Analistas sugerem troca de CEO diante de desafios com IA e queda nas vendas
A Apple, uma das maiores potências da tecnologia mundial, enfrenta um ponto de inflexão em 2025.
A gigante do Vale do Silício é pressionada por analistas e investidores.
Eles questionam sua capacidade de liderar a próxima era tecnológica, especialmente no campo da inteligência artificial (IA).
A permanência de Tim Cook à frente da companhia se torna o centro desse debate.
Ele lidera a empresa há 14 anos, com uma trajetória marcada por conquistas e obstáculos.
Vozes críticas ganham força após alerta de analistas
Na última semana, os analistas Walter Piecyk e Joe Galone, da LightShed Partners, causaram agitação no setor.
Eles sugeriram publicamente a substituição de Tim Cook.
Segundo eles, apesar dos resultados expressivos durante sua gestão, a Apple precisa agora de um perfil diferente na liderança.
O novo perfil deve ser mais orientado para produtos do que para logística.
Em 9 de julho, os especialistas publicaram que a empresa “precisa de um CEO focado em produtos, não em logística”.
Essa afirmação ganhou repercussão diante da estagnação das vendas de iPhones.
O iPhone ainda é o principal gerador de receita da empresa.
Outras vozes do mercado começaram a ecoar a mesma preocupação.
Ted Mortonson, estrategista da Baird, afirmou que “eles precisam de um visionário em tecnologia”.
A crítica principal gira em torno da aparente lentidão da Apple no desenvolvimento de recursos baseados em IA.
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A atualização da assistente Siri foi adiada em março.
Ainda em junho, na Worldwide Developers Conference, Craig Federighi reconheceu o atraso.
Ele afirmou que a Siri ainda precisa de “mais tempo para atingir nosso nível de alta qualidade”.
Inteligência artificial se torna desafio central
A pressão sobre a Apple cresceu ao longo de 2025.
As vendas globais de smartphones diminuíram.
A empresa também sofre impactos de fatores externos.
Entre eles, estão as ameaças tarifárias de Donald Trump e regulações da União Europeia.
Porém, o maior desafio está na corrida pela liderança em IA.
Embora a Apple tenha lançado o Apple Intelligence em 2024, os avanços são vistos como atrasados.
A suíte trouxe recursos como transcrição de chamadas e resumos de notificações.
No entanto, especialistas apontam que essas inovações apenas aproximam a empresa dos concorrentes.
Até o momento, a Apple não conseguiu apresentar um diferencial significativo.
Isso levanta dúvidas sobre sua capacidade de manter a vanguarda tecnológica.
Ben Bajarin, CEO da Creative Strategies, destacou que a Apple “não parece ter muito o que mostrar por seus esforços de IA”.
A empresa realizou mudanças internas.
Entre elas, estão a substituição do diretor financeiro Luca Maestri e o anúncio da aposentadoria de Jeff Williams, diretor de operações.
No entanto, isso não tem sido suficiente para acalmar os críticos.
Produtos recentes geram dúvidas sobre inovação
Sob a liderança de Tim Cook, a Apple lançou produtos como o Apple Watch, os AirPods e o fone de ouvido Vision Pro.
Apesar disso, o Vision Pro, lançado em 2024 por US$ 3.500, não obteve ampla adoção.
Ele é considerado um item de nicho.
Além disso, a empresa cancelou oficialmente o Projeto Titan.
Esse projeto pretendia desenvolver um carro elétrico.
Esses fatos reforçam a percepção de que a Apple, sob Cook, alcançou estabilidade, mas não inovação disruptiva.
Thomas Martin, da Globalt, afirmou que “Cook fez um excelente trabalho, mas o ambiente mudou”.
Ele acrescenta que “IA é software, e a Apple é tradicionalmente quase exclusivamente hardware”.
Isso revela um desalinhamento atual da companhia frente ao novo cenário tecnológico.
Continuidade de Cook divide opiniões no mercado
Apesar das críticas, Tim Cook continua amplamente respeitado por sua capacidade de gestão.
Desde que assumiu o comando da Apple, em agosto de 2011, a capitalização de mercado subiu de US$ 342 bilhões para US$ 3 trilhões.
A International Data Corporation informou que a Apple lidera o mercado global de tecnologia vestível.
Ela detém quase 25% de participação no quarto trimestre de 2024.
Mesmo os analistas da LightShed reconheceram suas conquistas.
Eles afirmaram que “sem dúvida, fez um ótimo trabalho”.
Por isso, muitos acreditam que sua saída não seria o caminho ideal.
O analista Angelo Zino, da CFRA Research, considera que “livrar-se de Tim Cook pode não ser a resposta”.
Ele sugere que a empresa explore aquisições estratégicas, como a startup Perplexity.
Outras opções seriam intensificar a parceria com a OpenAI ou investir fortemente em talentos de IA.
Especialistas como William Klepper, da Columbia Business School, apontam que ciclos de 10 anos exigem mudanças de liderança.
Essas mudanças impulsionam uma nova onda de inovação.
No entanto, segundo Sandra Sucher, da Harvard Business School, Cook não se enquadra nos critérios típicos que justificariam sua substituição.
Esses critérios incluem escândalos, crises ou perda de confiança.
Ainda assim, cresce a percepção de que a Apple está diante de uma escolha difícil.
A empresa precisa demonstrar com agilidade que ainda é capaz de ditar tendências.
Principalmente no campo da IA.
Caso contrário, poderá seguir o mesmo caminho da Intel.
A empresa perdeu relevância por não acompanhar a transformação digital com a mesma velocidade que suas rivais.