Uma tecnologia criada pela Blue Frontier em parceria com o NREL começa a mudar a forma como prédios comerciais usam ar-condicionado. Com resultados práticos já registrados nos Estados Unidos, o sistema promete cortar custos, aliviar a rede elétrica e transformar o futuro da refrigeração em ambientes de grande consumo
A empresa americana Blue Frontier, em parceria com o Laboratório Nacional de Energia Renovável (NREL), apresentou uma tecnologia capaz de transformar o funcionamento do ar-condicionado em edifícios comerciais.
O sistema ESEAC (Armazenamento de Energia e Ar Condicionado Eficiente) consegue reduzir em até 93% a demanda máxima de energia durante os horários de pico.
Além disso, diminui as contas de eletricidade para refrigeração em até 45% ao ano, oferecendo uma economia considerável.
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A diferença está em sua abordagem. Enquanto sistemas tradicionais consomem grandes quantidades de energia para resfriar e controlar a umidade, o ESEAC separa essas funções, tornando-se mais eficiente.
Essa inovação permite que a refrigeração seja feita de forma inteligente e com menor pressão sobre a rede elétrica.
Uma solução integrada e inovadora
O ESEAC combina três processos em um sistema único: resfriamento, desumidificação e armazenamento de energia.
Essa integração garante um desempenho superior em comparação aos equipamentos convencionais.
O segredo está em seu dessecante líquido à base de sal, capaz de retirar a umidade do ar sem exigir compressores.
O sistema também utiliza um resfriamento evaporativo indireto ultraeficiente. Esse método reduz a necessidade de super-resfriamento, comum nos aparelhos atuais, e contribui para diminuir o consumo de energia.
Portanto, a tecnologia representa uma mudança estrutural na forma como os edifícios interagem com a rede elétrica.
O ciclo de funcionamento
O ESEAC opera em três etapas principais, chamadas de carregamento, armazenamento e descarga.
Durante o carregamento, a solução dessecante é separada com uso de energia elétrica, preferencialmente em horários de menor custo.
Depois, os líquidos resultantes ficam armazenados para uso futuro, eliminando a dependência imediata da eletricidade. Por fim, na etapa de descarga, o sistema resfria e desumidifica o ar usando apenas os líquidos armazenados.
Esse funcionamento faz do ar-condicionado uma espécie de bateria térmica distribuída.
Com isso, o equipamento não apenas refrigera os ambientes, mas também atua como suporte ao equilíbrio energético dos edifícios.
Alívio para a rede elétrica
Outra vantagem marcante é a capacidade do sistema de aliviar a pressão sobre a rede elétrica.
Porque ele consome energia em momentos de menor demanda ou quando há abundância de energia renovável, o ESEAC ajuda a reduzir a necessidade de acionamento de usinas térmicas emergenciais.
O uso de água e salmoura como meio de armazenamento térmico torna a solução até 10 vezes mais barata do que baterias elétricas convencionais.
Essa característica amplia as possibilidades de adoção em larga escala, inclusive em regiões com restrições econômicas.
Casos de instalação já em operação
Ao contrário de tecnologias que permanecem apenas em protótipos, o ESEAC já está em funcionamento em diferentes locais dos Estados Unidos. Entre os exemplos estão:
- Bases militares, como Fort Benning, na Geórgia, e Westover Air Reserve Base, em Massachusetts.
- Um cinema IMAX, localizado na Flórida.
- Um restaurante na Geórgia e um supermercado na Califórnia.
- Instituições de ensino, como a Barry University e o Valencia College.
- O Jackson Memorial Hospital, um dos maiores da Flórida.
Os resultados apresentados até agora confirmam a correspondência entre os modelos preditivos e o desempenho real. Portanto, tanto as economias de energia quanto os ganhos financeiros estão se concretizando.
Potencial climático e social
Os impactos do ESEAC vão além da eficiência energética. A tecnologia ajuda a reduzir a dependência de combustíveis fósseis em momentos de alta demanda.
Além disso, melhora a resiliência em locais críticos, como hospitais e escolas, que podem manter o conforto térmico mesmo diante de falhas no fornecimento elétrico.
Outro ponto importante é a possibilidade de integração com fontes renováveis. O sistema consegue absorver excedentes de energia solar durante o dia e utilizá-los quando a demanda é maior.
Dessa forma, contribui para acelerar a transição energética e reduzir custos de expansão da infraestrutura elétrica.
Um futuro mais sustentável
Com incentivos adequados e legislações favoráveis, como padrões mais rígidos de construção, a adoção dessa tecnologia pode crescer rapidamente.
Ela oferece não apenas uma solução eficiente para a refrigeração de ambientes, mas também um aliado na luta contra a crise climática.
A promessa é que o ESEAC se torne uma ferramenta acessível em diferentes regiões, inclusive nas em desenvolvimento.
Nessas áreas, o custo elevado das baterias e dos aparelhos tradicionais limita a adoção de soluções de climatização. O sistema criado pela Blue Frontier surge, portanto, como uma alternativa prática e viável.
A tecnologia da Blue Frontier já se mostra madura e pronta para ganhar espaço em escala maior.
Ao unir refrigeração eficiente, economia de energia e suporte à rede elétrica, o ESEAC representa um avanço que pode transformar a forma como as cidades lidam com conforto térmico e consumo energético.
Se aplicado em larga escala, esse modelo pode se tornar peça central na construção de um futuro mais limpo, resiliente e acessível.