Com 87% de energia renovável e indústria automotiva sólida, o país busca transformar compromissos climáticos em ações concretas antes da conferência da ONU
Às vésperas da COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém (PA), o Brasil se destaca no debate global sobre sustentabilidade e transporte limpo. Com uma matriz elétrica 87% renovável, o país possui condições únicas para liderar a eletrificação de caminhões de carga e transformar compromissos climáticos em resultados concretos. Segundo o Instituto Ar (2019), a frota nacional de 2 milhões de caminhões foi responsável por 76% do diesel fóssil consumido e 40% das emissões de gases de efeito estufa do transporte.
Gigantes elétricos e o potencial brasileiro
O Brasil é o 7º maior produtor de caminhões do mundo e transporta 65% da carga nacional por rodovias, o que evidencia a urgência da eletrificação. A campanha internacional Gigantes Elétricos, lançada no país em 2024, atua como um hub de informações e ações voltadas à descarbonização do transporte de cargas. O movimento conta com o apoio do Grupo de Trabalho Amazônico (Rede GTA), da Abravei, do Global Strategic Communications Committee (GSCC) e do The Sunrise Project, fortalecendo a cooperação entre montadoras, sociedade civil e governo.
De acordo com Clemente Gauer, diretor da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), “estimular montadoras na eletrificação das frotas garante viabilidade econômica e competitividade global”. Ele destaca que, com produção doméstica de caminhões e baterias, as empresas instaladas no Brasil podem atender à demanda nacional e exportar para toda a América Latina, consolidando o país como referência industrial.
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Empregos e transição econômica
A eletrificação do transporte de cargas representa uma oportunidade econômica e social expressiva. O International Council on Clean Transportation (ICCT) estima que os empregos no setor podem mais que dobrar até 2050, abrangendo desde a fabricação de caminhões e baterias até logística e finanças. Além disso, novas fábricas da Scania, Volkswagen e BYD devem gerar milhares de empregos em São Bernardo do Campo e Campinas, com impacto positivo em toda a cadeia produtiva.
As empresas exportadoras de soja, carne e café já exigem cadeias logísticas descarbonizadas, o que impulsiona a adoção de caminhões elétricos como requisito competitivo. Isso reforça o papel estratégico do Brasil nas exportações sustentáveis e na economia verde global.
Saúde e impacto ambiental
O Centre for Research on Energy and Clean Air (CREA) constatou que a poluição causada por caminhões a diesel das maiores montadoras do mundo foi responsável por milhares de mortes na América Latina. No Brasil, o Instituto Ar estimou que as doenças associadas à poluição do diesel custaram R$ 24,5 bilhões em internações hospitalares entre 2013 e 2023.
Portanto, a substituição gradual dos caminhões a diesel por modelos elétricos pode melhorar a qualidade do ar, reduzir gastos públicos com saúde e fortalecer a economia local, além de contribuir diretamente para as metas da COP30.
O momento é agora
Segundo Diogo Seixas, presidente da Abravei, “a tecnologia já está pronta, e o momento é agora”. Ele enfatiza que as montadoras devem liderar essa transformação, adotando novos padrões sustentáveis e investindo em inovação. Com isso, o Brasil poderá gerar empregos qualificados, atrair investimentos e se consolidar como potência em transporte sustentável.
Com a Gigantes Elétricos à frente dessa mobilização, o país inicia uma corrida silenciosa, mas decisiva, rumo a um futuro limpo e competitivo. Afinal, o futuro está em nossas mãos para ser desbloqueado.