Oportunidades e controvérsias em torno da mineração de cobalto no Brasil, o elemento crucial para a transição energética global
O cobalto, frequentemente apelidado de “ouro azul”, é um elemento vital para a tecnologia moderna e a transição para energias limpas. Sua presença em baterias de íon-lítio, essenciais para smartphones, laptops e veículos elétricos, impulsionou a demanda global por esse metal. No entanto, enquanto o mundo busca soluções sustentáveis, o processo de mineração do cobalto revela uma série de desafios e controvérsias, especialmente no Brasil, de acordo com o vídeo do canal Elementar.
A importância do Cobalto na era tecnológica
Desde a revolução tecnológica, o cobalto se consolidou como um componente essencial em diversas indústrias. Utilizado em baterias de íon-lítio, ele permite o armazenamento eficiente de energia, garantindo a estabilidade térmica necessária para evitar superaquecimentos, mesmo em condições extremas. Além das baterias, o cobalto é empregado na fabricação de airbags, ferramentas de diamante, tintas e até mesmo em ligas de aço utilizadas em aplicações militares.
Com o aumento da demanda por veículos elétricos e a busca global por energias mais limpas, a necessidade de cobalto está em alta. Estima-se que a demanda mundial por esse metal triplicará até 2025, impulsionada, principalmente, pela popularidade crescente dos veículos elétricos. A União Europeia, por exemplo, planeja eliminar a venda de veículos a gasolina e diesel até 2035, o que exigirá uma maior produção de carros elétricos, e, consequentemente, mais cobalto.
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Mineração de Cobalto: um desafio ambiental e social
Apesar de sua importância, a mineração de cobalto é um processo controverso. Na República Democrática do Congo (RDC), onde está concentrada a maior parte das reservas globais, a mineração é frequentemente associada a graves problemas sociais e ambientais. Trabalho infantil, condições de trabalho perigosas e contaminação ambiental são apenas alguns dos desafios enfrentados. Estima-se que 15% a 30% do cobalto proveniente do Congo seja extraído de minas artesanais, onde trabalhadores são expostos a riscos significativos em troca de baixos salários.
Além disso, a poluição resultante da mineração contamina água, solo e ar, agravando ainda mais as condições de vida das comunidades locais. Um estudo conduzido por pesquisadores da Bélgica e do Congo revelou que crianças que vivem próximas às minas de cobalto apresentam níveis de cobalto na urina dez vezes superiores à média. Essa exposição prolongada pode causar doenças pulmonares graves, como a fibrose pulmonar por metal, uma condição que não pode ser tratada adequadamente nas áreas afetadas pela mineração.
O papel do Brasil no mercado global de Cobalto
Embora o Congo domine a produção global de cobalto, o Brasil tem potencial para se tornar um importante player nesse mercado. Estudos geológicos recentes identificaram grandes depósitos de cobalto em várias regiões do país, posicionando o Brasil como uma possível fonte alternativa para o metal. O subsecretário de Estado dos EUA, José Fernandez, anunciou em 2023 que o governo americano pretende investir na exploração de cobalto no Brasil, visando diversificar suas fontes de minerais críticos.
Empresas internacionais já estão se movendo para explorar esse potencial. A Brazilian Nickel, por exemplo, divulgou um plano de investimento de US$ 6 bilhões para o desenvolvimento de um projeto de níquel e cobalto no Piauí, com a expectativa de produzir 800 toneladas de cobalto por ano a partir de 2027. A australiana Jervois Global também está investindo na reabertura de uma refinaria em São Paulo, com o objetivo de produzir 2 mil toneladas anuais de cobalto.