Inovação urbana: como as florestas verticais combinam bioarquitetura, sustentabilidade e bem-estar
Quer mudar o visual cinza da cidade e, de quebra, combater o calor, a poluição e as crises climáticas? Foi assim que Stefano Boeri, em 2007, teve uma sacada em meio ao deserto de vidro de Dubai: criar arranha-céus “verdes”, cobertos por plantas, capazes de atender tanto as pessoas quanto a fauna. O resultado são as florestas verticais, inovação que revolucionou a bioarquitetura e está mudando a cara de centros urbanos ao redor do mundo.
Bosco Verticale em Milão: surpreendente resultado foi a primeira floresta vertical do mundo
Em Milão, Boeri ergueu duas torres que não são apenas prédios, são ecossistemas. Com 110 m e 76 m, elas abrigam 800 árvores, 4.500 arbustos e 20.000 plantas de 100 espécies, cobrindo uma área vegetal equivalente a 5 hectares de parque, em apenas 1.000 m² de terreno.
Essa cobertura vegetal reduz até 3 °C nas unidades, regula a temperatura interna, absorve CO₂ e poeira, gera oxigênio e melhora a infraestrutura urbana em termos de bem-estar, isolamento acústico e microclima.
A estrutura sofisticada inclui varandas de concreto com 3 m de profundidade, containers especiais, irrigação inteligente com água cinza e energia solar no topo . A manutenção é feita por profissionais, os chamados “jardineiros voadores”, que cuidam da vegetação em altura .
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Evolução sustentável nas cidades
Novos projetos exploram materiais com menor impacto ambiental. Em Paris, a La Forêt Blanche é construída majoritariamente em madeira para reduzir carbono incorporado. Em Utrecht (Wonderwoods), desde fevereiro de 2025, há um prédio misto com 200 apartamentos, 360 árvores e 50 mil plantas, que garantem biodiversidade urbana premiada no último MIPIM.
Cidades inteiras de verde
O conceito foi para a África (primeira floresta vertical no Cairo ainda este ano) e para habitação pública na Holanda, o Trudo Vertical Forest, com aluguel limitado para validar a sustentabilidade econômica.
Benefícios do verde na selva de pedra
- Qualidade de vida: presença constante de plantas diminui níveis de ansiedade e depressão em até 40%, segundo estudo holandês; em áreas pobres, a redução pode ser de 10%.
- Funcionalidade urbana: os edifícios filtram ar, abafam ruídos, fortalecem microclimas e minimizam o efeito de ilha de calor
- Infraestrutura ecológica: telhados verdes e sistemas de água cinza auxiliam na drenagem, previnem enchentes e reduzem a demanda por ar-condicionado.
Perspectiva dos especialistas
Stefano Boeri afirma: “Temos que imaginar um movimento duplo: cidadãos em direção à floresta e árvores na direção da cidade”.
Francesca Cesa Bianchi, arquiteta, complementa sobre o Wonderwoods: “Uma arquitetura multipropósito e altamente biodiversa, aberta à vida diária dos cidadãos, plantas e aves de Utrecht”.
Já o World Green Building Council enfatiza que, embora essas estruturas exijam mais materiais, como concreto, os ganhos em sustentabilidade operacional superam esse custo, especialmente quando são adotados materiais de baixo carbono e soluções inovadoras.
Mesmo sendo projetos emblemáticos, surgem questionamentos:
- O carbono incorporado extra (concreto, estruturas pesadas) pode anular benefícios se a compensação não for calculada.
- A dependência de expertise especializada para manutenção pode limitar a autonomia e criar barreiras de custo.
- Ambientalistas lembram que essas florestas em altura não substituem áreas verdes extensas, parques ainda são essenciais.
O olhar para o futuro
Boeri já planeja outras cidades verdes: Liuzhou (China) para 30 mil habitantes e Cancún (México) como cidade inteligente, sem carros a combustão. The World GBB e pesquisadores de soluções baseadas na natureza apontam que a bioarquitetura integrada às cidades é crucial para combater mudanças climáticas e promover sustentabilidade urbana de forma mensurável.
As florestas verticais estão redefinindo o paradigma da construção urbana. Não mais meros símbolos, são parte ativa da infraestrutura, combinando bioarquitetura, sustentabilidade e qualidade de vida. Mesmo com desafios a superar, elas apontam um caminho claro: cidades densamente povoadas podem ser também densamente verdes.
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