Março começou com uma nova e polêmica divulgação de nota contra os produtores de biodiesel
A grande “batalha” entre as montadoras e os produtores de biodiesel é um conflito que se arrasta há algum tempo. Nesse sentido, o mês de março começou com os ânimos exaltados após a divulgação, na última sexta (09) de uma nota com críticas intensas aos produtores de biodiesel. Contudo, não é a primeira vez que isso acontece e notas sucessivas têm sido emitidas de ambos os lados.
Todavia, a nota emitida no último dia 09 contou com a assinatura de nove entidades empresariais, com um tom ofensivo e forte. Sendo assim, a indústria do biodiesel tem pressionado membros do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para atenção esses ataques por meios de comunicação. Confira quais são os principais desdobramentos desse verdadeiro “duelo de titãs”.
Entenda um pouco mais sobre como o biodiesel é produzido com esse vídeo explicativo da Embrapa
Grandes montadoras querem preservar uma reserva de mercado contra combustíveis mais modernos
Frente à grande preocupação ambiental que imergiu nos últimos anos e a busca por combustíveis renováveis, montadoras ainda apresentam alguma resistência. Afinal, a produção de maior quantidade de biodiesel e de outros tipos de biocombustíveis pode fomentar um novo mercado com veículos híbridos e elétricos, que tem crescido no mundo todo.
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Contudo, as montadoras defendem seus interesses em manter uma reserva de mercado contra a concorrência de combustíveis mais modernos. Ademais, o aumento de circulação de veículos com energia limpa, poderia afetar todo o ecossistema de produção de novos carros. Dessa forma, o que se tem visto é uma acusação mútua entre produtores e montadoras, na qual quem grita mais acredita ser o dono da verdade.
As notas apresentadas trazem o argumento de que apenas os grandes produtores de biodiesel é que lucram com a cadeia
Uma grande falácia e argumento distorcido que tem sido usado por montadoras para afastar essa ideia de inserir o biodiesel cada vez mais no mercado, é de que sua produção beneficia apenas grandes produtores. Contudo, é comprovado que isso não é verdade, uma vez que para que o biodiesel chegue ao consumidor final, muitas pessoas são envolvidas e beneficiadas.
Nesse sentido, a produção do biodiesel favorece desde cerealistas, traders, até mesmo empresas de insumos e prestadores de serviços de diversos tipos. Além disso, o pequeno e médio produtor também possuem destaque no cenário produtivo, agregando um aumento no número de empregos e estimulando o desenvolvimento regional.
Outro argumento muito usado é sobre as “borras” que poderiam danificar os veículos internamente
As montadoras e o setor de produção automobilística, também têm apresentado argumentos com relação ao uso do biocombustível nos veículos. Nesse sentido, o que se alega é que o biodiesel promove borras após a queima, as quais são altamente poluentes. Ademais, ela também pode sedimentar em equipamentos do veículo e interferir no funcionamento.
Isso acontece porque o biodiesel nacional é feito à base de éster, um composto que se transforma após a queima em um composto poluente. Ademais, a produção desse tipo de diesel é favorável economicamente, em contrapartida ao diesel verde (HVO) que possui maiores custos de operação.
Contudo, os estudos já trouxeram diversos avanços no sentido de evitar a formação de borra e também de material poluidor. Afinal, as especificações desse combustível já foram modificadas inúmeras vezes para derrubar por terra esses argumentos.
Governo publicou o relatório final de testes em 2019 e aprovou o B15. No entanto, algumas montadoras se recusam a aceitar
O governo incentivou a realização de múltiplos testes com as montadoras e fabricantes de peças para veículos com relação ao biodiesel. Dessa forma, em 2019 foi divulgado o relatório aprovando o uso de B15 (o novo biocombustível nacional).
Todavia, a aprovação desse relatório foi turbulenta. Afinal, duas montadoras se recusaram a assinar o relatório nos momentos finais do fechamento. Sendo assim, muitos motivos têm sido especulados desde então, sem uma conclusão concreta sobre o que aconteceu.
Diesel Verde é mais limpo que o biodiesel, mas pode ser inviável economicamente no atual momento do Brasil
Contudo, o que entra em discussão é a produção do diesel verde, por não produzir compostos poluentes após a queima. Nesse sentido, montadoras e produtores ainda não concordam com a produção, tendo em vista a inviabilidade econômica de ambos os lados.
Afinal, uma infraestrutura avançada e complexa é necessária para produção desse tipo de combustível e empresas não têm incentivado essa modernização. Ademais, as montadoras não possuem interesse porque isso traria uma nova frota de veículos para firmar concorrência em solo nacional.
Ou seja, as discussões sobre a produção de biodiesel e diesel verde no Brasil seguem longe do seu fim. Todavia, o que nos resta é acompanhar as cenas dos próximos capítulos.