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Barril de Petróleo a US$ 150? Como um conflito entre Irã e Israel pode (ou NÃO) explodir os preços de Petróleo e Gás

Escrito por Lucas Carvalho
Publicado em 02/10/2024 às 09:20
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Foto: Reprodução

Barril de Petróleo mais caro: A possibilidade de um conflito entre Irã e Israel pode levar os preços do petróleo e gás a disparar?

Os preços do barril petróleo subiram cerca de 2,5% após um ataque no Oriente Médio. No dia 1º de outubro, o Irã lançou centenas de mísseis balísticos contra Israel, intensificando a tensão na região e provocando um aumento nas preocupações sobre o futuro do fornecimento de petróleo e gás.

Com Israel prestes a retaliar e o Irã respondendo possivelmente com mais força, muitos temem que uma guerra mais ampla no Oriente Médio esteja se aproximando. Contudo, o mercado petrolífero ainda acredita que o fluxo de petróleo da região será mantido, mesmo em meio aos conflitos.

Para o analista Rick Newman, do Yahoo Finance, apesar das preocupações iniciais, o aumento de 2,5% nos preços do petróleo reflete a visão de que os combatentes na região preferem não interromper o fornecimento de petróleo, algo que poderia ter consequências desastrosas para a economia global.

Embora o conflito entre Irã e Israel tenha o potencial de se intensificar, todos os envolvidos têm interesse em evitar que o preço do petróleo atinja níveis críticos, algo que teria repercussões graves, especialmente para os Estados Unidos.

O impacto geopolítico – Barril de petróleo a US$ 150?

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Foto: tehrantimes

O ataque do Irã foi uma resposta às ações de Israel contra os grupos Hezbollah e Hamas, que são apoiados militar e financeiramente pelo Irã.

Recentemente, Israel realizou operações contra esses grupos, incluindo o assassinato de um importante oficial do Hamas em Teerã e a morte do líder do Hezbollah em Beirute. Esses movimentos de Israel aumentaram as tensões com o Irã, que optou por retaliar de forma mais agressiva.

Apesar da escalada, a possibilidade de Israel atacar instalações petrolíferas iranianas parece remota. Existem razões estratégicas para que isso seja evitado.

A principal delas é a pressão dos Estados Unidos, o principal aliado de Israel. Em um confronto direto com o Irã, Israel precisaria do apoio militar e diplomático dos EUA, e atacar instalações petrolíferas poderia complicar ainda mais essa aliança.

Além disso, o Irã é responsável por cerca de 1,5% da produção mundial de petróleo, e qualquer interrupção nesse fornecimento causaria um impacto significativo nos preços globais.

Se o Irã fosse impedido de exportar petróleo, a consequência seria um aumento dramático nos preços. O barril de petróleo poderia facilmente ultrapassar a marca de US$ 100 e, em cenários mais extremos, chegar a US$ 150.

Isso teria um efeito devastador nos preços da gasolina, especialmente nos Estados Unidos, onde o galão poderia atingir valores entre US$ 5 e US$ 7, algo que o governo Biden, às vésperas de uma eleição presidencial, certamente tentaria evitar a todo custo.

O papel da China e dos outros produtores de petróleo e gás

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Foto: tehrantimes

Um fator-chave nesse conflito é o papel da China, que se tornou o maior comprador de petróleo iraniano, desafiando as sanções ocidentais que visam punir o Irã por suas ações no Oriente Médio.

A China compra petróleo iraniano a preços abaixo do mercado e tem interesse em garantir que esse fornecimento continue. Como uma importadora líquida de petróleo, a China deseja manter os preços baixos, explicando sua posição cautelosa em relação a qualquer conflito que interrompa o fluxo de petróleo na região.

Embora a China não tenha a mesma influência militar que os Estados Unidos no Oriente Médio, ela exerce uma grande influência econômica sobre o Irã, já que o país depende das receitas provenientes da venda de petróleo para a China.

Dessa forma, Pequim tem um interesse direto em manter a estabilidade no fornecimento de petróleo, o que significa que qualquer ação iraniana que ameace esse suprimento seria desaprovada por seu principal parceiro comercial.

Outros países da região, como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, também estão cautelosos em relação a uma guerra do petróleo e gás.

Embora possam se beneficiar de um aumento nos preços, eles sabem que a instabilidade traz riscos que podem ameaçar outras prioridades estratégicas.

A Arábia Saudita, por exemplo, está interessada em melhorar suas relações comerciais e econômicas com Israel, algo que seria difícil de concretizar em meio a um conflito prolongado.

Além disso, a memória do ataque iraniano às instalações petrolíferas sauditas, ocorrido há cinco anos, ainda está fresca na mente dos líderes da região.

Esse ataque foi uma das maiores interrupções de fornecimento de curto prazo da história, e o fato de que Irã e Arábia Saudita resolveram suas diferenças através de mediação chinesa sugere que ambos os países preferem evitar uma guerra energética, que traria mais prejuízos do que benefícios.

O cenário energético global

O Oriente Médio é uma região marcada por conflitos imprevisíveis e tensões constantes. No entanto, a experiência histórica mostra que, mesmo em meio a guerras e escaramuças, o petróleo continua a fluir.

Essa realidade é sustentada pela interdependência econômica dos países produtores e consumidores de petróleo, que têm interesse em manter o mercado estável.

Se o Irã decidisse interromper suas exportações ou tentar fechar o Estreito de Ormuz — por onde passa cerca de 21% do petróleo mundial — o impacto seria devastador para o mercado global. Os preços do petróleo poderiam subir rapidamente para além de US$ 100 por barril, e em um cenário mais extremo, ultrapassar US$ 150.

Isso não apenas afetaria a economia global, mas também teria repercussões políticas nos Estados Unidos, onde o aumento dos preços da gasolina poderia prejudicar as chances eleitorais do partido no poder.

Embora o futuro do conflito entre Israel e Irã seja incerto, o resultado mais provável é que as partes envolvidas façam o possível para evitar uma crise energética de grandes proporções.

Os interesses econômicos globais, aliados ao desejo de estabilidade por parte de grandes potências como China e Estados Unidos, sugerem que o petróleo continuará a fluir, mesmo que a paz na região ainda esteja distante.

O Oriente Médio continua a ser uma região volátil, mas a lição que se tira das guerras passadas é que, quando se trata de petróleo, o pragmatismo geralmente prevalece sobre a beligerância.

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Lucas Carvalho

Jornalista experiente com ampla atuação na cobertura de temas relacionados a petróleo, gás e energia renovável. Especialista em análises aprofundadas e tendências do setor, com enfoque em inovações tecnológicas e impacto ambiental. Autor de artigos relevantes na área.

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