Programa Brasil Semicon e parcerias internacionais miram autonomia tecnológica, geração de empregos e exportações até 2030
O Brasil deu um passo estratégico rumo à soberania tecnológica com a criação do Programa Brasil Semicondutores (Brasil Semicon), aprovado em 2024 e já em operação. Com foco nos semicondutores nacionais, o plano busca reduzir a dependência externa, estimular a indústria local e impulsionar o uso de nióbio em baterias de alta performance.
A nova fase da política industrial, articulada pelo governo federal, integra a chamada Nova Indústria Brasil (NIB) e destina R$ 21 bilhões em incentivos fiscais até 2026. Empresas como Samsung, HT Micron e Ceitec estão entre as beneficiadas, com destaque para projetos no Sul e na Zona Franca de Manaus.
Brasil aposta alto nos semicondutores nacionais
O ponto central da estratégia brasileira está na produção de semicondutores nacionais, setor responsável por 90% das importações em eletrônicos, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). A Lei nº 14.968/2024, que criou o Brasil Semicon, garante incentivos tributários para empresas que invistam em pesquisa, design, fabricação e exportação de chips.
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De acordo com dados oficiais, os benefícios fiscais devem gerar até R$ 24,8 bilhões em contrapartidas privadas e atrair R$ 186 bilhões em investimentos totais para a transformação digital da indústria brasileira. O vice-presidente Geraldo Alckmin liderou a articulação da nova legislação, afirmando que ela “eleva o Brasil a outro patamar na cadeia global de valor”.
Outro pilar da política é a modernização da Lei de Informática, que desde 1991 já destinou mais de R$ 7 bilhões anuais para a indústria de tecnologia. A nova versão da lei, atualizada em setembro de 2024, incluiu explicitamente os semicondutores e estendeu os incentivos até 2029.
Chips com nióbio prometem revolução em baterias
Além da fabricação de chips, o Brasil também aposta na aplicação do nióbio em baterias de lítio. A CBMM, líder mundial no setor, investiu R$ 400 milhões em uma fábrica em Araxá (MG) com capacidade para 3 mil toneladas anuais de óxido de nióbio, usado para aumentar a densidade energética e reduzir o tempo de recarga.
Em parceria com empresas como Toshiba, Volkswagen e Horwin Brasil, já estão em testes baterias que prometem recarga de 80% em apenas 10 minutos e durabilidade de até 15 mil ciclos. A expectativa é que esse tipo de tecnologia ganhe espaço em veículos elétricos e aplicações industriais nos próximos anos.
Parcerias, RISC-V e futuro da autonomia digital
Para garantir maior independência tecnológica, o Brasil se tornou membro premium da aliança RISC-V International em 2024, permitindo o desenvolvimento local de processadores de código aberto. A tendência, já aplicada em supercomputadores e dispositivos IoT, foi tema do evento RISC-V Brasil, realizado em junho de 2024 com apoio do MCTI e do Instituto Eldorado.
Segundo estudo da ResearchGate, o país pode reduzir em até 30% a importação de chips até 2030. Hoje, o Brasil importa cerca de US$ 5 bilhões por ano em semicondutores, valor que pressiona a balança comercial e expõe a indústria nacional a riscos logísticos e geopolíticos.
Empresas como HT Micron (em parceria com a coreana Hana Micron) e a estatal Ceitec já atuam na produção de chips no Sul do país, com R$ 1 bilhão investido e geração de mais de mil empregos apenas em 2025.
Cenário global e desafios para o Brasil
O mercado global de semicondutores deve movimentar US$ 630 bilhões em 2024, segundo a World Semiconductor Trade Statistics. Apesar da desaceleração em alguns mercados, o Brasil aposta no crescimento interno e na substituição de importações como estratégia de longo prazo.
A ministra Luciana Santos (MCTI) destacou que a adesão ao RISC-V e os projetos com nióbio colocam o Brasil em posição de protagonismo. “Estamos construindo uma base tecnológica soberana, com inovação aberta e foco na reindustrialização verde”, afirmou em evento oficial.
Com incentivos fiscais robustos, parcerias internacionais e uso estratégico de matérias-primas como o nióbio, os semicondutores nacionais se tornam um pilar da nova política industrial brasileira. Se mantido o ritmo atual, o país poderá reduzir sua dependência externa, exportar chips com tecnologia própria e gerar milhares de empregos de alto valor agregado.
Você acredita que o Brasil pode se tornar referência em semicondutores até 2030? Comente sua opinião abaixo.