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Localização BA, MG Tempo de leitura 5 min de leitura

Após encerrar produção e sair do Brasil, Ford volta atrás e investe no país para cumprir plano ambicioso: grafeno, o ‘pó mágico’ abundante no Brasil, permitirá a montadora dominar o mercado global, revolucionar a indústria automotiva e a produção de baterias no mundo

Escrito por Flavia Marinho
Publicado em 10/09/2023 às 10:58
Ford - grafeno - grafite - Após encerrar produção e sair do Brasil, Ford volta atrás e investe no país para cumprir plano ambicioso; grafeno, o 'pó mágico' abundante no Brasil permitirá a montadora dominar o mercado global, revolucionar a indústria automotiva e a produção de baterias no mundo
Ford já aplicou grafeno em mais de 5 milhões de veículos no mundo / Imagem CPG

Grafeno: Ford investe estrategicamente em fábrica no Brasil; país é o terceiro maior fornecedor mundial de grafite, detendo 27% das reservas mundiais, que totalizam 270 milhões de toneladas!

Após encerrar produção e sair do Brasil, Ford volta atrás e investe no país para cumprir seu plano ambicioso; grafeno o ‘pó mágico’ abundante no Brasil permitirá a montadora dominar o mercado global, revolucionar a indústria automotiva e a produção de baterias elétricas no mundo

No mundo da indústria automotiva, inovação é a chave para o sucesso. E, nos últimos anos, um material tem chamado a atenção da Ford e de outros fabricantes de automóveis: o grafeno. A gigante global americana está apostando nesse “pó mágico” para revolucionar a produção de carros elétricos e baterias elétricas. Confira como o grafeno, derivado do grafite, está se tornando um jogador essencial no setor automobilístico e por que a Ford está liderando essa revolução.

Confira o video abaixo e conheça melhor o plano ambicioso da montadora americana

Ford e sua jornada com o grafeno: um material milagroso que promete movimentar mais de US$ 1 trilhão nos próximos dez anos

O grafeno, derivado do grafite, é um material verdadeiramente surpreendente. Leve como uma pena, mas 200 vezes mais resistente que o aço, ele também possui alta condutibilidade térmica e elétrica. Um estudo liderado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) prevê que o mercado de grafeno movimentará mais de US$ 1 trilhão na próxima década. Esse material já encontrou seu lugar em produtos como celulares, revestimentos e até artigos esportivos. No entanto, é na indústria automotiva que o seu potencial é extraordinário.

No ano passado, a Ford estabeleceu um time de pesquisa dedicado ao grafeno no Brasil. Localizado no Centro de Desenvolvimento e Tecnologia do Brasil, em Camaçari (BA), esses pesquisadores colaboram com a UCSGRAPHENE, o primeiro hub de inovação em escala latino-americana voltado à produção de grafeno, vinculado à Universidade de Caxias do Sul (RS). Com o diretor de pesquisa e desenvolvimento, Alex Machado, liderando o caminho, a Ford está embarcando em uma jornada de descoberta para entender e aplicar o grafeno em seus produtos.

Alex Machado, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Ford, destaca a transformação em curso na indústria automobilística: “Até 5 anos atrás, um carro precisava ser confortável, resistente e bonito apenas. Hoje, lidamos com dados, softwares, eletrificação, redução de impactos ambientais.” É nesse cenário que o grafeno emerge como uma nova fronteira na inovação, especialmente quando se considera o impacto potencial nos carros elétricos do futuro.

Escolha inteligente: montadora americana aposta no solo brasileiro para seu plano ambicioso

No primeiro trimestre de 2023, a Ford registrou um lucro global de US$ 3,4 bilhões, superando as expectativas dos analistas. No entanto, o ano inteiro apresenta desafios, incluindo perdas contínuas na unidade de veículos elétricos. A montadora prevê lucros anuais entre US$ 9 bilhões e US$ 11 bilhões, incluindo um prejuízo esperado de US$ 3 bilhões na unidade de veículos elétricos Model.

