Sem o insumo, as termelétricas do nordeste estariam com capacidade de produção de energia prejudicada desde o primeiro semestre de 2021. Desde o mês de março, a Petrobras redirecionou uma embarcação que utilizava o Píer 2 do porto de Pecém como terminal de Regaseificação de GNL para operar uma rota até o estado da Bahia.
O navio ficou responsável pelo abastecimento do Terminal de Regaseificação da Bahia (TRBA), em Salvador. De acordo com a Petrobras, a disponibilidade de dois navios da frota ficou atrelada ao processo de arrendamento do terminal baiano. Entretanto, segundo a empresa, a operação no terminal de Pecém, no Ceará, deverá se reestabelecer brevemente após a conclusão do processo.
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Em nota, a Petrobras afirmou que, conforme previsto no processo, é esperada a alocação de um novo navio pela empresa arrendatária, e a estatal poderá deslocar o navio de GNL do TRBA de volta ao terminal de Pecém.
Termelétricas do Ceará são prejudicadas em meio à crise energética
Apesar da confirmação da Petrobras de que os estoques de GNL deverão ser restabelecidos no estado, a interrupção em meio à crise energética não foi vista com bons olhos pelo consultor de energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e também presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis do Ceará, Jurandir Picanço.
Picanço comentou que a situação é absurda, já que a energia elétrica que seria produzida pela Central Geradora Termelétrica Fortaleza S.A. já havia sido contratada pela Enel Distribuição Ceará.
Desde 2009, a Petrobras é a principal responsável pelo abastecimento de GNL com esse navio, que atende à demanda das termelétricas do Estado. Em março, quando estava se iniciando a crise energética, a Petrobras removeu o navio e não retornou.
Consumidores ainda não são impactados com a ausência do gás
A expectativa é que a interrupção não atinja, por enquanto, o bolso dos consumidores. A Enel Distribuição Ceará afirmou, através de uma nota, que o contrato de fornecimento de energia com a CGTF está sendo cumprido, sem nenhuma taxa adicional aos consumidores.
Para Picanço, a decisão da estatal é controversa, por não ser favorável em meio à crise energética que o país atravessa. Devido a energia produzida pela térmica já estar contratada pela Enel, e pela qualidade do equipamento, a produção não deverá ter maiores impactos nos preços da bandeira vermelha, estabelecida pela Aneel devido aos baixos níveis dos reservatórios.
Picanço afirma que para os consumidores nada mudará, mas na crise energética há muito impacto, pois o estado poderia estar produzindo essa energia a partir das termelétricas. “O Sistema está comprando energia de todo tipo de térmica e é por isso que estamos em bandeira vermelha”.