Com matriz energética limpa e indústria em transformação, o Brasil desponta como candidato a se tornar um polo global de carros elétricos até 2030, com potencial de gerar R$ 200 bilhões anuais e 400 mil empregos verdes até 2050.
O Brasil pode se tornar um polo global de carros elétricos até o fim da década. O país, que já é o maior mercado automotivo da América Latina e o sexto do mundo, reúne condições únicas para liderar a eletrificação de veículos na região. Estudos apontam que o setor pode movimentar R$ 200 bilhões por ano e criar 400 mil empregos verdes até 2050, em áreas como produção de baterias, softwares embarcados e infraestrutura de recarga.
De acordo com o portal do oGlobo, esse cenário é impulsionado por dois fatores principais: uma matriz elétrica majoritariamente limpa, com mais de 80% da geração proveniente de fontes renováveis, e o avanço das montadoras que já investem em eletrificação. A Scania, BYD, Renault e GWM estão entre as fabricantes que aceleram planos locais de produção, transformando o país em um ambiente favorável para o desenvolvimento da indústria de veículos elétricos e híbridos.
A vantagem energética e o salto industrial
Um dos diferenciais estratégicos do Brasil é que, ao contrário de outras economias, a eletricidade não é uma vilã ambiental.
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As emissões de CO₂ da matriz elétrica brasileira representam pouco mais de 1% do total nacional, segundo o Instituto Acende Brasil.
Esse dado torna o país um terreno fértil para a eletrificação de frotas sem comprometer o equilíbrio climático, especialmente em setores de alto impacto, como o transporte rodoviário de cargas responsável por 14% das emissões de carbono nacionais.
De acordo com o movimento Gigantes Elétricos, que reúne empresas e instituições voltadas à transição energética, a eletrificação pode criar um ciclo econômico sustentável: estimular investimentos privados, gerar empregos qualificados e fortalecer cadeias produtivas locais.
O Brasil tem o que muitos países não têm energia limpa e base industrial instalada, e isso pode colocá-lo na dianteira da nova economia automotiva.
R$ 200 bilhões por ano e novos empregos verdes
O estudo do Acende Brasil, em parceria com a consultoria Mirow & Co., estima que o ecossistema da eletrificação pode movimentar R$ 200 bilhões anuais até 2030.
Só a infraestrutura de recarga deve gerar R$ 14 bilhões por ano, enquanto o aumento da demanda elétrica pode adicionar R$ 10 bilhões anuais em receitas às distribuidoras de energia.
Além do impacto econômico, há o potencial de geração de 400 mil novos empregos verdes até 2050 — número que pode dobrar para 800 mil com o avanço de novas tecnologias e a requalificação de trabalhadores da cadeia automotiva tradicional.
“Os empregos nos motores a combustão não vão desaparecer serão redirecionados para biocombustíveis e etanol, mas os elétricos abrirão novas frentes de trabalho e inovação”, explica Clemente Gauer, da Associação Brasileira dos Proprietários de Veículos Inovadores (Abravei).
Investimentos em andamento e o papel das montadoras
Os investimentos já começaram. Montadoras instaladas no Brasil preveem R$ 140 bilhões em aportes até 2030, incluindo R$ 8,5 bilhões apenas em caminhões elétricos, segundo a Anfavea.
A Scania, por exemplo, está investindo R$ 2 bilhões entre 2025 e 2028 para adaptar sua planta paulista à produção de veículos elétricos.
Em agosto de 2025, iniciou a fabricação de ônibus elétricos no país, com previsão de expansão para caminhões dentro de dois anos.
Empresas privadas também se movimentam. A JBS, por meio da subsidiária No Carbon, multiplicou por nove sua frota elétrica entre 2022 e 2025 de 31 para 281 caminhões elétricos dedicados a entregas urbanas.
O Mercado Livre já opera 2.200 veículos elétricos e 220 caminhões movidos a biometano no Brasil, evitando a emissão de mais de 11 mil toneladas de CO₂.
A Coca-Cola Femsa soma 110 caminhões e 78 empilhadeiras elétricas, fruto de um investimento de R$ 103 milhões ao longo de 14 anos.
Infraestrutura e autonomia: os grandes desafios
Apesar do avanço, a eletrificação ainda caminha em marcha lenta. Desde 2021, o país emplacou apenas 1.600 caminhões elétricos, contra 548 mil a combustão no mesmo período.
O preço também é uma barreira: um caminhão elétrico custa cerca de R$ 600 mil, aproximadamente 20% mais caro que o modelo a diesel.
Para Ricardo Bastos, presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), a virada depende de escala e infraestrutura de recarga.
“Precisamos de mais corredores de abastecimento e baterias com maior autonomia para distâncias acima de 500 km.
Acredito que o transporte de longa distância será o próximo passo, mas ainda há obstáculos tecnológicos e logísticos”, afirma.
O caminho até 2030 e a transformação da frota brasileira
Os próximos cinco anos serão decisivos. O Acende Brasil projeta que, até 2030, a frota de veículos híbridos e elétricos ultrapassará 1 milhão de unidades no Brasil, com predomínio dos híbridos flex que combinam eletricidade e etanol.
Incentivos fiscais estaduais e municipais, como isenção do rodízio em São Paulo e redução de IPVA, também impulsionam a transição.
Especialistas afirmam que o país pode se tornar um polo exportador de veículos eletrificados para a América do Sul, aproveitando sua posição geográfica e o avanço de acordos comerciais regionais.
Com planejamento, políticas industriais e investimentos coordenados, o Brasil pode liderar a mobilidade limpa no hemisfério sul.
O Brasil está diante de uma oportunidade histórica: transformar sua base industrial e energética em vantagem competitiva global.
O potencial para se tornar um polo global de carros elétricos é real, mas exige ação coordenada entre governo, setor privado e sociedade.
E você, acredita que o país tem condições de liderar a revolução dos carros elétricos até 2030? Ou os altos custos e a falta de infraestrutura ainda são barreiras intransponíveis? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem acompanha de perto essa mudança.