Portos inexistentes, 18 mil quilômetros de oceano aberto e pouca carga explicam por que a rota ainda é um sonho distante.
A ideia de uma rota marítima direta entre Brasil e China pelo Pacífico Sul desperta interesse estratégico e geopolítico. Em teoria, encurtaria prazos, reduziria custos logísticos e reposicionaria a América do Sul no comércio global.
Na prática, porém, esse projeto enfrenta obstáculos quase intransponíveis. A ausência de portos de apoio, a distância de 18 mil quilômetros e a baixa demanda de carga inviabilizam o plano. O sonho de atravessar o Pacífico Sul como eixo central do comércio mundial esbarra em limitações técnicas, econômicas e políticas.
A herança histórica do Pacífico
Séculos antes das grandes potências modernas, povos polinésios já desafiavam o Pacífico em canoas, guiados pelas estrelas.
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Há indícios de que alguns chegaram até a América do Sul, mas nenhum trajeto direto entre Chile e Austrália se consolidou.
Mesmo o império espanhol, após conquistar o Chile, falhou ao tentar expandir rotas comerciais pela região.
Lendas de galeões desaparecidos, como o navio San Lesmes em 1526, mostram como a travessia sempre foi marcada por riscos extremos, tempestades e incertezas.
O vazio logístico do Pacífico Sul
O principal entrave da rota entre América do Sul e Oceania é a falta de infraestrutura.
Quase não existem ilhas habitadas ou portos de abastecimento ao longo de milhares de quilômetros. Isso significa que navios ficariam expostos a jornadas sem suprimentos, reparos ou proteção contra ciclones e tsunamis.
Estudos já cogitaram construir ilhas artificiais como pontos de apoio, mas o custo seria astronômico.
Além disso, a legislação internacional não reconhece ilhas artificiais como territórios plenos, o que abriria disputas diplomáticas com Austrália, Chile, Nova Zelândia e potências como EUA e China.
Por que Austrália e Chile não têm uma rota direta
Além dos desafios físicos, há fatores econômicos. Austrália e Chile têm estruturas de exportação muito semelhantes: minérios, carnes e produtos agrícolas.
Em vez de se complementarem, competem nos mesmos mercados. Isso reduz o interesse em uma ligação direta, já que não existe volume de carga suficiente para justificar investimentos bilionários.
O comércio de ambos está voltado majoritariamente para a Ásia, EUA e Europa.
A rota entre eles continua sendo secundária diante de corredores mais consolidados e lucrativos.
Onde o Brasil entra nessa equação
O Brasil aparece como um potencial protagonista na discussão.
Com forte relação comercial com a China, poderia se beneficiar de uma linha direta pelo Pacífico Sul, reduzindo a dependência do Canal do Panamá.
Para commodities como soja, minério de ferro e carne, o ganho logístico seria significativo.
No entanto, os especialistas apontam que sem demanda suficiente e sem infraestrutura mínima, a rota não se sustenta.
Hoje, os custos e os riscos superam qualquer possível vantagem, tornando o projeto mais uma especulação estratégica do que uma alternativa real.
A criação de uma rota direta entre Brasil e China pelo Pacífico Sul permanece no campo das ideias.
Portos inexistentes, distância colossal e baixa viabilidade econômica fazem desse plano uma utopia marítima.
Você acredita que novas tecnologias, como navios autônomos ou portos artificiais, poderiam mudar esse cenário? Ou o Pacífico Sul continuará sendo um vazio no comércio global? Deixe sua opinião nos comentários.