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Brasil abastece o primeiro carro com hidrogênio de etanol; modelo consegue percorrer quase 600 quilômetros 

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 09/10/2023 às 12:29
Atualizado em 19/10/2023 às 09:36
Brasil abastece o primeiro carro com hidrogênio de etanol; modelo consegue percorrer quase 600 quilômetros 
Foto: Divulgação/Toyota

Pesquisadores da USP abastecem o primeiro carro com hidrogênio de etanol. O veículo da Toyota consegue entregar grande autonomia e combustível será testado já em 2024.

Um carro completamente silencioso, movido a hidrogênio, que pode percorrer cerca de 600 quilômetros sem necessitar de reabastecimento e que solta vapor d’água pelo escapamento. Trata-se do Toyota Mirai, um carro a hidrogênio que foi emprestado para testes de um projeto-piloto na Universidade de São Paulo (USP) que produzirá o primeiro hidrogênio verde a base de etanol do mundo.

Hidrogênio de etanol será testado em meados de 2024

Em japonês, Mirai significa “futuro”, entretanto, apesar de ser sugestivo, a escolha do carro a hidrogênio não tem nada a ver com seu nome, e sim, pelo fato dele ser um dos únicos modelos equipados com células de combustível, que transforma o hidrogênio em energia.

No Brasil, por exemplo, existem apenas duas unidades do Mirai, um que fica com a Toyota, e outro que compõe o projeto da USP. Por ora, o carro a hidrogênio é abastecido com H2V comum. As primeiras voltas com o hidrogênio de etanol devem acontecer apenas em meados de 2024, quando a fábrica piloto, que atualmente está em construção, estará apta a produzir os primeiros quilos do combustível sustentável.

O hidrogênio verde leva esse nome por ser produzido a partir de fontes renováveis, diferente da versão comum que tem origem fóssil, principalmente gás natural. Atualmente, o método de produção mais utilizado é a partir da quebra da molécula de água através de energia solar ou eólica. O objetivo do projeto-piloto da USP é desenvolver uma nova forma, tendo o etanol como fonte.

O hidrogênio verde ganhou destaque no  debate climático devido ao seu potencial para descarbonizar setores como transportes, siderurgia, indústria química e a própria geração de energia elétrica. Entretanto, transportar o combustível ainda é algo desafiador, visto que exige que o armazenamento seja feito em baixas temperaturas e alta pressão, dificultando a logística e encarecendo o produto final.

Entenda como funciona o projeto de hidrogênio de etanol da USP

Uma das grandes apostas do projeto da USP é conseguir superar essa barreira. Isso porque o etanol já conta com uma infraestrutura fortalecida no país, sendo transportado de forma relativamente simples e com uma malha de distribuição extensa. A planta piloto, cujas obras começaram em agosto deste ano, funcionará como uma estação de abastecimento. No local haverá um equipamento chamado reformador, que é o coração do projeto.

O reformador possui capacidade de transformar o etanol em hidrogênio através de reações químicas. Atualmente, o processo já pode ser realizado, entretanto em escala de laboratório. O intuito é consolidar a tecnologia para aumentar o volume e possibilitar que a produção aconteça no local onde o combustível será utilizado, dentro de um posto de gasolina, por exemplo.

Combustível movimentará carro a hidrogênio e mais três ônibus

O hidrogênio de etanol produzido na USP será utilizado para movimentar o carro a hidrogênio e mais três ônibus nos testes; O etanol é visto como um trunfo pelos pesquisadores. Primeiro porque o Brasil é uma potência nesse mercado, entretanto também pela capacidade de fazer um hidrogênio verde negativo em carbono, levando em conta a absorção que acontece nas lavouras na cana e milho pela fotossíntese.

Segundo o diretor de transição energética e investimentos da Raízen, Mateus Lopes, todos os países estão desenhando estratégias de transição energética com base em suas vantagens competitivas, naturais e econômicas.

Como o Brasil é uma potência agrícola, transformar o etanol em um vetor desse combustível tão cobiçado pelo mundo pode dar ao país uma boa posição. Lopes afirma que os EUA, Europa e Japão são vistos como futuros mercados para esse hidrogênio.

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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