O crescimento dos carros elétricos no Brasil vem transformando as garagens de condomínios em campo de disputa, com moradores e síndicos divididos sobre quem pode instalar carregadores e quais normas técnicas devem ser seguidas
O aumento da frota de carros elétricos no Brasil vem provocando uma série de impasses em condomínios residenciais. Isso ocorre porque ainda há pouca clareza sobre as regras e exigências técnicas para instalação de carregadores nas garagens, o que tem resultado até em disputas judiciais. Além disso, a falta de consenso entre moradores e síndicos vem tornando a convivência mais tensa.
Caso no Recife expõe o conflito
Um dos episódios mais emblemáticos ocorreu no Recife, envolvendo um empresário de 58 anos.
Em 2022, ele instalou um carregador particular para seu veículo híbrido em um condomínio de luxo no bairro de Boa Viagem, com autorização da síndica e acompanhamento de um engenheiro responsável.
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Três anos depois, o condomínio ingressou na Justiça e obteve liminar determinando a retirada do equipamento.
O argumento foi de que o carregador estava em uma área comum e que não houve aprovação em assembleia condominial prévia.
Como o sistema estava ligado à rede elétrica geral, o desembargador entendeu que a autorização individual não bastava.
O condomínio também alegou que o prédio enfrenta sobrecarga elétrica e que outros moradores relataram oscilações na energia após a instalação.
Outros casos e soluções coletivas em condomínios
Situações semelhantes têm ocorrido em diferentes cidades. Em Fortaleza, um condomínio vetou o uso de carregadores particulares após um laudo técnico identificar riscos na rede.
Já em São Paulo, outro edifício adotou um caminho diferente: criou uma comissão específica para o tema, contratou uma empresa especializada e regularizou o uso coletivo, beneficiando cerca de 30 veículos elétricos.
Esses exemplos mostram que, embora o avanço da mobilidade elétrica seja inevitável, a falta de regulamentação clara ainda cria incertezas e conflitos.
Especialistas alertam para normas técnicas
De acordo com a Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis, todas as instalações devem seguir a norma técnica NBR 17019:2022, que define os padrões de segurança elétrica e infraestrutura.
Além disso, qualquer mudança deve ser aprovada em assembleia para garantir legalidade, segurança e transparência entre os condôminos.
Com informações de Autopapo.