Tecnologia desenvolvida na Universidade de Cambridge usa material sólido e pode reduzir em até 75% as emissões de aparelhos de ar-condicionado, com foco inicial no uso comercial.
A busca por soluções sustentáveis no setor do ar-condicionado ganhou um novo capítulo no Reino Unido. Cientistas da Universidade de Cambridge estão testando um tipo inusitado de “refrigerante sólido” que pode substituir os gases nocivos usados nos aparelhos de ar condicionado.
A tecnologia é desenvolvida pela Barocal, uma spin-off da universidade focada em sistemas de refrigeração com zero carbono.
Refrigeração sem gases nocivos
A maioria dos aparelhos de ar condicionado do mundo ainda depende de fluidos refrigerantes que contribuem para o aquecimento global.
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São mais de 2 bilhões de unidades em operação hoje.
A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê que esse número deve passar de 5,5 bilhões até 2050, o que representa uma ameaça crescente ao meio ambiente.
Para enfrentar esse cenário, a Barocal desenvolveu um novo tipo de material barocalórico.
Trata-se de um sólido macio e ceroso, que realiza o resfriamento sem necessidade de gases.
Por não vazar, o material já representa uma vantagem ambiental. Além disso, é considerado atóxico, acessível e eficiente.
Como funciona o efeito barocalórico
O princípio da tecnologia está no chamado efeito barocalórico. A substância sólida, formada por moléculas que giram constantemente, responde à pressão.
Quando essa pressão é aplicada, os movimentos moleculares cessam e o calor é liberado. Ao retirar a pressão, o material volta a esfriar rapidamente o ambiente.
É um processo físico silencioso, sem cheiro, sem fluido e com grandes vantagens energéticas.
O professor Xavier Moya, da Universidade de Cambridge, lidera a pesquisa.
Segundo a instituição Cambridge Enterprise, esse tipo de tecnologia pode ser até três vezes mais eficiente que os sistemas atuais. Por ser sólida, a substância também é mais fácil de reciclar.
Protótipo em desenvolvimento
A inovação da Barocal está em fase de testes e já conta com investidores importantes.
Entre eles, o Conselho Europeu de Inovação e a Breakthrough Energy, fundo apoiado por Bill Gates. O primeiro protótipo tem o tamanho de uma mala e é capaz de resfriar uma pequena geladeira.
O sistema utiliza pressão hidráulica para ativar o refrigerante sólido em cilindros. Ele é composto por bomba, câmara pressurizada e trocadores de calor. Apesar de ainda estar em estágio experimental, o potencial é grande.
Uso comercial será prioridade
A empresa pretende lançar os primeiros produtos no mercado nos próximos três anos. Inicialmente, o foco será em aplicações comerciais, como escolas, centros de dados, armazéns e shopping centers.
A ideia é ganhar escala para, futuramente, disputar o mercado residencial.
Além do resfriamento, a tecnologia também pode ser adaptada para aquecimento, o que amplia ainda mais seu campo de atuação.
Se atingir o desempenho previsto, a nova tecnologia poderá reduzir as emissões relacionadas ao ar-condicionado em até 75%.
Isso representa uma mudança significativa, considerando o aumento da demanda por refrigeração em um planeta cada vez mais quente.
A Barocal transformou uma pesquisa acadêmica em um projeto com ambições globais. Com o apoio de investidores e o avanço no desenvolvimento, a empresa pretende ser uma das protagonistas na próxima geração de soluções climáticas.