Erro no sistema do Banco Safra transferiu milhões para conta de empresário em Goiânia; compras de luxo, transferências suspeitas e tentativa de acordo fracassada levaram caso para a Justiça
Um erro de sistema transformou, em poucas horas, a vida de um jovem empresário goiano em um escândalo jurídico de proporções nacionais. Guilherme Moreira, de apenas 27 anos, dono de um restaurante em Goiânia, acordou em dezembro de 2019 com nada menos que R$ 18 milhões em sua conta bancária. O valor, segundo reportagem publicada pelo G1, foi creditado por engano pelo Banco Safra, em uma falha operacional que ainda está sob apuração.
Embora qualquer cliente comum corresse ao banco para questionar o depósito, Guilherme viu na situação uma oportunidade inesperada. O empresário não apenas movimentou os valores, como também realizou compras vultuosas, incluindo um Porsche ano 2014, avaliado em R$ 280 mil. Esse ato desencadeou uma investigação que na época o colocou sob risco de condenação de até 11 anos de prisão por apropriação indevida e lavagem de dinheiro.
Compras milionárias e movimentações suspeitas chamam atenção
Segundo as investigações, Moreira não limitou sua ação ao automóvel de luxo. Ele também transferiu R$ 1,1 milhão para contas diversas, incluindo a de seu próprio pai. Até o dia anterior ao erro, sua conta apresentava apenas R$ 27 mil de saldo, o que tornou ainda mais evidente a discrepância.
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O delegado Kleber Toledo, que acompanha o caso, afirmou em entrevista que os indícios apontam para a prática de crime previsto no Artigo 168 do Código Penal, referente à apropriação de coisa havida por erro. Com isso, a Polícia Civil determinou o bloqueio imediato das contas do empresário e iniciou a apreensão de bens adquiridos.
Foi nesse contexto que o Porsche de R$ 280 mil foi localizado e apreendido no condomínio onde Moreira mora. Para piorar a situação, descobriu-se que a compra havia sido feita em nome de outra pessoa, o que elevou a gravidade do caso para suspeita de lavagem de dinheiro.
Defesa alega impossibilidade de devolução imediata
Em sua defesa, Moreira declarou que tudo não passou de um “equívoco jurídico”. Ele argumenta que, após o depósito equivocado, o próprio banco bloqueou suas contas, o que teria impossibilitado a devolução imediata do montante. Segundo ele, parte do valor já havia sido destinada a pagamentos e aquisições, incluindo o veículo apreendido.
O empresário também relatou que tentou buscar um acordo com o Banco Safra, mas as condições impostas pela instituição, que envolviam juros e multas consideradas abusivas, inviabilizaram qualquer conciliação. Dessa forma, o imbróglio seguiu para a esfera judicial.
Tentativa de vender o Porsche para evitar apreensão
As investigações revelaram que, além de usar o veículo, o empresário teria tentado negociar o Porsche antes da chegada da Polícia Civil. Conforme imagens divulgadas pelo G1, Moreira buscava compradores de forma discreta, temendo que o carro de luxo fosse confiscado. Para os investigadores, a tentativa reforça a tese de que havia plena consciência da irregularidade, já que o bem foi adquirido em nome de terceiros e, portanto, com indícios claros de fraude.
Outro erro bancário expõe fragilidade do sistema financeiro
Esse caso não foi um episódio isolado. Poucos dias antes, um erro da Caixa Econômica Federal (CEF) chamou a atenção em nível nacional. Um designer do Rio de Janeiro recebeu, de forma equivocada, nada menos que R$ 120 bilhões em sua conta pessoal.
A surpresa veio em um fim de semana, quando ele tentou realizar uma compra no comércio local. Sem conseguir concluir a transação, voltou para casa e se deparou com o saldo bilionário em sua conta digital. O alívio durou pouco: o banco rapidamente bloqueou suas movimentações e cartões por cinco dias, deixando o cliente sem acesso ao próprio dinheiro e dependente de ajuda de familiares.
De acordo com seu advogado, Raphael Tatagiba, a situação gerou graves transtornos financeiros e será levada à Justiça em busca de reparação. O episódio, comparado ao caso de Goiânia, mostra como falhas bancárias de grande porte ainda expõem tanto clientes comuns quanto grandes instituições.
Risco de até 11 anos de prisão e impactos no setor bancário
No caso de Guilherme Moreira, a Justiça analisou se ele realmente teve a intenção de se apropriar de valores que sabia não lhe pertencerem. O empresário foi investigado por apropriação de coisa havida por erro e também por lavagem de dinheiro. Somadas, as acusações poderiam resultar em até 11 anos de prisão.
Na época, especialistas ressaltaram que, mesmo diante de depósitos indevidos, o Código Penal é claro: gastar valores que não pertencem ao correntista configura crime. A recomendação dos advogados sempre foi notificar imediatamente a instituição bancária para evitar complicações judiciais.
Conforme destacou o portal G1 em sua cobertura de 2019, erros dessa magnitude evidenciavam a necessidade de sistemas de segurança mais robustos, além de protocolos rápidos de devolução, capazes de evitar que clientes de boa-fé fossem prejudicados ou que outros, mal-intencionados, se aproveitassem da situação para obter vantagem ilícita.