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Argentina se torna o primeiro país latino-americano a entrar em programa nuclear dos EUA, aposta em quatro pequenos reatores modulares de até 300 MW e mira data centers de inteligência artificial

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 20/09/2025 às 11:18
Argentina adere ao programa nuclear dos EUA, planeja quatro SMRs de até 300 MW, acelera projeto CAREM 25 e mira data centers de inteligência artificial.
Argentina adere ao programa nuclear dos EUA, planeja quatro SMRs de até 300 MW, acelera projeto CAREM 25 e mira data centers de inteligência artificial.
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Em um movimento que reforça sua liderança regional no setor nuclear, a Argentina deu um passo inédito ao aderir a um programa dos Estados Unidos, mirando energia limpa, segurança energética e aplicações ligadas à inteligência artificial.

A Argentina se consolidou nesta sexta-feira, dia 19 de setembro, como o primeiro país da América Latina a ingressar em um programa nuclear civil dos Estados Unidos.

A iniciativa tem como foco o uso responsável de Pequenos Reatores Modulares (SMRs), tecnologia que pode impulsionar setores estratégicos, como o desenvolvimento da inteligência artificial.

O anúncio veio por meio de um comunicado do Departamento de Estado norte-americano, que celebrou a participação da Argentina no programa Infraestrutura Fundamental para o Uso Responsável da Tecnologia de Pequenos Reatores Modulares (FIRST), liderado por Washington.

A importância da adesão argentina

O Ministério das Relações Exteriores dos EUA, chefiado por Marco Rubio, destacou o caráter histórico do movimento argentino. “Os Estados Unidos saúdam a decisão da Argentina de se tornar o primeiro país latino-americano a aderir ao programa U.S. FIRST como parceiro contribuinte”, declarou em nota oficial.

Segundo os norte-americanos, a decisão representa um marco para reforçar a parceria bilateral em energia nuclear civil, ampliar a segurança energética global e acelerar a expansão de tecnologias nucleares avançadas na América Latina e em outras regiões.

A estratégia do governo argentino

O conselheiro presidencial para energia nuclear, Demian Reidel, já havia antecipado que a meta é construir quatro SMRs em cinco anos. Esses reatores, com capacidade de até 300 megawatts — cerca de um terço dos reatores tradicionais —, se destacam por poderem ser montados em módulos.

Na prática, além de atender à demanda energética convencional, os SMRs poderão ser aplicados em operações de resfriamento exigidas por sistemas de inteligência artificial, setor em rápida expansão.

Reidel lembrou que a Argentina mantém um projeto pioneiro na região. Trata-se do CAREM 25, concebido nos anos 1990 e lançado oficialmente em 2006. A primeira unidade terá capacidade elétrica de 32 MW(e), e as obras já alcançaram 62% de avanço.

Condições únicas para avançar

O físico e economista argentino ressaltou que o país reúne condições únicas para atrair grandes centros de dados, infraestrutura vital para a IA global. Ele apontou extensões de terra disponíveis com acesso simultâneo a energia e água, clima frio para facilitar o resfriamento, além da ausência de riscos geológicos e bélicos.

“Esses data centers de IA exigem uma fonte de energia com três características: limpa, estável e escalável. E a resposta é a energia nuclear”, afirmou Reidel. Em suas palavras, a tecnologia é “uma das mais limpas do mundo, se não a mais limpa”.

O papel do FIRST no cenário mundial

O FIRST é conduzido pelo Escritório de Controle de Armas e Não Proliferação (ACN) do Departamento de Estado. A iniciativa foi criada para aproveitar a expertise da indústria nuclear, acelerando a adoção responsável de reatores nucleares civis.

Atualmente, o programa já envolve mais de 50 países em cinco continentes. O foco é garantir acesso a soluções energéticas que atendam a altos padrões de segurança, proteção e não proliferação, em conformidade com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Referência internacional

Com a adesão, a Argentina segue os passos de Japão, Coreia do Sul e Canadá. Esses países oferecem financiamento, conhecimento técnico e apoio logístico ao FIRST. Agora, Buenos Aires passa a figurar como parceira contribuinte, com papel ativo em atividades globais do programa.

Isso inclui a participação em projetos regionais, viagens de estudo, programas de treinamento e iniciativas voltadas a facilitar a implementação de SMRs em países interessados.

Cooperação e liderança nuclear

Na avaliação do Departamento de Estado, a parceria reforça a liderança argentina no setor nuclear e evidencia a disposição do país em fomentar a cooperação internacional para enfrentar os desafios da segurança energética.

Os EUA, por sua vez, ressaltaram que pretendem continuar estreitando laços com Buenos Aires na área de cooperação nuclear civil. O programa FIRST se apresenta, nesse contexto, como a principal plataforma para consolidar essa aproximação e promover avanços concretos em novas tecnologias nucleares.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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