Presidente argentino planeja ampliar carga horária enquanto México, Costa Rica e Chile continuam no topo do ranking da OCDE de países que mais trabalham
Uma proposta de impacto global está em discussão na Argentina e promete transformar a dinâmica laboral na América Latina.
Em outubro de 2025, o presidente Javier Milei confirmou a intenção de reformar profundamente as leis trabalhistas, permitindo jornadas de até 12 horas diárias. O governo afirma que a medida busca aumentar a competitividade e estimular a formalização. Atualmente, cerca de 40% da força de trabalho argentina atua na informalidade, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC).
A proposta, entretanto, desperta atenção internacional. Dados recentes da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que a América Latina já concentra alguns dos países com as maiores cargas horárias do mundo.
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Os países com as maiores cargas horárias do planeta
De acordo com o relatório da OCDE de 2023, o México lidera o ranking global, com 2.206 horas anuais trabalhadas por pessoa. O número equivale a 276 dias de oito horas. O país permite jornadas de até 48 horas semanais, com um dia de descanso, embora muitos ultrapassem esse limite para complementar a renda.
Em seguida vem a Costa Rica, com 2.171 horas anuais, e o Chile, com 1.953 horas. Desde 2018, o Congresso costarriquenho debate a adoção do modelo 4×3, que prevê quatro dias de trabalho e três de descanso. Já o Chile iniciou, em abril de 2024, a aplicação gradual da Lei das 40 Horas, que reduzirá a jornada semanal de 45 para 40 horas até 2028, sem cortes salariais.
A diferença entre o país que mais trabalha e o que menos trabalha chega a 864 horas por ano. Isso equivale a 108 dias de jornada completa, segundo a OCDE, e revela contrastes sociais e econômicos profundos entre as nações.
Outros países com jornadas extensas
Na Grécia, a média anual alcança 1.897 horas, resultado de uma lei aprovada em 2023 que autoriza semanas de seis dias e 48 horas semanais em setores específicos. Em Israel, a média é de 1.880 horas, enquanto a Coreia do Sul mantém 1.872 horas anuais, mesmo após protestos contra a flexibilização que permite jornadas de até 21 horas por dia, desde que o limite semanal não ultrapasse 52 horas.
Nos Estados Unidos, a ausência de uma lei federal que limite a jornada resulta em 1.832 horas anuais. A rotina é marcada por altos índices de estresse e doenças relacionadas à fadiga. Já a Turquia, com 1.811 horas, completa o grupo das dez nações mais trabalhadoras da OCDE.
Brasil fica abaixo da média global
O Brasil não foi incluído no relatório 2023, mas a Organização Internacional do Trabalho (OIT) informou, em 2024, que 11% dos trabalhadores brasileiros ultrapassam 48 horas semanais, abaixo da média global de 17,7%. A média nacional é de 39 horas semanais, acima da dos Estados Unidos e do Reino Unido, porém abaixo da de Índia e México.
Mesmo assim, o país enfrenta baixo rendimento e alta informalidade. Segundo a OCDE, em 2015, 6% dos brasileiros trabalhavam mais de 50 horas por semana, e o tempo livre semanal médio era de 14,6 horas. Isso evidencia um desequilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Impactos e questionamentos sobre o modelo argentino
Com a reforma, Milei pretende redefinir a estrutura do mercado de trabalho argentino. Especialistas, contudo, alertam que a ampliação da jornada pode intensificar problemas de produtividade, saúde e bem-estar. Enquanto várias nações reduzem o tempo de trabalho sem perda salarial, a Argentina segue em direção oposta, apostando em mais horas como solução para o crescimento econômico.
Diante disso, surge uma questão inevitável: trabalhar mais significa realmente produzir mais — ou apenas viver menos?



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