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Argentina pode rachar Mercosul e deixar América divida entre EUA e China, colocando Brasil em posição delicada e tendo que escolher entre americanos ou chineses

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 29/01/2025 às 10:53
A possível saída da Argentina do Mercosul pode dividir a América entre China e EUA, colocando o Brasil em uma posição delicada.
A possível saída da Argentina do Mercosul pode dividir a América entre China e EUA, colocando o Brasil em uma posição delicada.

Argentina pode abalar o Mercosul e forçar o Brasil a escolher entre EUA e China! O bloco está à beira de uma crise, e a saída de Buenos Aires pode favorecer as grandes potências. O futuro do comércio sul-americano está em jogo, e a decisão de Milei pode mudar tudo. O Brasil está pronto para essa escolha?

Em um movimento que pode abalar as estruturas geopolíticas da América do Sul, a Argentina sinaliza uma possível ruptura com o Mercosul, ameaçando a estabilidade do bloco e forçando o Brasil a uma encruzilhada diplomática sem precedentes.

As consequências dessa decisão podem redesenhar alianças e influências no continente, colocando potências globais em disputa pelo domínio regional.

O presidente argentino, Javier Milei, declarou recentemente que considera retirar seu país do Mercosul caso a permanência no bloco impeça a assinatura de um acordo de livre comércio com os Estados Unidos.

Durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, Milei afirmou que sua intenção é avançar no acordo sem abandonar o Mercosul, mas enfatizou que, se necessário, priorizará os EUA.

“Se as condições extremas exigirem, sim [deixaremos o Mercosul]. Mas há mecanismos que podem ser usados dentro do Mercosul, então achamos que isso pode ser feito sem necessariamente ter que abandonar o bloco”, declarou Milei, conforme publicado pelo Sputnik Brasil.

Impactos econômicos e geopolíticos

De acordo com o Sputnik Brasil, analistas apontam que uma eventual saída da Argentina do Mercosul poderia ter efeitos significativos para a América do Sul.

Corival Alves do Carmo, professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal de Sergipe (UFS), avalia que, embora a saída seja pouco provável devido à importância do bloco para as exportações argentinas e para o comércio com o Brasil, caso ocorra, representaria o fim do Mercosul como idealizado nos anos 1980.

“No entanto, desde que os demais membros permaneçam, pode ser um caminho para revitalizar o bloco em torno do Brasil e, mesmo, incluir novos membros”, observa o especialista, em entrevista ao Sputnik Brasil.

A permanência da Argentina no Mercosul, com autorização para fechar um acordo bilateral com os EUA, também poderia prejudicar a unidade do bloco, pois incentivaria outros países a tomarem o mesmo caminho, comprometendo a união aduaneira.

“O Mercosul deixaria de ter relevância, porque só uma pequena parte do comércio dos membros seria regulada pelas normas do bloco”, acrescentou Carmo ao Sputnik Brasil.

Riscos para a economia argentina

A assinatura de acordos de livre comércio com os EUA e a China poderia aprofundar os déficits comerciais da Argentina com esses países.

“Em 2023 e 2024, pela ordem, Brasil, EUA e China foram os principais destinos das exportações argentinas. E os maiores déficits foram com China, Brasil e EUA. Nesse sentido, um acordo de livre comércio aprofundaria os déficits com China e EUA, e considerando a estrutura produtiva de cada país, é pouco provável que no curto prazo a Argentina pudesse substituir importações provenientes da China por importações dos EUA”, disse Carmo ao Sputnik Brasil.

Consequências para o Brasil

Para o Brasil, a saída da Argentina do Mercosul representaria uma perda significativa, já que os principais produtos brasileiros exportados para a Argentina são manufaturados e poderiam ser substituídos pela produção chinesa e norte-americana.

“O Brasil seria o grande perdedor”, destaca Carmo em entrevista ao Sputnik Brasil.

Influência das potências globais na região

Com os Estados Unidos adotando uma postura mais fechada e protecionista sob a gestão de Donald Trump, há a possibilidade de aumento da influência chinesa em países sul-americanos.

O Sputnik Brasil entrevistou Carmo, que acredita que a China pode ampliar sua influência política na região, mas que a América do Sul ainda tem forte conexão cultural e econômica com os EUA.

“O agronegócio brasileiro adora fazer negócios com a China, mas com seus ganhos compram casas em Miami”, pontua.

Possíveis soluções para evitar a fragmentação do Mercosul

Eduardo Galvão, professor de políticas públicas do Ibmec DF e diretor da consultoria global Burson Brasil, afirmou ao Sputnik Brasil que a rigidez atual do Mercosul é um dos motivos pelos quais alguns países buscam saídas individuais.

“É como um time de futebol, onde os jogadores querem brilhar sozinhos porque sentem que o coletivo não funciona. A solução pode estar em modernizar as regras do bloco, criando um equilíbrio entre flexibilidade e integração. Permitir negociações bilaterais controladas, enquanto mantêm os benefícios de um mercado regional integrado, pode ser a chave para preservar a relevância do Mercosul sem comprometer os interesses nacionais”, analisa.

Galvão alerta que a saída da Argentina do Mercosul seria um duro golpe político e econômico, abrindo um precedente perigoso e podendo resultar na fragmentação do bloco.

“Além disso, uma Argentina fora do Mercosul fortaleceria a influência de potências como os EUA e a China na região. Os EUA ganhariam com um parceiro direto como a Argentina, enquanto a China poderia aproveitar a fragilidade do bloco para ampliar seus acordos com outros países da América do Sul. No fim das contas, o Mercosul estaria deixando um vácuo que as grandes potências disputariam rapidamente. Por mais que Milei esteja priorizando um acordo com os EUA, essa decisão não é só técnica; é política”, afirmou Galvão ao Sputnik Brasil.

Divisão da América do Sul em dois blocos de influência

Caso a liberação para negociações bilaterais no Mercosul avance, a América do Sul pode acabar dividida em dois blocos de influência: de um lado, países como a Argentina, buscando acordos com os EUA; de outro, nações como o Uruguai e até o Brasil aprofundando relações com a China.

“Essa disputa colocaria o Brasil, maior economia da região, em uma posição delicada, forçando-o a mediar interesses divergentes entre potências globais e os objetivos do próprio Mercosul”, conclui Galvão, em análise para o Sputnik Brasil.

A decisão argentina ainda está em discussão, mas o impacto dessa possível ruptura pode redefinir os rumos da política e da economia na América do Sul, tornando o Brasil peça-chave em um xadrez geopolítico de grandes proporções.

Diante desse cenário de incertezas e disputas globais, será que o Brasil conseguirá equilibrar suas relações entre EUA e China sem comprometer o futuro do Mercosul?

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Marcos
Marcos
29/01/2025 12:33

Vou embora pra Argentina o presidente dos **** no Brasil está acabando com o país.

Última edição em 21 horas atrás por Marcos
alberto ruiz
alberto ruiz
29/01/2025 15:00

o milei esta certo. Ficar amarrado a um pseudo protecionismo do mercosul so atrapalha. Tem que ter liberdade pra negociar. A argentina em pouco tempo se tornara um pais desenvolvido novamente com a austeridade dos gastos publicos e a politica fiscal implementada no pais. O Brasil ao contrario caminha na contra mao.

Willamarck Wall Silva Castro
Willamarck Wall Silva Castro
29/01/2025 15:15

A Argentina deve ser alistada com a OTAN
Ela se alinha mais com eles.

Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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