A Ford Brasil baseia seu modelo de negócios na exportação de tecnologia e inteligência automotiva para mercados internacionais. Surpreendentemente, 85% dos projetos gerais desenvolvidos pelo time brasileiro de engenharia são destinados a outros mercados, com foco especial nos Estados Unidos. Em 2022, a empresa expandiu seu Centro de Desenvolvimento e Tecnologia em Camaçari, Bahia, e criou uma equipe de pesquisa focada em grafeno, que já está envolvida em mais de 10 projetos relacionados à aplicação desse material inovador na mobilidade. A montadora americana relata uma receita de aproximadamente R$ 500 milhões no ano passado com o centro.

A escolha da Ford de explorar o grafeno no Brasil faz todo o sentido pois o nosso país ocupa uma posição privilegiada. De acordo com o United States Geological Survey (USGS), o país é o segundo maior produtor de grafeno do mundo, atrás apenas da China. Além disso, estudos do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) indicam que o país é o terceiro maior fornecedor global de grafite, detendo 27% das reservas mundiais, que totalizam 270 milhões de toneladas. As maiores reservas estão localizadas em Minas Gerais, Bahia e Ceará.

A magia do grafeno: o pó mágico que já transformou mais de 5 milhões de veículos da Ford e promete revolucionar a indústria automotiva e o futuro das baterias dos carros elétricos da montadora

Dos 1.500 profissionais que atuam no Centro de Desenvolvimento e Tecnologia brasileiro, 20 estão imersos nos estudos com grafeno, aplicando a nanotecnologia para mudar o jogo. A capacidade do grafeno de alterar as características moleculares de outros materiais é fascinante. Imagine adicionar algumas gramas desse pó mágico a uma tonelada de aço. As moléculas do aço se tornam mais rígidas, permitindo a criação de peças mais leves e resistentes. Essa é a “mágica” do grafeno, como o descreveu Machado, diretor da Ford. A montadora já aplicou essa mágica em mais de 5 milhões de veículos no mundo, melhorando a resistência térmica e reduzindo ruídos em peças como suportes, coberturas do motor e muito mais.

Contudo, o verdadeiro objetivo da Ford é usar o grafeno para transformar as baterias dos carros elétricos. Atualmente, as baterias representam até 40% do peso total de um veículo elétrico. Se o grafeno puder tornar essas baterias mais leves, o impacto será monumental, potencialmente reduzindo o peso em até 20%. Essa mudança não apenas melhoraria a eficiência dos carros elétricos, mas também aumentaria sua autonomia, tornando-os mais atraentes para os consumidores e contribuindo para uma mobilidade mais sustentável.

Desafios no caminho da inovação

Você pode estar se perguntando por que o grafeno ainda não está sendo amplamente utilizado. A resposta é complexa. Primeiramente, os custos de produção do grafeno ainda são elevados. Os métodos atuais, como a deposição química de vapor e a trituração do grafeno em óxido de grafeno, são caros e poluentes. Segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), uma folha de grafeno de 12,9 cm² custa até US$ 275, aproximadamente R$ 1.350.

Outro desafio reside na integração do grafeno em processos de fabricação existentes. Alterar as propriedades moleculares dos materiais pode torná-los mais rígidos, o que pode complicar a fabricação. Portanto, há um longo caminho a percorrer antes que o grafeno se torne uma solução viável para várias aplicações.

Flavia Marinho

Flavia Marinho é Engenheira de Produção pós-graduada em Engenharia Elétrica e Automação, com vasta experiência na indústria de construção naval onshore e offshore. Nos últimos anos, tem se dedicado a escrever artigos para sites de notícias nas áreas da indústria, petróleo e gás, energia, construção naval, geopolítica, empregos e cursos, com mais de 7 mil artigos publicados. Sua expertise técnica e habilidade de comunicação a tornam uma referência respeitada em seu campo. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal.

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