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Austrália transforma 12 milhões de toneladas de cinzas e vidro em telhas ecológicas que reduzem 13% das emissões de CO₂ e resistem ao fogo

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 28/10/2025 às 20:53
Telhas feitas de cinzas e vidro reduzem 13% do CO₂, são mais leves, resistentes ao fogo e podem transformar o futuro da construção sustentável
Telhas feitas de cinzas e vidro reduzem 13% do CO₂, são mais leves, resistentes ao fogo e podem transformar o futuro da construção sustentável
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Projeto da Universidade RMIT e da Bristile Roofing transforma resíduos de cinzas e vidro em telhas sustentáveis, reduzindo 13% das emissões de CO₂ e aumentando a resistência ao fogo e à durabilidade.

As cinzas de carvão e os resíduos de vidro da Austrália estão ganhando um novo propósito. Um teste em larga escala, conduzido pela Universidade RMIT em parceria com a Bristile Roofing, mostrou que esses dois tipos de rejeitos podem ser transformados em telhas de concreto mais leves, resistentes ao fogo e ambientalmente vantajosas.

A pesquisa demonstra como a inovação pode reduzir o impacto ambiental e, ao mesmo tempo, gerar materiais de alto desempenho.

Os experimentos ocorreram nas instalações da Bristile Roofing, em Melbourne, onde centenas de telhas foram produzidas a partir de cinzas de usinas termelétricas e vidro reciclado. Tradicionalmente, ambos os materiais acabam em aterros sanitários, mas neste projeto eles ganharam uma nova função.

Além de reduzirem o volume de resíduos, as telhas resultantes apresentaram benefícios ambientais e estruturais, mantendo a conformidade com os padrões australianos de resistência e durabilidade.

Uma avaliação do ciclo de vida indicou que essas telhas emitem 13% menos CO₂ do que as convencionais, considerando todas as etapas — desde a produção da matéria-prima até o descarte final. Essa redução comprova o potencial dos materiais residuais para substituir recursos virgens e diminuir a pegada de carbono da construção civil.

Cinzas e vidro: ingredientes para um concreto mais inteligente

A líder do projeto, Dra. Chamila Gunasekara, destacou que a substituição parcial dos componentes tradicionais do concreto foi decisiva para alcançar os resultados.

Segundo ela, ao trocar 10% do cimento por cinzas de lagoas e 10% da areia por vidro não lavado, foi possível reduzir o desperdício e criar um produto mais eficiente.

Gunasekara explicou que essa composição melhora a resistência ao fogo, uma característica especialmente relevante para o clima australiano, onde o risco de incêndios é alto. Ela ressaltou ainda que a iniciativa alia sustentabilidade e desempenho, mostrando que resíduos podem se transformar em soluções práticas e economicamente viáveis.

Na Austrália, cerca de 12 milhões de toneladas de cinzas de carvão são geradas anualmente pelas usinas de energia, e mais de 400 milhões de toneladas permanecem armazenadas em lagoas de decantação. Paralelamente, o país produz mais de 1,3 milhão de toneladas de vidro por ano, com mais da metade destinada a aterros.

O projeto surge, portanto, como uma alternativa concreta para o reaproveitamento desses resíduos em larga escala.

Tijolos ecológicos e redução ainda maior de CO₂

A equipe da RMIT também testou a mesma mistura de concreto para a produção de tijolos ecológicos. Nesse caso, foram usados 15% de cinzas e 20% de areia de vidro, totalizando 35% de materiais reciclados. O resultado foi animador: os tijolos atenderam aos padrões nacionais de concreto estrutural e apresentaram um isolamento térmico 30% superior ao dos modelos convencionais.

Além disso, a avaliação ambiental mostrou uma redução de 18% nas emissões de dióxido de carbono ao longo de todo o ciclo de vida.

A pesquisadora principal, Dra. Yulin Patrisia, explicou que, mesmo com a menor reatividade das cinzas armazenadas por longos períodos, elas continuam sendo valiosas pela abundância e pelos benefícios a longo prazo no desempenho do material.

Patrisia destacou ainda que a mistura apresentou maior estabilidade dimensional, menos fissuras e ganho contínuo de resistência, o que a torna ideal para aplicações duráveis e não estruturais, como telhas e revestimentos.

Próximos passos e impacto industrial

O projeto integra o ARC Industrial Transformation Research Hub for TREMS, que reúne cientistas, empresas e autoridades públicas para converter resíduos em materiais de alto valor agregado.

Com os resultados positivos já publicados em revistas científicas como Sustainable Materials and Technologies e The International Journal of Life Cycle Assessment, a equipe agora avança para testes em ambientes reais.

Segundo Gunasekara, a meta é levar a inovação para além do laboratório: “Estamos prontos para expandir isso para a indústria.” A afirmação resume o propósito do projeto — unir sustentabilidade, ciência e indústria para transformar o que antes era considerado lixo em um recurso essencial para o futuro da construção civil.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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