País extenso e rodoviário dificulta transição elétrica
A CEO da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou nesta terça-feira, 2 de setembro de 2025, que eletrificar completamente a frota brasileira é uma missão extremamente difícil.
A executiva explicou que o país enfrenta barreiras estruturais e geográficas que limitam o avanço dos carros 100% elétricos.
Durante o evento Bloomberg New Voices, realizado em São Paulo (SP), ela defendeu que o Brasil caminhará rumo a um futuro automotivo predominantemente híbrido.
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A proposta considera a combinação entre motores elétricos e combustíveis fósseis.
Para a dirigente da estatal, essa abordagem reduzirá a demanda por derivados de petróleo de forma mais realista.
Transição energética exige alternativas viáveis
Além disso, Chambriard declarou que, apesar de ser entusiasta dos combustíveis fósseis, reconhece a importância de diminuir seu consumo.
Por isso, ela aposta nos veículos híbridos plug-in como caminho mais eficaz do que os elétricos puros.
Segundo ela, essa tendência já está em curso no Brasil.
A CEO ressaltou que a extensão territorial do país e sua dependência logística do transporte rodoviário tornam a eletrificação completa da frota uma tarefa quase impossível.
Como justificativa, citou que o Brasil é maior que a distância entre Moscou e Lisboa.
A executiva ainda afirmou que o país é gigantesco, roda sobre rodas e depende da cesta básica sendo transportada por caminhões.
Matriz energética brasileira é considerada referência
Magda Chambriard enfatizou, ainda durante sua fala, que o Brasil já serve de exemplo mundial em matriz limpa.
A Petrobras desempenhou um papel fundamental para que o Brasil alcançasse os 52% de matriz energética limpa, segundo ela.
Além disso, a expectativa da executiva é de que o país atinja 64% de energia renovável até 2050.
Ela destacou que esse avanço reforça a posição brasileira na transição energética global.
Para complementar, afirmou que o petróleo extraído no Brasil tem baixa emissão de gases de efeito estufa.
Esse nível de emissão, segundo Chambriard, é menor quando comparado à média mundial.
ESG e baixa emissão do petróleo nacional foram destacados
A executiva reforçou que o setor de óleo e gás brasileiro, embora responsável por 25% das emissões de gases de efeito estufa no país, está comprometido com práticas ESG.
Comparando com o cenário global, Chambriard destacou que no restante do mundo esse número chega a ultrapassar 60%.
Com isso, defendeu que o Brasil vem acelerando na transição energética de maneira consistente e realista.
Ela também afirmou que o petróleo brasileiro possui índices de emissão bastante baixos.
Isso, segundo a CEO, reforça a competitividade e sustentabilidade da produção nacional.
Disputa comercial com EUA não preocupa Petrobras
Na mesma ocasião, Magda comentou sobre a guerra comercial impulsionada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo ela, o petróleo brasileiro não foi alvo direto de tarifas, o que minimizou os impactos sobre a Petrobras.
Além disso, enfatizou que os produtos da companhia podem ser facilmente direcionados a outros mercados.
Ela citou Índia e China como exemplos de destinos viáveis, mesmo diante de tensões comerciais.
Autoridades indianas teriam demonstrado interesse crescente na compra de derivados brasileiros, incluindo petróleo e outros combustíveis.
Expectativa de diálogo com os EUA segue positiva
Sobre a postura do governo brasileiro nas negociações com a Casa Branca, Chambriard declarou que, por esse motivo, espera uma boa condução por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Além disso, ela destacou que, historicamente, Lula tem se mostrado habilidoso em firmar bons acordos e manter o diálogo internacional ativo.
Por essa razão, a CEO afirmou que confia plenamente no potencial do presidente, visto que ele costuma agir com equilíbrio nas relações comerciais.
Consequentemente, Chambriard acredita que Lula pode garantir mares mais calmos entre Brasil e Estados Unidos, mesmo diante de turbulências geopolíticas.
Em outras palavras, a executiva aposta que, com diálogo e estratégia, Lula evitará rupturas comerciais e manterá canais abertos com a Casa Branca.
Ela disse: “O que eu espero de Lula é o que ele faz de melhor, que é uma boa conversa e o atingimento de bons acordos”.