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Brasil desenvolve microrreatores nucleares para levar energia limpa a regiões isoladas

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 22/07/2025 às 16:45
Microrreator nuclear compacto em contêiner azul sobre plataforma de concreto
Modelo de microrreator nuclear projetado para fornecer energia limpa a comunidades isoladas no Brasil
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Projeto nacional pretende substituir geradores a diesel e garantir fornecimento contínuo com baixa emissão

O Brasil avança no desenvolvimento de microrreatores nucleares com o objetivo de levar energia elétrica limpa a regiões remotas.
Em 2024, nove instituições públicas e privadas, incluindo universidades, institutos de pesquisa e a Marinha do Brasil, uniram forças para criar reatores compactos e autônomos.
Esses equipamentos serão capazes de operar por até 10 anos sem recarga.
Com dimensões semelhantes a um contêiner de 40 pés, eles fornecerão entre 1 e 5 megawatts por unidade.
Essa potência é suficiente para abastecer mil pessoas, conforme explicou o físico João Manoel Losada Moreira, da UFABC.
Esses reatores utilizarão tecnologia inspirada em sistemas espaciais.
Eles funcionarão sem emissão de gases do efeito estufa e com operação contínua e segura.

Equipamento compacto garante segurança e estabilidade energética

A tecnologia está atualmente no nível 3 da escala TRL, ainda em fase de testes laboratoriais.
O objetivo é atingir o nível 6 até 2027, validando funções críticas em ambiente real.
Os microrreatores usarão grafita ou berílio para desacelerar nêutrons durante a fissão nuclear.
Essa estratégia substitui a água aquecida usada em reatores tradicionais.
O calor gerado pode chegar a 800 °C e será transferido por heat pipes com sódio puro.
Esse método elimina a necessidade de pressurização, aumentando a segurança da operação.
Segundo Jesualdo Luiz Rossi, do IPEN, o controle da fissão utilizará carboneto de boro, material cerâmico de alta dureza.
Essa tecnologia é conhecida no exterior, mas ainda não é produzida no Brasil.

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Microrredes e controle remoto ampliam a autonomia do sistema

Para operar com eficiência em locais remotos, os microrreatores contarão com controle remoto digital desenvolvido pelo Inatel e pelo IEN.
Esse sistema permitirá operação à distância e integração com microrredes locais de energia.
As microrredes podem combinar energia solar, eólica e nuclear.
Essa junção garante estabilidade ao fornecimento, especialmente em locais com energia intermitente.
O projeto inclui uma estrutura de contenção em aço, que isolará o reator em caso de falhas.
De acordo com Moreira, a baixa potência operacional e a ausência de líquidos refrigerantes facilitam o resfriamento em desligamentos.
Isso torna os microrreatores mais seguros que grandes reatores tradicionais.

Resultados nacionais superam referências internacionais

Um estudo publicado em 2024 na revista Nuclear Engineering and Design comprovou que o reator brasileiro pode operar por 8,7 anos sem reabastecimento.
Esse desempenho supera modelos internacionais, que alcançam cinco anos.
O reator utilizará dióxido de urânio (UO₂) com enriquecimento de até 20%, enquanto Angra 1 e 2 operam com apenas 5%.
A Indústrias Nucleares do Brasil (INB) fornecerá o combustível inicial.
Futuramente, será possível reciclar rejeitos das usinas de Angra, como já ocorre na Europa e Ásia.
O físico Claudio Schön, da Poli-USP, afirmou que os microrreatores são extremamente seguros.
Eles operam com baixa carga de urânio e não utilizam líquidos refrigerantes, reduzindo significativamente os riscos de acidentes.

Perspectiva comercial impulsiona soberania tecnológica brasileira

Embora ainda não existam modelos comerciais ativos, empresas como Westinghouse e Rolls-Royce já desenvolvem tecnologias semelhantes.
Além disso, o microrreator brasileiro custa cerca de US$ 10 milhões, mas esse valor deve cair com a produção em escala.
Por outro lado, a geração custará R$ 990 por MWh, abaixo do diesel, que supera R$ 1.000, segundo dados de 2025.
Em maio, o presidente Lula reafirmou interesse em parcerias com a estatal russa Rosatom.
Portanto, o plano inclui integrar reatores modulares (SMR) à matriz energética brasileira.
A Petrobras e a Coppe-UFRJ também estudam o uso de SMR em plataformas offshore.
Assim, segundo o físico Giovanni Stefani, o Brasil pode se tornar fornecedor global da tecnologia.

Será que essa inovação posicionará o Brasil como potência exportadora de tecnologia nuclear limpa nos próximos anos?

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Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

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