A princípio, uma usina nuclear é uma instalação industrial onde é gerado energia elétrica através do processo de fissão nuclear. Embora represente 10% da matriz elétrica global, esse tipo de energia não é tão popular no nosso país. Por isso, vamos te mostrar por que o Brasil não usa energia nuclear com frequência.
Neste sentido, a fissão nuclear ocorre no núcleo do reator, o dispositivo de maior importância de uma usina. Sendo assim, ele fica armazenado em um recipiente seguro de concreto e aço, onde estão depositadas as barras de urânio responsáveis pela reação.
Quais são as usinas nucleares brasileiras?
A primeira usina nuclear brasileira, Angra 1, iniciou suas atividades comerciais em 1985. Nos seus primeiros anos de atividade, diversos problemas operacionais surgiram, sendo corrigidos somente na década de 1990. Dessa forma, após as correções, Angra 1 começou a acompanhar os padrões internacionais de desempenho nuclear.
Hoje, Angra 1 tem 640 megawatts de potência, sendo capaz de gerar energia suficiente para abastecer cidades com 1 milhão de habitantes, como João Pessoa, por exemplo.
Por outro lado, Angra 2, a maior usina nuclear brasileira, iniciou suas operações comerciais em 2001. Conforme dados da Eletronuclear, Angra 2 registrou alto desempenho desde seu início. Inclusive, suas operações permitiram uma economia significativa de água nos reservatórios das hidrelétricas.
Ainda conforme a empresa, a usina consegue produzir 1.350 megawatts, energia suficiente para manter uma cidade com 2 milhões de habitantes, como Belo Horizonte.
Por que o Brasil não usa energia nuclear em excesso?
Hoje, a segurança energética é fundamental para que o Brasil aumente sua matriz energética. Conforme a Empresa de Planejamento Energético-EPE, o Brasil tem folga no abastecimento, ou seja, pode suprir suas necessidades de energia elétrica sem depender de novas fontes energéticas, como a ampliação da energia nuclear.
Entretanto, com a possibilidade da escassez hídrica nas hidrelétricas, existe um sinal vermelho para evitar possíveis apagões. Em suma, apagões são eventos decorridos da falta de energia elétrica. No Brasil, eles foram bastante comuns em 2001/2002, pela falta de abastecimento das hidrelétricas.
Neste sentido, a criação de novas usinas nucleares é uma boa oportunidade para evitar os apagões e, eventualmente, qualquer problema na matriz energética brasileira. Além disso, as usinas ainda geraram emprego e renda, fomentando a economia nacional.
Por outro lado, a realidade das usinas nucleares gera dúvidas. Isso porque, embora ofereçam maior quantidade de energia, é necessário saber como conduzir o seu processo de instalações e, principalmente, como manter os seus resíduos apropriadamente, para evitar contaminação ao meio ambiente e ao ser humano.
Qual é o maior problema das usinas nucleares para o Brasil?
Um dos maiores problemas para o Brasil investir em energia nuclear é o alto custo. Isso porque o valor de 1.000 MW é gigantesco: 5 bilhões de dólares, cerca de 20 bilhões de reais. Normalmente, esses valores ficam abaixo dos valores finais da obra.
Além disso, o armazenamento de resíduos demanda um alto investimento, seja para profissionais qualificados ou materiais necessários para sua reciclagem. Com isso, o Brasil enfrenta um desafio: mesmo que as usinas nucleares tragam maior potencial energético, o seu alto custo pode dobrar o preço da energia.
Por outro lado, temos o processo de descomissionamento que, na prática, é o custo de desmontagem e descontaminação das instalações e produtos após o fim das atividades. Dessa forma, é necessário garantir que esse processo seja feito com seriedade, afinal, material contaminado com radioatividade traz diversos prejuízos.
Entretanto, o maior problema da instalação de usinas nucleares está nas tarifas. Entre 2001 e 2010, o aumento acumulado de tarifas de energia registrou 186%, conforme a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia Elétrica (Abrace).
Por fim, o Brasil conta com as tarifas mais altas do mundo, com tendência de aumento. Por isso, mesmo que a energia nuclear contribua para uma matriz energética diversificada, o alto custo das tarifas será um grande problema para o consumidor final.