.
O Itamaraty protocolou na noite desta segunda-feira (18/08/2025) a resposta oficial à investigação dos EUA sobre supostas práticas comerciais brasileiras consideradas desleais. O documento detalha ponto a ponto alegações que incluem o uso do pix, políticas de tarifas, combate à corrupção, propriedade intelectual, barreiras ao etanol norte-americano e desmatamento ilegal.
Segundo o governo brasileiro, a resposta reforça o compromisso com uma parceria estratégica com os EUA e um comércio justo e aberto.
Desde que o presidente Donald Trump anunciou a abertura da ação pelo USTR (Representante Comercial dos EUA), ele tem afirmado que o Brasil tem sido um parceiro comercial desfavorável.
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O Itamaraty rebateu a afirmação, destacando que o superávit comercial dos EUA em relação ao Brasil evidencia que os norte-americanos são beneficiados pelo comércio bilateral e que ambos os países realizam investimentos significativos um no outro.
Pix e comércio digital: Brasil nega discriminação contra empresas dos EUA
A maior parte do documento de 91 páginas foi dedicada ao Pix. O governo esclarece que a ferramenta do Banco Central:
É uma infraestrutura pública, aberta e neutra;
Promove inclusão financeira e concorrência;
Não discrimina empresas estrangeiras, incluindo Google Pay;
Exigências regulatórias são aplicadas a todos, sem distinção.
O Itamaraty comparou o Pix ao FedNow, sistema similar do Federal Reserve norte-americano, e destacou que decisões do STF sobre responsabilidade de plataformas eletrônicas se aplicam apenas a casos graves, como terrorismo e pornografia infantil, seguindo padrões internacionais.
A proteção de dados, regulamentada pela LGPD, também não impede transferências de informações aos EUA, exigindo apenas salvaguardas contratuais.
Tarifas preferenciais: Brasil rebate acusações do tarifaço
Em relação às alegações de que o Brasil favoreceria produtos de outros países em detrimento dos EUA, o Itamaraty afirma que:
Preferências a países como Índia e México decorrem de acordos do Mercosul, em conformidade com regras da OMC;
73,7% das exportações norte-americanas entram no Brasil sem tarifas;
O superávit comercial dos EUA confirma que o país se beneficia da relação bilateral.
O governo brasileiro classifica essas alegações de “infundadas”, destacando que não há políticas que discriminem empresas norte-americanas.
Combate à corrupção: reformas e alinhamento internacional
O USTR também questionou o combate à corrupção no Brasil. A resposta do Itamaraty detalha que o país:
- Fortaleceu a CGU (Controladoria-Geral da União) e a Polícia Federal;
- Aprimorou a Lei Anticorrupção, alinhada à FCPA dos EUA;
- Coopera com organismos internacionais como OCDE e ONU;
- Mantém políticas que não prejudicam empresas norte-americanas.
Propriedade intelectual: Brasil reforça alinhamento com tratados internacionais
O governo brasileiro destacou ações como:
- Modernização do INPI e uso de ferramentas digitais;
- Redução do backlog de patentes;
- Adesão ao PCT e Protocolo de Madri;
- Cooperação ativa com os EUA em projetos de propriedade intelectual.
O Itamaraty reforçou que tais iniciativas estão alinhadas a normas internacionais, incluindo o TRIPS da OMC.
Barreiras ao etanol: políticas sustentáveis e não discriminatórias
Os EUA acusam o Brasil de impor barreiras ao etanol norte-americano. Em resposta, o Itamaraty argumenta que:
- As políticas protegem o desenvolvimento sustentável do setor de biocombustíveis;
- Tarifas estão dentro de compromissos do Mercosul e OMC;
- O Brasil e os EUA são líderes globais em biocombustíveis e historicamente cooperam no setor.
Desmatamento ilegal: medidas de controle e compromisso ambiental
Por fim, o governo rejeitou a ideia de que políticas ambientais configurariam prática comercial desleal. Entre as medidas destacadas:
- Redução do desmatamento com monitoramento constante;
- Fortalecimento do Ibama e ICMBio;
- Implementação do PPCDAm;
- Cumprimento do Acordo de Paris e cooperação internacional em sustentabilidade.
O Itamaraty reforça que o Brasil busca conciliar crescimento econômico, proteção ambiental e uma relação equilibrada com os EUA.