Preço do etanol nas bombas pode sofrer nova disparada com escassez de açúcar e aumento do álcool anidro; quem vai “pagar a conta” são os brasileiros
O preço do etanol hidratado iniciou a semana com preços bem robustos nas distribuidoras. Isso se deve à forte expansão de 10,05% nas unidades produtoras na semana anterior. Além disso, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), por conta da quebra nas safras da cana-de-açúcar, a produção vai diminuir, o que significa preços mais altos para o açúcar e para o etanol, que pode ficar ainda mais caro nas bombas nas próximas semanas.
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Outro fator não menos importante é que prevaleceu a maior produção de açúcar pelas indústrias do Centro-Sul, enquanto nem todas as unidades estão operando a plena capacidade, e mesmo algumas nem abriram a safra 21/22.
Portanto, com menos oferta, a competitividade entre o etanol e a gasolina fica mais sólida, uma média de R$ 1,80 a R$ 1,90 de diferença dos preços nas bombas.
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Outro ponto a considerar é que as distribuidoras também se anteciparam, nas compras, à reação do petróleo, que passou dos US$ 68 o barril em Londres, e à possível alta que a gasolina poderá sofrer.
Escassez de açúcar pode aumentar ainda mais o preço do etanol nas bombas e quem paga a conta é o consumidor
A seca e o baixo período de chuvas em 2021 foram alguns dos principais fatores que impactaram na queda da produção da cana-de-açúcar e que podem influenciar diretamente na disparada do preço do etanol nas bombas.
O presidente do Sindicato dos Combustíveis do Distrito Federal, Paulo Tavares, explica que “as estimativas variam entre 590 e 530 milhões de toneladas de cana, com queda de 15 a 75 milhões de toneladas de cana se comparadas com a safra anterior”.
Segundo Tavares, outro fator importante que contribui para o aumento no preço do etanol é que as revendedoras aumentaram a gasolina em 0,10 centavos, em razão do aumento do etanol anidro, que fecha em R$ 3,37 desde o último reajuste, realizado na sexta-feira (7).
E claro que o aumento do preço nas bombas vai cair no colo do consumidor. “O etanol anidro compõe a gasolina em 27%, ou seja, 1/3 da gasolina comum é etanol anidro. Se este sobe de preço, a gasolina sobe na proporção que ele representa. Hoje, já recebemos gasolina mais cara pelo efeito do etanol anidro”, revela.
A redução na produção de açúcar será mais forte do que na do etanol e, segundo a Unica, a partir da segunda quinzena de junho, a situação pode voltar à normalidade. “O incremento na oferta deve acontecer de uma forma mais significativa a partir do mês de junho, deixando o etanol mais competitivo novamente”, informa por meio de nota.
Preço da gasolina pode disparar e etanol entrar em falta por causa da escassez de álcool anidro; desabastecimento vai impactar ainda mais o bolso dos brasileiros
Isenção dos impostos PIS e Cofins para combustíveis chegou ao fim na semana passada e os empresários do ramo não ficaram nem um pouco satisteitos. Na época, a medida foi criada para conter as disparadas do preço da gasolina e do diesel aplicadas pela petroleira Petrobras. Agora, surge uma nova preocupação para os empresários: a escassez do álcool anidro. A falta do insumo pode disparar o preço dos combustíveis e causar desabastecimento de etanol nos postos, e no final vai sobrar para o bolso dos brasileiros.
O diretor executivo da Associação Brasileira de Revendedores de Combustíveis Independentes e Livres, Rodrigo Zingales, afirma que a escassez do anidro pode ser um reflexo da atuação do mercado, baseada nos interesses das usinas. “Uma usina de açúcar e álcool está capacitada para produzir açúcar, etanol hidratado e, eventualmente, o etanol anidro. O que acontece é: se o preço do açúcar internacional está alto, a usina vai preferir produzir açúcar ao invés de etanol”, analisa.